domingo, 18 de junho de 2023

Um quarto da população mundial aceita homem bater em mulher

Pesquisa divulgada pela ONU mostra que metade da população mundial acredita que os homens são melhores líderes políticos do que as mulheres. Entre os brasileiros, quase 85% têm algum preconceito contra o sexo feminino.

O preconceito contra as mulheres continua profundamente enraizado em grande parte do mundo e praticamente não diminuiu na última década, mostra um estudo divulgado na segunda‑feira (12/06) pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

Quase nove em cada dez pessoas têm algum tipo de preconceito contra as mulheres e uma em cada quatro pessoas aceita o fato de um homem bater em uma mulher, de acordo com o relatório.

Metade da população mundial acredita que os homens são melhores líderes políticos do que as mulheres e 40% que são melhores líderes do setor empresarial. Apenas 27% acreditam que é essencial para a democracia que as mulheres tenham os mesmos direitos que os homens, 46% acham que os homens têm mais direito a um emprego e 28% consideram que a universidade é mais importante para homens do que para mulheres.

Mesmo em lugares onde os níveis de educação são mais elevados, as mulheres continuam ganhando, em média, 39% menos do que os homens.

Os dados compilados dizem respeito a 80 países, que representam 85% da população mundial, e foram coletados entre 2017 e 2022.

QUASE 85% DOS BRASILEIROS TÊM PRECONCEITO

Segundo o levantamento, 84,5% dos brasileiros têm pelo menos um tipo de preconceito contra as mulheres. Em média, mais de 75% dos entrevistados têm preconceitos em questões de violência e direito de decisão sobre ter filhos.

Por outro lado, pouco mais de 9% avaliam que o estudo universitário é importante apenas para os homens. Sobre a participação feminina na política, a pesquisa aponta que mais de 39% dos entrevistados acreditam que mulheres não desempenham este papel tão bem quanto os homens.

Além disso, 31% dos brasileiros acham que homens têm mais direito a vagas de trabalho ou são melhores em cargos executivos.

SINAIS DE ESTAGNAÇÃO

Em nível mundial, de acordo com o PNUD, o levantamento sugere que o progresso nos últimos anos foi baixo, apesar de movimentos importantes pelos direitos das mulheres, como o MeToo.

Em média, a parcela de mulheres como chefes de estado ou chefes de governo tem se mantido em torno de 10% desde 1995, e no mercado de trabalho as mulheres ocupam menos de um terço dos cargos gerenciais.

Se comparados com os dados recolhidos entre 2010 e 2014 em 38 países, verifica-se, em geral, uma estagnação.

Por exemplo, a porcentagem de pessoas com algum preconceito contra as mulheres melhorou ligeiramente, de 86,9% para os 84,6%.

Contudo, existem exceções: em alguns países, o número de pessoas que não tem qualquer preconceito em relação ao gênero aumentou significativamente.

É o caso da Alemanha, onde o número de inquiridos com pelo menos um preconceito caiu de 56% para 37% na última década, do Japão, onde caiu de 72% para 59%, e no Uruguai, onde baixou de 77% para 61%.

Em outros casos, porém, houve retrocessos: na Rússia o número de pessoas com ao menos um preconceito contra as mulheres subiu de 87% para 91%, na Coreia do Sul de 85% para 90% e no Chile de 74% para 80%.

EXEMPLOS POSITIVOS

Os autores do relatório afirmam que a permanência destes preconceitos explica o recente avanço dos movimentos contra a igualdade de gênero e, em alguns países, o aumento das violações dos direitos humanos.

O PNUD sublinhou ainda que, sem avanços nos direitos das mulheres, é impossível progredir em questões de desenvolvimento, numa altura em que muitos indicadores neste âmbito estão a cair.

"As normas sociais que afetam os direitos das mulheres são também prejudiciais para a sociedade em geral, travando a expansão do desenvolvimento humano", disse, em comunicado, o diretor do Gabinete do Relatório do Desenvolvimento Humano do PNUD, Pedro Conceição.

Para o PNUD, os governos têm um papel fundamental na mudança das normas sociais. Exemplo disso é a alteração na regulamentação da licença parental em muitos lugares, que ajudou a modificar a percepção que existe sobre as responsabilidades de cuidar da família. Outro exemplo foram reformas laborais, que alteraram as crenças sobre as mulheres e o trabalho.

