quarta-feira, 30 de outubro de 2019

Dia Mundial do Pão: Conheça um pouco da história do pão no Brasil

INVENÇÃO DO PÃO
Pão francês, bengala, pão caseiro, pão de cereais, bisnaguinha, pão sírio, pão doce, pão australiano, pão de forma, pão italiano, pão integral... O pão é um dos alimentos mais tradicionais em todo o mundo. Para homenagear essa iguaria tão variada, tão popular e tão consumida, foi criado o Dia Mundial do Pão, celebrado no dia 16 de Outubro.

A história do pão é antiga. Ele teria surgido há mais de 6 mil anos, quando os egípcios descobriram a fermentação do trigo. Ele era considerado um alimento básico e era um símbolo de poder. Os pães preparados com trigo de qualidade superior eram destinados apenas aos ricos. Os egípcios se dedicavam tanto ao pão que se tornaram conhecidos como "comedores de pão".

"É importante lembrar da importância que o pão tem para a humanidade. Desde os primórdios, os grãos eram consumidos de forma bruta, comidos crus. Posteriormente, alguns historiadores falam que, por acidente, os pães - que eram formados numa pasta mascada na boca, pasta essa feita de mingau - caíram em cima de uma pedra quente, em uma fogueira e, a partir dali, se gerou uma massa assada," conta o especialista e historiador sobre pão, Augusto Cézar de Almeida, que é autor de diversos livros sobre o assunto.

Quando o homem começou a controlar o processo de fermentação, a técnica de fazer pão se aprimorou e se espalhou pelo mundo. "No começo da história, tinha muita rejeição àquilo que fermentava porque dava ideia que estava estragando. Quando se teve controle, com Pasteur [Louis Pasteur, cientista francês, 1822-1895], que foi um estudioso que conseguiu controlar e entender o processo fermentativo, essa ação da fermentação passou a se propagar de forma mais controlada, mais industrial," disse Augusto.

O PÃO NO BRASIL
Augusto conta que o produto chegou ao Brasil por meio dos portugueses: "Para se ter ideia, o primeiro documento que narra um brasileiro consumindo pão foi a carta de Pero Vaz de Caminha. Quando as naus [portuguesas] chegaram em território brasileiro, elas traziam pães. Os índios então provaram, pela primeira vez, aquilo que era totalmente estranho, que era o pão. E a reação dos índios não foi lá muito favorável porque eles não estavam habituados a consumir aquele tipo de produto. Os produtos que se consumiam aqui eram derivados da mandioca e típicos da região".
Os pães que foram provados pelos índios eram muito rústicos e, pela longa viagem, provavelmente eram duros também. "Por isso não deve ter sido muito fácil aceitar", diz Augusto.

Mas com o plantio do trigo, que teria sido iniciado pelas sementes trazidas por Martim Afonso de Souza [1490-1570], é que o hábito de comer pão começa a crescer no país. "Ele também era governador da Índia, muito próxima das regiões árabes, e ele trouxe sementes de trigo para o Brasil. São duas narrativas que pouco se fala aqui: primeiro, que o pão foi provado pelos índios nas naus portuguesas. E, segundo, que o trigo foi trazido pelo Martim Afonso de Souza," conta o historiador.

PADARIAS
No ano passado, havia em todo o país 70.523 padarias, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Panificação e Confeitaria (Abip). A maior parte dessas padarias, cerca de 95% do total, são micro e pequenas empresas familiares.

PÃO FRANCÊS BRASILEIRO
"Debret [1768-1848], um pintor e desenhista francês que veio junto com a Família Real, fez uma série de ilustrações que falaram sobre algumas características da época. E uma das gravuras que ele faz é de uma padaria onde a moagem do trigo era feita dentro dela. Ali se moía e se fazia a farinha. A narrativa do Debret fala ainda que os pães feitos pelos franceses no Rio de Janeiro não eram iguais aos da França," contou o historiador. "A França historicamente tem pães de uma casca mais grossa, feito com fermentação mais longa. São pães mais compactos. No Brasil, já tivemos o período dos filões, com densidade maior, mais pesados; e das baguetes, que eram pães mais parecidos com os da França. Porém não tinham os mesmos componentes e nem o tipo de fermentação que era feito lá na França".

