França, Alemanha e Espanha se dispõem a receber 69 mil; em iniciativa à parte, Reino Unido abrigará 20 mil. A proposta é modesta diante de 300 mil que já chegaram à Europa
Diante do agravamento da crise, as potências europeias intensificam o plano para realocar mais 120 mil refugiados que estão no continente em busca de asilo.
O presidente francês, François Hollande, antecipou nesta segunda (7) que seu país deve receber 24 mil pelos próximos dois anos.
O plano pode ser anunciado oficialmente nesta quarta (9) pelo presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker. Os líderes se reúnem na segunda (14) para selá-lo.
O gasto seria de € 1 bilhão (R$ 4,29 bilhões) envolvendo ao menos 22 países do bloco.
A divisão levaria em conta a situação econômica de cada país e a quantidade de asilos oferecidos até hoje.
Depois de abrir a fronteira no fim de semana para 14.000 que estavam na Hungria, a chanceler alemã, Angela Merkel, fez um apelo para que os demais membros do grupo aceitem a realocação –países como Polônia e Eslováquia já sinalizam resistência.
O governo do Reino Unido, que não entra nesta conta porque não faz parte do espaço Schengen (grupo de 26 países que dispensa passaportes de cidadãos em trânsito), anunciou nesta segunda (7) que pretende receber 20 mil refugiados, de maioria síria, pelos próximos quatro anos.
O premiê, David Cameron, deu mais detalhes no Parlamento depois de ter divulgado semana passada a intenção de abrir as fronteiras.
A princípio, essas pessoas não receberiam asilo imediato, mas fariam parte de um programa de proteção para receber visto por cinco anos, podendo receber benefícios no período. Após o prazo, podem requisitar permanência definitiva. A ideia é que apenas refugiados de campos da ONU sejam aceitos, e não os que circulam pela Europa.
A crise se agravou nas últimas semanas, sobretudo na Hungria, um dos primeiros países da UE na rota dos refugiados. A ONU aponta que pelo menos 340 mil pessoas cruzaram o mar Mediterrâneo em direção à Europa em 2015, o que mostra como a proposta de abrigar 120 mil refugiados ainda é modesta ante a dimensão do problema.
Só o governo alemão estima receber 800 mil pedidos de asilo até o fim do ano. Por isso, prevê aumentar em € 6 bilhões (R$ 25,75 bilhões) as despesas com os asilados.
O premiê conservador húngaro, Viktor Orban, tem se mostrado contrário à concessão de abrigo de refugiados. Seu ministro de Defesa, Csaba Hende, renunciou nesta segunda (7) após atrasos na construção de uma cerca que tem como objetivo conter a entrada de refugiados.
Pelas regras da UE, o pedido de asilo deve ser feito no primeiro país em que o refugiado entrou, mas a maioria quer seguir viagem para nações mais ricas. Fonte: Folha de São Paulo - 8 de setembro de 2015
Comentário: No livro Choque de Civilizações de Samuel P. Huntington da década de 90, ele previa que a fonte fundamental de conflitos neste mundo novo não será principalmente ideológica ou econômica. As grandes divisões entre a humanidade e a fonte dominante de conflitos será cultural. Os Estados-Nações continuarão a ser os atores mais poderosos no cenário mundial, mas os principais conflitos da política global ocorrerão entre países e grupos de diferentes civilizações. O choque de civilizações dominará a política global.
O Ocidente com visão de uma democracia esquerdista multiculturalista, lembrando muito as “Cruzadas Religiosas” incentiva a luta da derrubada dos ditadores , esquecendo dos valores das regiões que predominam que é a religião, os valores tribais, etc. A cultura desse povos é a religião e não cultura de liberdade. A religião é o meio do estado, com um governo autoritário que irá garantir sua submissão. O que o Ocidente incentivou ou está incentivando é o fanatismo religioso. Os ideais do Ocidente em relação a democracia são totalmente diferentes dos ideais do povos árabes onde prevalece a supremacia islâmica.
Afinal quem está matando mais as ditaduras ou as guerras incentivadas pelo Ocidente?
1-A guerra na Síria deixou mais de 240 mil mortos, incluindo 12 mil crianças, de acordo com um novo balanço do Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH).
2- Quase meio milhão de pessoas morreram no Iraque desde a invasão dos EUA. O país encontra-se em uma situação de guerra crônica entre as facções religiosas
3-Cerca de cinquenta mil pessoas foram mortas na revolta popular na Líbia para derrubar Muamar Kadafi. A Libia como país não existe. Quem controla o país são as milícias de várias facções religiosas,
4-As Guerras no Paquistão e Afeganistão causaram 150 mil mortes desde 2001. Outros 162 mil ficaram feridos. O governo não controla totalmente o país. Desde 2009, o conflito armado no Afeganistão causou a morte de 17,7 mil civis e deixaram quase 30 mil feridos.
É fácil levantar a bandeira da democracia, mas hesita dividir a responsabilidade e a solidariedade.
A crise é a consequência de apoio de intervenções nesses países para mudança de regime, apoiadas pelos EUA e pela Europa em nome dessa nova democracia esquerdista, que levanta a bandeira dos direitos humanos, recebendo apoio de organizações ou ativistas e da mídia.