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terça-feira, 28 de janeiro de 2025

A dura pergunta sobre Auschwitz que permanece sem resposta após 80 anos

 O dia 27 de janeiro foi declarado Dia da Memória do Holocausto por uma resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas de 2005.

Mas a forma como nos lembramos do Holocausto evoluiu ao longo das décadas e, mesmo agora — 80 anos depois — a história da lembrança ainda está inacabada.

"Querido garoto", começa a curta nota manuscrita de 1942, "Fiquei encantado com sua mensagem de maio. Estou saudável. Espero poder ficar aqui e vê-lo novamente. Continuo esperançoso. Por favor, escreva. Saudações, seu pai."

A nota é um dos milhares de documentos mantidos pela Biblioteca do Holocausto de Wiener em Londres, um dos maiores arquivos do Holocausto do mundo.

O judeu que a escreveu se chamava Alfred Josephs e a estava enviando para seu filho adolescente Wolfgang, que havia escapado com sua mãe para a Inglaterra. Alfred havia sido preso e estava detido no campo de detenção de Westerbork, na Holanda.

Ele ainda conseguia, na época, passar mensagens curtas através da Cruz Vermelha.

O que Alfred não sabia era que Westerbork era um campo cujos internos seriam transportados para Auschwitz. Wolfgang nunca mais ouviria de seu pai.

A princípio, Auschwitz foi usado pelos alemães para abrigar prisioneiros de guerra poloneses.

Depois que a Alemanha nazista atacou a União Soviética, tornou-se um campo de trabalho, onde muitos internos trabalhavam até morrer.

Os nazistas chamavam isso de "aniquilação pelo trabalho".

Mas em 1942 Auschwitz se tornou aquilo que ficou em nossa memória coletiva para sempre: um campo de extermínio, cujo principal propósito era o assassinato em massa.

Uma reportagem filmada pelos aliados após a libertação da Europa mostra civis alemães sendo forçados a visitar os campos pelas tropas.

"Era apenas uma curta caminhada de qualquer cidade alemã até o campo de concentração mais próximo", diz a voz americana.

O filme mostra alemães relaxados e elegantemente vestidos rindo e conversando enquanto caminham.

Eles passam por cadáveres, pilhas de homens e mulheres — que podem até ter sido seus vizinhos, colegas, amigos no passado. A câmera que havia capturado seus sorrisos relaxados antes de entrarem nos campos agora registra seu horror.

O choque está estampado em seus rostos. Alguns choram. Outros balançam a cabeça, cobrem o rosto com lenços e desviam o olhar.

A Europa do pós-guerra olhou para esse horror e reconheceu a profundidade do sofrimento. Mas como a Europa do pós-guerra tratou os perpetradores?

Quando falamos de matança industrializada, não queremos dizer apenas a escala dela, por mais vasta que fosse.

Também queremos dizer a sofisticação de sua organização: a divisão do trabalho, a alocação de tarefas especializadas, a eficiente mobilização de recursos, o planejamento meticuloso que era necessário para manter as rodas da máquina de matar girando.

Essas mesmas reportagens mostram guardas nazistas bem alimentados — homens e mulheres agora sob custódia dos aliados.

Qual foi a natureza do colapso moral que transformou esse horror em uma normalidade para os nazistas que comandavam esses campos — uma normalidade na qual o assassinato em massa se tornou, para eles, apenas um dia de trabalho? Fonte: BBC News-27 janeiro 2025