O pão branco, com um miolo úmido, revestido por uma casca fina, dourada e levemente crocante, composto por água, farinha de trigo, sal e fermento, e mais conhecido como pão francês - o nome varia conforme a região do país -, é o mais consumido pelos brasileiros. Entre os produtos de panificação, a venda de pão francês corresponde atualmente, segundo a Abip, a 45% do total comercializado nas padarias.

No entanto, ele vem perdendo espaço para a imensa variedade de pães que existem hoje: "O pão francês percentualmente está perdendo a sua importância - não porque está deixando de ser consumido, mas porque outros tipos de pães estão crescendo no consumo como os integrais ou com cereais".

"Os primeiros registros com o nome de pão francês são da época de Debret, na época da Família Real presente no Brasil. Mas entendo mais isso como o pão francês feito pelos franceses, já que as características não eram tão iguais assim. Se procurar o pão francês como temos no Brasil, na França, não vamos encontrar", diz o especialista. Fonte: Diário da Saúde - 16/10/2019

domingo, 27 de outubro de 2019

Elecciones Argentina


Entenda a onda de protestos no Chile

Quase 10 mil integrantes das Forças Armadas foram mobilizados para atuar contra os protestos.
O presidente do Chile, Sebastian Piñera, solicitou neste sábado (26) que ministros coloquem cargos à disposição. O anúncio foi feito após uma semana de protestos. Na sexta-feira (25), cerca de 1 milhão foram às ruas, no maior ato desde a ditadura.
A capital chilena viveu o terceiro dia de distúrbios no domingo (20) com confrontos violentos entre manifestantes e policiais. Os protestos pela suspensão do aumento nas passagens de metrô seguiram após o presidente anunciar no sábado (19) sua revogação.
Na noite de sábado (19), manifestantes atacaram vidraças de prédios, destruíram semáforos, queimaram ônibus e invadiram e incendiaram um supermercado. Ao menos 19 pessoas morreram desde semana passada devido a incêndios em estabelecimentos, atropelamentos e confrontos com forças de segurança.

ENTENDA OS DISTÚRBIOS NO CHILE EM SEIS PONTOS:
·    Governo anunciou um aumento de 30 pesos na tarifa do metrô, equivalente a 20 centavos de real
·    Violência aumentou nos protestos a partir de sexta (18);
·    Chile decreta no sábado "Estado de Emergência" e Exército vai às ruas pela 1ª vez desde a ditadura;
·    Presidente chileno suspendeu o aumento na tarifa do metrô, mas os protestos prosseguiram;
·    Metrô de Santiago foi fechado e o aeroporto da capital chilena teve voos suspensos;
·    Na sexta-feira (25), cerca de 1 milhão foram às ruas. O presidente solicitou que ministros coloquem cargos à disposição.

1. AUMENTO DA TARIFA DO METRÔ
O preço da passagem do metrô de Santiago nos horários de pico subiu para 830 pesos – equivalente a R$ 4,80 –, aumento de 3,75%. Não havia aumento nessa proporção desde 2010. O reajuste não afetou o valor das passagens para estudantes e idosos, mas se soma ao aumento geral de 20 pesos nas tarifas decretadas em janeiro passado.

2. ESCALADA DA VIOLÊNCIA
Os protestos, que começaram há cerca de 15 dias, tornaram-se violentos a partir de sexta. Houve confrontos entre manifestantes e policiais. Houve registro de incêndios que deixaram mortos em um supermercado e uma fábrica. O balanço oficial indica que 11 pessoas morreram e 1.462 foram detidas no país.
Manifestantes provocaram danos em 78 estações e trens. A empresa estatal que administra o serviço do metrô avalia que o prejuízo deve chegar a mais de US$ 300 milhões.

