O Manchester United encabeça pela décima vez a lista de
clubes com as maiores receitas no mundo, mantendo a liderança resgatada do
espanhol Real Madrid no ano passado e demonstrando a força do futebol inglês no
ranking que mostra onde está o dinheiro - e no qual o Brasil, mais uma vez, não
entrou.
Na 21ª edição do Football Money League (Liga do Dinheiro do
Futebol, em tradução livre), que analisa o desempenho financeiro dos clubes e
lançado anualmente pela consultoria Deloitte, o top 30 mundial tem 14 clubes
ingleses, cinco italianos, quatro alemães, três espanhóis, dois franceses, um
português e um russo. Ou seja, apenas equipes europeias.
O Brasil só figurou entre os top 30 uma vez, em 2014, quando
o Corinthians ficou em 24º, com receita de 113,3 milhões de euros.
Questionado sobre o que pesou contra os clubes brasileiros,
Timothy Bridge, consultor-sênior da Deloitte, diz que os direitos de
transmissão têm um peso crucial para o faturamento dos clubes e que é difícil
competir com a popularidade atual das grandes ligas europeias, que "têm o
melhor futebol e concentram os melhores jogadores do mundo".
"Temos visto o aumento da receita do futebol brasileiro
e de fato, quando a seleção brasileira joga, todo mundo quer assistir",
considera. Já quando os times brasileiros estão jogando, porém, o interesse não
se repete.
Posição
|
Clube
|
Receita, em milhões de euros
|
1
|
Manchester United
|
676,3
|
2
|
Real Madrid
|
674,6
|
3
|
Barcelona
|
648,3
|
4
|
Bayern de Munique
|
587,8
|
5
|
Manchester City
|
527,7
|
6
|
Arsenal
|
487,6
|
7
|
Paris Saint-Germain
|
486,2
|
8
|
Chelsea
|
428,0
|
9
|
Liverpool
|
424,2
|
10
|
Juventus
|
405,7
|
11
|
Tottenham Hotspur
|
355,6
|
12
|
Borussia Dortmund
|
332,6
|
13
|
Atlético de Madrid
|
272,5
|
14
|
Leicester City
|
271,1
|
15
|
Internazionale
|
262,1
|
16
|
Schalke 04
|
230,2
|
17
|
West Ham United
|
213,3
|
18
|
Southampton
|
212,1
|
19
|
Nápoli
|
200,7
|
20
|
Everton
|
199,2
|
21
|
Lyon
|
198,3
|
22
|
Milan
|
191,7
|
23
|
Zenit São Petersburgo
|
180,4
|
24
|
Roma
|
171,8
|
25
|
Borussia Mönchengladbach
|
169,3
|
26
|
Crystal Palace
|
164,0
|
27
|
West Bromwich Albion
|
160,5
|
28
|
Bournemouth
|
159,2
|
29
|
Stoke City
|
158,3
|
30
|
Benfica
|
157,6
|
No novo ranking, referente à última temporada de futebol, o
Flamengo chegou perto, mas não entrou. Teve receita de 141,2 milhões de euros -
contra os 157,6 milhões do português Benfica, o 30º clube na lista. Para
comparação, o líder Manchester United registrou 676,3 milhões de euros.
NO RANKING BRASILEIRO
Atrás do time carioca vieram o Palmeiras, com 118,7 milhões
de euros, e o Corinthians, agora com 97 milhões de euros.
INGRESSOS, PATROCÍNIO, PÚBLICO NA TELINHA
Bridge diz que, quando se considera o público internacional
que assiste a futebol, atualmente o produto "que as pessoas mais querem
ver" é a Premier League, a liga inglesa. Dos 20 primeiros colocados no
ranking, dez são dela, um recorde.
"O fato de ter se tornado tão popular no mundo todo faz
com que canais do mundo todo se disponham a pagar grandes somas para transmitir
suas partidas. E essa popularidade colocou os times britânicos na Liga do
Dinheiro (o ranking da Deloitte)", diz o consultor.
"Isso cria um desafio para os clubes não apenas
brasileiros, como do mundo todo, trabalharem para melhorar sua marca e sua
imagem internacionais", considera. "Por enquanto, o valor dos
direitos de transmissão em outros países ainda não é o suficiente para
impulsioná-los para o ranking."
Entre outros itens, o ranking leva em conta;
■A renda gerada com patrocínio, venda de ingressos, direitos
de transmissão e negociações do passe de jogadores.
■Os títulos e resultados obtidos pelos clubes afetam esses
ganhos e ajudam a definir os "vencedores".
Segundo o relatório, a disputa pelo primeiro lugar foi a
mais acirrada do histórico da série da Deloitte, com o Manchester United
ficando na frente do Real Madrid por uma diferença de "apenas" 1,7
milhão de euros (676,3 milhões contra 674,6 milhões de euros).
O que garantiu a dianteira, segundo a Deloitte, foi a
vitória do Manchester United na Liga Europa da Uefa, em Estocolmo -
argumentando que a segunda principal competição de clubes do futebol europeu
mostrou o seu valor.
CONCENTRAÇÃO FINANCEIRA E GEOGRÁFICA
A concentração de receitas nos clubes no topo do ranking é
expressiva: os três primeiros colocados (o Barcelona ficou em terceiro) têm,
juntos, faturamento de 2 bilhões de euros. O valor equivale à soma dos 11 times
que ocupam do 20º ao 30º lugar do ranking.
A tendência é que os valores continuem a subir, cada ano
suplantando os recordes dos anos anteriores. O mínimo para entrar no clube dos
30, nesta edição, foi de 157 milhões de euros - há apenas três temporadas, o
mesmo valor teria assegurado um lugar entre os primeiros 20 colocados. Fonte:
BBC Brasil no Rio de Janeiro-24 janeiro 2018