"Um ponto importante para começar é reconhecer o valor econômico do trabalho de cuidado não remunerado. Isso pode ser uma forma muito eficaz de desafiar as normas de gênero em torno da forma como o trabalho de cuidado é visto. Em países com os maiores níveis de preconceito de gênero contra as mulheres, estima-se que as mulheres despendem acima de seis vezes mais tempo do que os homens em trabalho de cuidado não remunerado", afirma a diretora da Equipe de Gênero do PNUD global, Raquel Lagunas.  Fonte: Deutsche Welle – 13.06.2023 - há 21 horas

quinta-feira, 15 de junho de 2023

Especialista renomado repercute pesquisa sobre posição preferida por homens para urinar e aponta vantagens de fazer xixi sentado.

Embora urinar seja algo tão fundamental e cotidiano, aparentemente a grande maioria dos homens tem feito isso de maneira errada, ou pelo menos não da maneira ideal, segundo um renomado urologista.

Ao jornal britânico The Telegraph, Gerald Collins, cirurgião de urologia no Hospital Alexandra de Cheshire, na Inglaterra, afirmou que os homens devem se sentar para urinar.

No entanto, uma pesquisa com mais de 7 mil homens de 13 países mostrou que muitos não o fazem nunca.

DIFERENÇAS CULTURAIS

A pesquisa, realizada recentemente pelo instituto YouGov, revelou que a maioria dos homens no mundo opta por urinar em pé.

Segundo o levantamento, 33% dos britânicos afirmaram que jamais considerariam a possibilidade de fazer xixi sentados; outros 24% disseram que se sentam às vezes, e apenas 9% adotam sempre essa posição.

Homens de países como o México e a Polônia deixaram claro que não estariam dispostos a se sentar para urinar. No México, onde apenas 6% afirmaram que se sentam sempre para fazer xixi, 36% disseram que nunca adotariam essa posição. O Brasil não foi incluído na pesquisa.

A pesquisa revelou outras diferenças culturais interessantes. Na Alemanha, quase 40% dos homens se sentam sempre para urinar. Já nos Estados Unidos são apenas 10%. No país europeu, houve uma mudança cultural nas últimas décadas e, hoje, por questões de higiene, há placas em muitos banheiros públicos da Alemanha que pedem aos homens para não urinar de pé.

Segundo Collins, entre os países da pesquisa, os alemães são os que estão adotando a posição mais correta. Um estudo recente da Universidade de Leiden, na Holanda, concluiu que urinar sentando pode ser benefício por facilitar o esvaziamento mais rápido e completo da bexiga.

"Sentar é provavelmente a forma mais eficaz para isso", afirmou o urologista, explicando que os músculos da pélvis e da coluna ficam completamente relaxados nesta posição, facilitando o processo de urinar.

BENEFÍCIO PARA OS MAIS VELHOS

O urologista pontuou ainda na entrevista que fazer xixi sentado pode ser mais benefício para os homens à medida que envelhecem, devido a um distúrbio conhecido como hiperplasia prostática benigna (HPB), que afeta a grande maioria dos homens com o tempo.

A HPB ocorre quando há um aumento da próstata e do tecido circundante que comprime a uretra – o tubo que desce da bexiga, atravessa a próstata e chega até o pênis. Essa obstrução dificulta a passagem de urina. Homens com esse distúrbio podem apresentar quadros de pedra na bexiga, infecções no trato urinário e até renais, se não houver o esvaziamento completo da bexiga.

"A HPB é causada por uma alteração do ambiente hormonal da próstata, especialmente a partir dos 40 anos. Há um aumento de um determinado produto da decomposição de testosterona que faz com que a próstata aumente seu desenvolvimento celular e de tamanho. Como consequência, os homens começam a perceber que conseguem urinar muito melhor sentados", explica Collins. Fonte: Deutsche Welle - 01/06/2023

quinta-feira, 8 de junho de 2023

As 10 maiores redes de metrô do mundo

1. Metrô de Xangai - China

O Metrô de Xangai, inaugurado em 1993, é o maior metrô do mundo com 508 estações, extensão total de 831 km. Com mais de 3,7 bilhões de passageiros por ano, é o metrô mais movimentado do mundo depois do metrô de Pequim. Igualou ao  metrô de Pequim, com mais de 10 milhões de passageiros por dia e 13 milhões de recordes de desempenho.