3. ESTADO DE EMERGÊNCIA E TOQUE DE RECOLHER
O aumento da violência nos protestos fez o governo enviar tropas do Exército às ruas de partes de Santiago. Foi a primeira vez que isso ocorreu desde 1990, quando o Chile voltou à democracia após a ditadura de Augusto Pinochet.
Mais 9.500 integrantes das Forças Armadas foram mobilizados para atuar contra os protestos para controlar pontos estratégicos como centrais de abastecimento e estações de metrô, que são alguns dos alvos mais visados pelos manifestantes.
O governo do país andino decretou estado de emergência por 15 dias na capital e na região metropolitana.
O general Javier Iturriaga decretou toque de recolher duas noites consecutivas, no sábado e no domingo. A medida atingiu a região metropolitana de Santiago, Valparaíso (centro), Coquimbo, Biobío e Antofagasta, entre outras regiões.

4. SUSPENSÃO NA ALTA DA TARIFA
Os protestos contra o aumento nas passagens de metrô seguiram mesmo após o presidente Sebastián Piñera anunciar no sábado (19) a suspensão do aumento de 30 pesos (R$ 0,17), que foi o estopim dos protestos.
"Escutei com humildade a voz de meus compatriotas e não terei medo de seguir escutando esta voz. Vamos suspender o aumento nas passagens do metrô", disse o presidente em uma transmissão.
No entanto, a medida não acalmou os manifestantes, que continuaram nas ruas com gritos de "basta de abusos" e com o lema "Chile acordou".
As manifestações não têm um líder definido nem uma lista precisa de demandas. Até o momento aparece como uma crítica generalizada a um sistema econômico neoliberal que, por trás do êxito aparente dos índices macroeconômicos, esconde um profundo descontentamento social.
No Chile, o acesso à saúde e à educação é praticamente privado, a desigualdade social é elevada, os valores das pensões estão reduzidos e os preços dos serviços básicos estão em alta, de acordo com a France Presse.

5. VOOS SUSPENSOS
No aeroporto da capital chilena, centenas de pessoas ficaram retidas - muitas dormiram no chão - com o cancelamento ou adiamento de voos.
Os voos operados pelas maiores companhias aéreas do Chile, a Latam e a Sky Airline, foram suspensos por causa do toque de recolher.
A Latam Chile disse em uma rede social que, devido à situação da ordem pública, seus voos para dentro e fora de Santiago estavam sendo afetados.

6. UM MILHÃO NAS RUAS
O presidente do Chile, Sebastian Piñera, solicitou neste sábado (26) que ministros coloquem cargos à disposição. "Pedi a todos os ministros para colocar seus cargos à disposição para poder estruturar um novo gabinete para poder enfrentar essas novas demandas", afirmou no final da manhã em pronunciamento no Palácio da Moeda, sede do Executivo do país.
O anúncio foi feito um dia depois de cerca de 1 milhão irem às ruas na que é considerada pela imprensa local como maior manifestação desde o período da ditadura de Augusto Pinochet, que terminou em 1990. Fonte: Por G1-20/10/2019

Comentário: É a Primavera Chilena
Consequências: Lado obscuro do protesto: Saques, vandalismos, etc
■Comércio chileno calcula perdas de mais de US$ 1,4 bilhão
A CCS, que representa as principais empresas do país, estima os prejuízos em prejuízos de US$ 900 milhões e a falta de vendas em outros US$ 500 milhões.
Dos prejuízos estimados, US$ 900 milhões seriam apenas em danos causados por saques e destruição de lojas, mais US$ 500 milhões mais pela falta de vendas por roubo de espécies e pelos dias em que as lojas estavam fechadas.
■O setor estima que as instalações afetadas por incêndios, pilhagem ou destruição excedam 25.000. Estimativas do CCS, que representa as principais empresas do país, estimam que o número de instalações afetadas nacionalmente por incêndios, saques ou destruição ultrapassa 25.000, das quais 10.000 pertencem a pequenas e médias empresas.
■Prejuízo milionário para Metrô de Santiago - A empresa Metro confirmou  que terá de enfrentar com o seu património os danos milionários deixados nelas pelo vandalismo que ocorreu no início da explosão social que abalou o país desde sexta-feira, 18 de Outubro. Dessa forma, a maior parte dos US$300 milhões em que as perdas causadas pelos abusos e significarão uma dura diminuição para a empresa.
Das 136 estações da rede do Metrô, 79 estão danificadas. Destes, dez foram completamente destruídos por incêndios e outros atos de vandalismo. A estes se somam 11 parcialmente danificados, 41 com danos múltiplos e 17 que requerem pequenos reparos. Quanto aos trens, há seis que têm algum tipo de dano causado pela violência dos protestos. Fontes: Cooperativa - 26 de Outubro de 2019 , CIPER - 24.10.2019

  







sábado, 26 de outubro de 2019

Mancha de petróleo no litoral do nordeste

Resumo
·    No dia 30 de agosto foram registradas as primeiras manchas de óleo nas praias de Conde e Pitimbu, na Paraíba.
·    Até o momento, 1.027 toneladas de resíduos foram coletadas, em uma faixa de 2,5 mil quilômetros da costa brasileira.
·    Os resíduos já foram encontrados no Maranhão, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia.
·    Autoridades e especialistas em saúde alertam para a necessidade de evitar o contato direto com o material. Isso porque o óleo pode causar irritações e alergias na pele. Todos os voluntários devem fazer o uso de materiais de proteção (botas, luvas, máscaras e óculos) no momento de recolher os resíduos.
·    Órgãos envolvidos nas ações; Marinha, Ibama, Petrobras, FAB, Exército Brasileiro, Defesa Civil, ICMBio, Polícia Federal, Ministério do Meio Ambiente, instituições e agências federais, estaduais e municipais, além de empresas e universidades.
·    O que é esse óleo: Análise feita pela Marinha e pela Petrobras aponta que a substância encontrada nos litorais do Nordeste é petróleo cru. Ou seja, não se origina de nenhum derivado de óleo. Trata-se de hidrocarboneto, mais conhecido como piche. Em águas profundas, essas “placas” densas de óleo ficam submersas. Em locais mais rasos, elas aparecem na superfície e se partem em pedaços menores com a rebentação das ondas.
·    Áreas atingidas; Monitoramento do Ibama revela que as manchas de óleo já foram encontradas em 2,5 mil quilômetros da costa brasileira. Mais de 120 praias já foram atingidas, em uma faixa que envolve todo o litoral nordestino.
·    Possíveis causas; A origem desse acidente ambiental ainda é desconhecida. Investigações sigilosas sobre as possíveis causas estão sendo conduzidas pela Marinha, enquanto a investigação criminal é objeto da Polícia Federal. Análises preliminares da Petrobras indicam que foram encontradas amostras com a mesma “assinatura” do óleo da Venezuela. Quanto ao local onde surgiu o derramamento, é provável que seja em uma área entre 600 km e 700 km da costa brasileira.
Em 25 de outubro a Petrobras confirma que petróleo que chegou ao Nordeste foi produzido na Venezuela. A conclusão veio depois da análise de 30 amostras recolhidas nas praias do Nordeste. Na entrevista coletiva, a Petrobras afirmou que o petróleo vem de três campos de exploração venezuelanos, mas disse que isso não significa que a Venezuela seja responsável pelo derramamento. Segundo a Marinha, a hipótese mais provável é a de um acidente com um navio-tanque fantasma, que navegava sem registro oficial e com o equipamento de localização em tempo real desligado. Fonte: Ibama
Comentário: Parece que é o navio fantasma Holandês Voador?

sexta-feira, 25 de outubro de 2019

Farinelli Il Castrato

Farinelli é um filme de drama biográfico ítalo-franco-belga de 1994 dirigido por Gérard Corbiau. Foi indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro na edição de 1995, representando a Bélgica.
No filme, o ator Stefano Dionisi, que interpreta o protagonista, é dublado nas partes cantadas. Para reproduzir a particularíssima voz de um castrato, foram gravadas em separado e depois mixadas eletronicamente, as vozes da soprana  polonesa Ewa Małas-Godlewska e do contratenor americano Derek Lee Ragin. Apenas em Lascia ch'io pianga, de George Frideric Handel, a voz é de Małas-Godlewska, apenas, sem mixagem.