2. Metrô de Pequim - China

O Metrô de Pequim, inaugurado em 1º de outubro de 1969, tem um total de 394 estações de metrô, incluindo 60 estações de transferência. O comprimento total da rota é de 678,2 km, mas é considerado 669,4 km sem a linha Xijiao. Portanto, o Metrô de Pequim é o segundo sistema de metrô mais longo do mundo. Seu número de passageiros diários é de mais de 10 milhões, mas em 12 de julho de 2019 eram mais de 13 milhões e, assim, bateu recorde. Ele ficou em primeiro lugar na lista dos metrôs  mais movimentados do mundo, com mais de 3,8 bilhões de passageiros anualmente.

3. Metrô de Londres - Reino Unido

O metrô de Londres é o mais antigo do mundo, começou a operar na década de 1890. Curiosamente, embora seja chamado de subterrâneo, apenas 45% do sistema de metrô é subterrâneo. É classificado como o quarto mais extenso do mundo, com 402 km. O número de passageiros diários é superior a 5 milhões e o anual é superior a 1 bilhão, conforme as estatísticas.

4. Metrô de Guangzhou - China

O metrô, inaugurado em 1997, foi classificado como o terceiro sistema de metrô mais extenso, com 607 km. O número de passageiros diários é de cerca de 8 milhões.  Atingiu seu pico de 10,62 milhões de passageiros em 6 de junho de 2019. No geral, foi anunciado como o terceiro sistema de metrô com número de passageiros de mais de 3 bilhões em 2018.

5. Metrô de Nova York - Estados Unidos

O New York City Subway foi inaugurado em 1904 e é considerado o oitavo metrô mais antigo. Com extensão de 399 km, é o quinto maior sistema de metrô do mundo, o nono metrô mais movimentado do mundo, com  

1,6 milhão de passageiros por ano.É o sistema de metrô mais extenso do mundo, com 424 estações. Há 472 estações se as estações de transferência forem incluídas. Sendo 470 dessas estações funcionam 24 horas por dia durante todo o ano. Está prevista a entrada em funcionamento de mais 14 novas estações.

6. Metrô de Delhi – Índia

O metrô de Delhi na Índia, inaugurado em 2002, com extensão total de 389 km e é o oitavo sistema de metrô mais longo do mundo. Há 285 estações no total, incluindo estações de transferência contadas com mais de onze. O número de passageiros por ano é superior a 900 milhões, de acordo com as estatísticas de 2018. As Nações Unidas aprovaram o metrô em 2011 como o primeiro sistema de metrô a reduzir as emissões de gases de efeito estufa na cidade, reduzindo as emissões de carbono.

7. Metrô de Moscou – Rússia

Outro maior sistema de metrô do mundo é o metrô de Moscou com 236 estações. Com  extensão total de 397,3 km, mas se o monotrilho de Moscou e o círculo central de Moscou forem incluídos, terá 456 km de extensão. De acordo com as estatísticas de 2018, o número de passageiros do metrô de Moscou, inaugurado em 1935, foi superior a  2 bilhões durante um ano; assim, ficou em sexto lugar no mundo.

8. Metrô de Wuhan – China

Inaugurado em 2004, o metrô de Wuhan é o oitavo maior sistema de metrô do mundo. A a extensão de metrô de tem 339 km, com total de 228 estações. É operado tanto no subsolo quanto como um serviço expresso elevado

9. Metrô de Seul - Coreia do Sul

O metrô de Seul, inaugurado em 1974, consiste em 315 estações. Com extensão total de 340,4 km. É conhecido como um dos metrôs mais movimentados do mundo, com mais de 1,9 bilhão de passageiros por ano.  Há um plano para novas estações e linhas de metrô que serão inauguradas até 2024.

10. Metrô de Madri - Espanha

O sistema de metrô de Madri, que comemorou seu 100º aniversário em 17 de outubro de 2019, foi classificado como o décimo maior metrô, com 302 estações. A extensão total é de 293 km. É o sistema de metrô menos usado, com mais de 600 milhões de passageiros por ano em 2018. O sistema de metrô de Madri tem maior número de escadas rolantes do mundo. Tem um total de 1.705 escadas rolantes e 529 elevadores.