Carlo Maria Michelangelo Nicola Broschi, conhecido pelo pseudônimo de Farinelli (Andria, 24 de janeiro de 1705 — Bolonha, 15 de julho de 1782), foi um lendário castrato do século XVIII, o mais popular e bem pago cantor de ópera da Europa em sua época.

Castrato (termo extraído do idioma italiano, cuja tradução lusófona trata-se literalmente de "castrado") é o nome pelo qual eram conhecidos os cantores masculinos que, a fim de terem preservada, ainda na fase adulta, a tessitura vocal da infância (cuja extensão vocal é quase idêntica àquela própria das tessituras vocais femininas, sejam de soprano, de mezzo-soprano ou de contralto), eram submetidos a uma operação cirúrgica de corte dos canais provenientes dos testículos, a partir da qual a chamada "mudança de voz" não ocorria.

A prática de castração de jovens cantores teve início no século XVI (tendo surgido a partir da necessidade de vozes agudas nos grupos corais das igrejas da Europa Ocidental, já que a Igreja Católica Apostólica Romana não aceitava mulheres no coro de suas igrejas)[carece de fontes], atingindo seu auge nos séculos XVII e XVIII (de tal sorte que, nas óperas do compositor barroco alemão Georg Friedrich Händel, por exemplo, o papel do herói era frequentemente escrito para castrato).

Muitos dos rapazes que eram submetidos à castração tratava-se de crianças órfãs ou abandonadas. Algumas famílias pobres, incapazes de criar a sua prole numerosa, entregavam um filho para ser castrado. Em Nápoles, recebiam a sua instrução em conservatórios pertencentes à Igreja, onde lecionavam músicos de renome. Algumas fontes referem que muitas barbearias napolitanas tinham, à entrada, um dístico com a indicação "Qui si castrano ragazzi" ("Aqui castram-se rapazes").

Na segunda metade do século XVIII, com a chegada do verismo na ópera, a popularidade dos castrati entrou em declínio. Durante alguns anos, é verdade, ainda houve desses cantores na Itália, mas, com o decorrer do tempo, esses papéis foram transferidos aos contratenores e, por vezes, às sopranos.

Foi só em 1870, não obstante, que o castratismo destinado a este fim foi terminantemente proibido na Itália (o último país onde ainda era efetuado). E, em 1902, o papa Leão XIII proibiu definitivamente a utilização de castrati nos coros das igrejas.

O último castrato a abandonar o coro da Capela Sistina foi Alessandro Moreschi (1858-1922), no ano de 1913. Há alguns registros fonográficos da voz deste castrato, que, entre 1902 e 1904, gravou exatos dez discos. Fonte: Wikipedia



  

terça-feira, 22 de outubro de 2019

Händel-Lascia Chio Pianga

Rinaldo (HWV 7) é uma ópera em três atos escrita pelo compositor alemão naturalizado britânico Georg Friedrich Händel (1685-1759) apresentada pela primeira vez em Londres em 1711. O libreto é de Aaron Hill (1685-1750) e se baseia no poema de Torquato Tasso (1544-1595) Gerusalemme Liberata, de 1580.
O texto foi traduzido para o italiano por Giacomo Rossi. Rinaldo foi a primeira ópera londrina de Händel e a primeira ópera italiana composta especialmente para os palcos daquela cidade.
Rinaldo contém algumas das árias mais famosas de Händel, executadas isoladamente em diversas versões mesmo antes do completo resgate da obra operística do autor. Exemplos inquestionáveis são Cara sposa, Venti turbini (Rinaldo) e Lascia che io pianga (também de "Rinaldo"). Fonte: Wikipedia

Cinco belas vozes e interpretações diferentes
 Julia Lezhneva

 Joyce DiDonato 


 Patricia Petibon.
  
 Cecilia Bartolli


 Ewa Malas-Godlewska
  


domingo, 20 de outubro de 2019

Como aprendemos a comer plantas tóxicas como mandioca

A mandioca é muito perigosa se não for preparada adequadamente, então como as pessoas desenvolveram e compartilharam esse conhecimento?

Em 1860, os exploradores Robert Burke e William Wills lideraram a primeira famosa expedição europeia pelo interior desconhecido da Austrália. Mas a sorte não esteve ao lado deles. Devido a uma combinação de falta de comando, mau planejamento e azar, Burke, Wills e um terceiro integrante, John King, ficaram sem comida na viagem de volta.

Burke e Wills ficaram presos às margens do rio Cooper's Creek, e não conseguiram pensar em um jeito de transportar consigo água suficiente para atravessar um trecho de deserto até o posto de controle colonial mais próximo, no Mount Hopeless.

As adversidades enfrentadas pelo trio, contudo, não pareciam afetar o cotidiano do povo nativo, os yandruwandha. Os yandruwandha deram aos exploradores bolos feitos a partir de vagens esmagadas de uma samambaia chamada nardoo. Burke brigou com eles e, imprudentemente, os afastou ao disparar sua pistola.

Mas talvez o trio já tivesse aprendido o suficiente para sobreviver? Eles encontraram nardoo fresco e decidiram fazer seus próprios bolos. No começo, tudo parecia correr bem. Os bolos nardoo satisfaziam seu apetite, mas eles se sentiam cada vez mais fracos.

Dentro de uma semana, Wills e Burke estavam mortos. Acontece que o nardoo requer um preparo complexo. O nardoo, um tipo de samambaia, é coberta por uma enzima chamada tiaminase, que é tóxica para o corpo humano. A tiaminase impede a absorção pelo corpo da vitamina B1, que tem entre suas principais funções o metabolismo dos carboidratos, lipídios e proteínas e a estimulação de nervos periféricos.

Em outras palavras: embora tivessem comido, Burke, Wills e King continuavam desnutridos.
Os yandruwandha, por outro lado, recorriam a um longo preparo para tornar a tiaminase menos tóxica.

Praticamente morto, King buscou ajuda dos yandruwandha, que o mantiveram vivo até a chegada da ajuda de outros exploradores europeus meses depois. Ele foi o único membro da expedição que sobreviveu.

Como comida, a nardoo é mais uma curiosidade. O que não é o caso da mandioca, que é uma fonte vital de calorias em várias regiões do mundo, em particular na África e na América Latina.

À rigor, há dois tipos de mandioca, a mandioca mansa, também chamada de mandioca de mesa (conhecida também no Brasil pelos nomes de macaxeira e aipim), e a mandioca brava, conhecida como mandioca de indústria. As duas são extremamente parecidas, mas a mandioca brava é altamente tóxica - e requer um procedimento industrial ou um ritual de preparação tedioso e complexo para torná-la um alimento seguro. Ela libera cianeto de hidrogênio.

Nos centros urbanos, a mandioca comercializada como alimento é sempre a mansa. Mas em zonas rurais, em lugares mais remotos na África, a mandioca mais comum pode ser a brava, e, por isso, se não fora preparada adequadamente, pode causou sérios problemas de saúde.

Um deles é uma condição chamada konzo, com sintomas que incluem paralisia súbita das pernas.

Em 1981, em Nampula, Moçambique, um jovem médico sueco chamado Hans Rosling não sabia disso. Como resultado, passou por uma situação profundamente intrigante.
Mais e mais pessoas batiam à porta de sua clínica com paralisia nas pernas. Poderia ser um surto de poliomielite? Não. Os sintomas não estavam descritos em nenhum livro.

Com o início da guerra civil em Moçambique, poderiam ser armas químicas?
A mulher e os filhos de Rosling deixaram o país, mas ele decidiu continuar suas investigações in loco.Foi uma colega de Rosling, a epidemiologista Julie Cliff, que acabou descobrindo o que estava acontecendo.

As refeições de mandioca que eles ingeriam haviam sido processadas de forma incompleta. Já com fome e desnutridos, não podiam esperar tempo suficiente para tornar a mandioca segura. E, como resultado, desenvolveram o konzo.