Fonte: BS Report 28 December, 2022

Comentário:

O Metrô de São Paulo entrou em operação em 1974.

Operadora(s): Metrô (Linhas 1, 2, 3 e 15); Grupo CCR (ViaQuatro-Linha 4 e; ViaMobilidade-Linha 5); Acciona (LinhaUni-Linha 6)

Local: São Paulo, SP; Brasil

Número de estações: 91

Extensão do sistema: 104,4 km (14,6 km em monotrilho)

Início de funcionamento: 14 de setembro de 1974 (48 anos)

Número de linhas: 6 (total)

Número de passageiros transportados- 5,3 milhões de passageiros por dia

Fonte: Wikipédia

domingo, 4 de junho de 2023

Semana de quatro dias é o futuro do mundo do trabalho?

 Trabalhar menos, mais tempo livre: para muitos empregados, a jornada semanal de quatro dias é um sonho. Alguns países já realizaram projetos-pilotos, outros ainda estão céticos. Quais são as vantagens e desvantagens?

Para início de conversa, semana de quatro dias não é igual a semana de quatro dias. Há que distinguir entre dois modelos: no primeiro, as 40 horas usuais são distribuídas por quatro dias, em vez de cinco, resultando em jornadas diárias de dez horas. Esse modelo foi introduzido na Bélgica, por exemplo, onde os empregados podem decidir se preferem concluir suas tarefas em quatro dias, sem que haja uma redução da carga total.

 O segundo modelo segue o princípio "100-80-100", ou seja; 100% do trabalho em 80% do tempo por 100% do salário. Uma série de países europeus já testou essa alternativa, nos últimos anos. A Islândia, por exemplo, experimentou entre 2015 e 2019 a eficácia da jornada semanal abreviada.

Também a Espanha inicia uma fase de testes em empresas de pequeno e médio porte, em que 30% do pessoal terá uma redução da carga horária de, no mínimo, 10%, mantendo-se o salário. E a França experimenta a semana de 35 horas distribuídas por quatro dias. Também no resto do mundo, esse modelo vem sendo aplicado há bastante tempo, por exemplo na Nova Zelândia, Japão e Estados Unidos.

Mas quais são as vantagens e desvantagens?

Vantagens da semana de quatro dias:

Menos estresse com produtividade igual

Os projetos-pilotos realizados até agora têm acusado efeitos francamente positivos. Num estudo britânico divulgado em 2023, os funcionários se mostraram menos estressados e apresentavam risco menor de afecções psíquicas como o burnout (esgotamento profissional).

Também a ansiedade, cansaço e distúrbios de sono diminuíram no período dos testes que envolveram 61 empresas com um total de cerca de 2.900 empregados. A maioria delas afirmou que pretendia manter a jornada de quatro dias em caráter duradouro, estando o aumento do bem-estar entre seu pessoal entre os principais motivos para essa decisão.

Menos empregados doentes

Ao mesmo tempo, os funcionários pediram menos licenças médicas. Motivo para tal seria o fato de disporem de tempo suficiente para se recuperar, e a redução da pressão, avalia a psicóloga Hannah Schade, do Instituto Leibniz Pesquisa sobre o Trabalho, da Universidade Técnica de Dortmund.

Segundo ela, esse também é um ponto importante para esclarecer como se poderia financiar a semana de quatro dias. Pois cabe levar em consideração os altos custos de ter grande parte do pessoal em licença médica, ou sofrendo distúrbios psíquicos dentro da empresa.

Mais igualdade de gênero, menos escassez de mão de obra

A jornada semanal de quatro dias também pode contribuir significativamente para mais equiparação de gênero no local de trabalho. Como frisa a psicóloga laboral Schade, o estudo britânico indicou que, nesse regime, os homens se ocupam mais das tarefas domésticas, como o cuidado dos filhos ou de familiares necessitados.

Bernd Fitzenberger, diretor do Instituto de Pesquisa de Mercado de Trabalho e Atividade Profissional, vê ainda uma vantagem decisiva da jornada reduzida para o combate à escassez de mão de obra: "Ela torna os empregos mais atraentes, potencializa o número de candidatas e candidatos em campos nos quais as empresas estão procurando pessoal ansiosamente."