Plantas tóxicas estão por toda parte. Às vezes, processos simples de cozimento são suficientes para torná-las comestíveis. Mas como alguém aprende a elaborada preparação necessária para a mandioca ou o nardoo?

Para Joseph Henrich, professor de biologia evolucionária humana na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, esse conhecimento é cultural, e nossas culturas evoluem por meio de um processo de tentativa e erro análogo à evolução em espécies biológicas.

Assim como a evolução biológica, a evolução cultural pode - com tempo suficiente - produzir resultados impressionantemente sofisticados.

Funciona assim, segundo Henrich: em algum momento, alguém descobre como tornar a mandioca menos tóxica. Com o passar do tempo, outras descobertas são feitas. Esses rituais complexos podem, assim, evoluir, cada um ligeiramente de forma mais eficaz que o anterior.

Na América do Sul, onde humanos comem mandioca há milhares de anos, as tribos aprenderam os muitos passos necessários para desintoxicá-la completamente: raspar, ralar, lavar, ferver o líquido, deixar a massa repousar por dois dias e depois assar.

Quando questionados sobre por que fazem isso, poucos vão dizer que se trata de cianeto de hidrogênio. Eles simplesmente vão dizer "esta é a nossa cultura".

Na África, a mandioca foi introduzida apenas no século 17. Não veio com um manual de instruções. O envenenamento por cianeto ainda é um problema ocasional; as pessoas recorrem a técnicas porque o aprendizado cultural ainda está incompleto.

Henrich argumenta que a evolução cultural é muitas vezes muito mais inteligente do que nós.

Seja construindo um iglu, caçando um antílope, acendendo uma fogueira, fazendo um arco longo ou processando mandioca, aprendemos não porque entendemos os princípios básicos, mas imitando.

Em 2018, um estudo desafiou os participantes a colocar pesos nos raios de uma roda para maximizar a velocidade com que ela descia uma ladeira.
Os conhecimentos adquiridos eram passados para o próximo participante, que, assim, se saíam muito melhor. No entanto, quando questionados, eles não mostraram nenhum sinal de realmente entender por que algumas rodas rodavam mais rápido que outras.

Estudos realizados posteriormente mostram que o comportamento de imitar é instintivo entre humanos.

Testes revelam que chimpanzés de dois anos e meio e humanos têm capacidades mentais semelhantes - a menos que o desafio seja aprender a imitar alguém. Crianças são muito melhores em imitar do que os chimpanzés.

E os humanos imitam de uma maneira ritualística que os chimpanzés não seguem. Os psicólogos chamam isso de superimitação.
Pode parecer que os chimpanzés são mais inteligentes. Mas se você estiver processando raízes de mandioca, a superimitação é de extrema importância.

Se Henrich estiver certo, a civilização humana se baseia menos em inteligência bruta do que em uma capacidade altamente desenvolvida de aprender um com o outro.
Ao longo das gerações, nossos ancestrais acumularam ideias úteis por tentativa e erro, que foram copiadas pelas gerações seguintes.

Sem dúvida, algumas ideias menos úteis foram misturadas com elas, como a necessidade de uma dança ritual para fazer as chuvas chegarem, ou a convicção de que sacrificar uma cabra fará com que um vulcão não entre em erupção.
Mas no geral, aparentemente, fizemos melhor copiando sem questionar do que supondo, como os chimpanzés, que éramos suficientemente inteligentes para dizer quais etapas poderíamos ignorar com segurança.

É claro que a evolução cultural pode nos levar até um determinado patamar. Agora temos o método científico para nos dizer que sim, realmente precisamos deixar a mandioca descansar por dois dias, mas, não, o vulcão não se importa com as cabras.

Quando entendemos os princípios básicos, podemos evoluir mais rapidamente do que por tentativa, erro e imitação. Mas não devemos menosprezar o tipo de inteligência coletiva que salvou a vida de King.
Foi o que tornou possível a civilização - e uma economia em funcionamento. Fonte: UOL Noticias - 10/09/2019