Com a jornada reduzida, as famílias poderiam coordenar melhor profissão e cuidados infantis, e para as mulheres – que nos casais alemães continuam sendo quem tem que abrir mão da carreira – seria mais fácil retornar ao expediente integral.

Vantagens para o clima?

É difícil aferir se a redução da carga horária tem efeito concreto sobre o clima. O think-tank Konzeptwerk Neue Ökonomie afirma em seu website, por exemplo, que com uma semana de quatro dias "também o consumo de energia e recursos dos ramos e rotas para o trabalho poderá ser diminuído". Como a pegada climática de cada funcionário se reduz, contudo, depende do estilo de vida individual.

Empresas mais atraentes para candidatas/os a emprego

Embora a jornada de quatro dias seja acima de tudo uma reivindicação dos empregados, também os patrões poderiam lucrar com sua implementação. "Toda empresa ganha uma dianteira de competitividade se oferece a semana de quatro dias", afirma Schade.

Entretanto não é o modelo que mantém as 40 horas que torna as firmas mais atraentes, mas sim uma redução efetiva da carga horária, e, segundo a psicóloga, "para isso os candidatos também estão dispostos a abrir mão de outras coisas".

Jovens utilizam computadores e celulares em local de trabalho compartilhadoJovens utilizam computadores e celulares em local de trabalho compartilhado

Desvantagens da semana de quatro dias:

Pelo contrário: mais estresse?

Uma desvantagem do modelo poderia ser a condensação da carga de trabalho, aponta o economista Bernd Fitzenberger. Ter que realizar mais em menos tempo também pode provocar mais estresse. Na Bélgica, a carga de 40 horas é mantida, embora distribuída por quatro dias. Os empregados têm a alternativa de diminuir essa carga, porém aí também o salário sofre cortes proporcionais.

Dificuldade de medir produtividade objetivamente

Holger Schäfer, do Instituto da Economia Alemã (IW), em Colônia, está entre os economistas que veem a semana de quatro dias com ceticismo: para ele, não está claro como se pode sequer medir a produtividade, não havendo modo de "verificar acima de qualquer dúvida como ela se desenvolveu nas empresas".

Seu colega Fitzenberger aponta a possibilidade de que o novo modelo até mesmo acarrete aumento dos custos empresariais, "lá onde a jornada reduzida ou a concentração da carga de trabalho em quatro dias não pode ser compensada por incrementos de produtividade".

Ameaça à competitividade nacional

O chefe da bancada parlamentar do Partido Liberal Democrático (FDP), Christian Dürr, se preocupa que a introdução de jornadas reduzidas possa comprometer a competitividade da indústria da Alemanha.

"Diante da gritante escassez de mão de obra, a proposta de uma semana de quatro dias é francamente incompreensível", declarou a jornais do Funke Mediengruppe. Para o líder da sigla pró-empresariado, não há dúvida: em vez fortalecer a economia nacional, esse novo regime de trabalho a prejudicaria.

Por sua vez, Fitzenberger acha possível as firmas compensarem essa eventualidade configurando as rotinas de trabalho mais produtivas, através de inovações tecnológicas.

Semana reduzida não é praticável em todos os setores

Para o especialista em mercado de trabalho, contudo, o problema maior é até que ponto o jornada de quatro dias pode ser implementada nos diferentes setores da economia: "Vai ser um desafio para campos em que os serviços precisam ser prestados aqui e agora, em horários fixos, a clientes, a indivíduos que dependem de cuidados."

Nos setores de cuidados pessoais, segurança ou transportes, é mais difícil do que em outros adotar a jornada de quatro dias: "Se aplicássemos uma norma rígida, afetando igualmente todos os ramos, isso poderia comprometer a competitividade", considera Fitzenberger.

Novas perspectivas para o mundo do trabalho

 Na visão da psicóloga Schade, o tema precisa ser considerado num período mais longo. Por um lado, porque menos licenças médicas têm efeito positivo de longo prazo sobre a economia; por outro, tanto os indivíduos quanto as empresas precisam primeiro se adaptar à nova forma de trabalhar.

"Mudança sempre significa risco, também", lembra, e isso desencadeia medo. No entanto os números já falam: numa pesquisa realizada na Alemanha, mais de três quartos se pronunciaram pela adoção da jornada semanal em suas empresas, sobretudo os consultados abaixo dos 40 anos de idade. Fonte: Deutsche Welle - 08/05/2023