sábado, 12 de janeiro de 2019

Brasil deve levar ao menos uma década para voltar ao desemprego pré-crise

O Brasil pode levar quase uma década para voltar ao nível de desemprego que tinha antes da crise, caso o país cresça nos próximos anos no ritmo esperado para 2019. Isso porque, mesmo após o fim da recessão, a lenta retomada da economia e os adiamentos dos investimentos têm travado o mercado de trabalho.
O mais recente Boletim Focus, do Banco Central, projeta que o Produto Interno Bruto (PIB) do país cresça cerca de 2,5% no ano que vem. É um resultado melhor que o esperado para 2018, de 1,5%, mas bem abaixo do que o mercado imaginava no começo do ano.

Pesquisadores do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da FGV, e do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) têm projeções semelhantes, imaginando um crescimento entre 2,4% e 2,7% em 2019.
Se o país mantiver um crescimento médio de 2,5% ao ano, o desemprego, pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, do IBGE, só voltará aos 6,8%, registrados em 2014, em quase dez anos, segundo a consultoria Schwartsman e Associados.

O excesso de ociosidade do setor produtivo e a baixa demanda interna têm levado a uma retomada lenta do emprego formal, diz o ex-diretor do Banco Central Alexandre Schwartsman. "O mercado de trabalho está melhor do que há um ano, mas ainda é o emprego informal, menos qualificado e com pior remuneração, que está reagindo com mais força."

A projeção da consultoria considera vários cenários de crescimento para o país e o quanto a taxa de desemprego cairia em cada um deles. Se o país crescer em média 4% ao ano, por exemplo, o desemprego volta ao nível de antes da crise em quatro ou cinco anos.

Caso o próximo governo consiga passar uma agenda robusta de reformas no Congresso e sinalizar uma mudança na trajetória da dívida pública, a confiança e o investimento voltam mais fortes e devem aquecer a economia e o mercado de trabalho, diz Schwartsman.Fonte: UOL Economia - 26/12/2018 

quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

Cuba:Seis décadas de uma utopia inalcançável

Em 2019, o processo que deu tanta esperança a milhões de cubanos chega a seis décadas de existência, sem ter conseguido dar uma vida digna e livre aos que ficaram na ilha, opina Yoani Sánchez.
   
Ramón era um adolescente quando Fidel Castro entrou em Havana naquele janeiro de 1959. Pouco depois, decidiu virar miliciano para defender o que então muitos cubanos chamavam com orgulho de "revolução". Hoje, com uma aposentadoria que não supera o equivalente a 20 euros ao mês, ele vive do dinheiro que seus netos enviam da Flórida, nos Estados Unidos – o país para o qual Ramón apontou o fuzil enquanto fazia a guarda de uma unidade militar em plena Guerra Fria.

Em 2019, o processo que deu tanta esperança a milhões de cubanos chega a seis décadas de existência, sem se parecer com os sonhos projetados por jovens como Ramón e sem ter conseguido dar uma vida digna e livre aos que ficaram na ilha.

Hoje, são poucos os que chamam o modelo político instaurado após a chegada dos barbudos ao poder de "revolução". Em vez disso, preferem dizer o "sistema" ou simplesmente "isso" ou "essa coisa". Dos líderes vestidos de verde oliva que desceram Sierra Maestra, só ficaram uns poucos octogenários que não conseguem despertar admiração nem respeito da grande maioria das pessoas.

Das promessas iniciais, em que se falava de oportunidades para todos e de liberdades cidadãs, também não sobreviveu quase nada. No lugar desses espaços de realização individual e coletiva, o castrismo manteve um estrito aparato de vigilância e controle, que acabou se tornando a mais
bem acabada de suas conquistas e o mais permanente de seus "resultados".

Em relação a justiça social, não há muito o que celebrar. Nas ruas, é evidente o abismo econômico que separa os hierarcas do governo dos aposentados, da população negra e dos residentes das zonas rurais. Os novos ricos mantêm a distância dos cada vez mais pobres.

Por outro lado, nos últimos anos, o regime de Havana teve que ceder espaço às leis de mercado que tanto criticou. Um setor privado de meio milhão de trabalhadores colocou em evidência a ineficiência do aparato estatal e está empurrando os limites das restrições ao empreendimento e à criatividade. Depois de ter confiscado até os postos de comida mais humildes no distante ano de 1968, agora a Praça da Revolução está vendendo a ilha pedaço por pedaço aos investidores estrangeiros.

"Joias da coroa" do processo, nos serviços públicos de educação e saúde também não há muito para mostrar. A extensão de ambos os sistemas segue chegando a cada canto do país, mas a deterioração da infraestrutura, os baixos salários de professores e médicos, junto aos excessos de ideologia e os vazios éticos fizeram com que as salas de aula e os hospitais não se pareçam ao sonho de um povo culto e bem auxiliado sanitariamente, algo que uma vez arrancou aplausos dos milhares de cubanos que se reuniam para escutar os maratonistas discursos do comandante em chefe.

Agora, quando as celebrações oficiais falam do 60º aniversário desse processo político e social que poucos se atrevem a qualificar como "revolucionário”, gente como Ramón e seus netos estão passando a limpo o que não conseguiram, as ilusões que tiveram que deixar pelo caminho e o sistema disfuncional e autoritário que derivou de toda aquela utopia. Fonte: Deutsche Welle – 01.01.2019 - Yoani Sánchez, jornalista cubana  e apresenta o programa La voz de tus derechos  no canal de TV da DW em espanhol.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

A força da caserna do JB

Os generais de Bolsonaro: quem são os militares de mais alta patente no círculo do presidente
•Antônio Hamilton Martins Mourão (Vice-presidente)
•Augusto Heleno Ribeiro Pereira (Gabinete de Segurança Institucional)
•Carlos Alberto dos Santos Cruz (Secretaria de Governo)
•Fernando Azevedo e Silva (Defesa)
•Maynard Marques de Santa Rosa (Secretaria de Assuntos Estratégicos)
•Floriano Peixoto Vieira Neto (secretário-executivo Secretaria-Geral da Presidência)
•Guilherme Theophilo (Secretaria Nacional de Segurança Pública)
•Almirante Bento Costa Lima Leite (Minas e Energia)

OS GENERAIS DE BOLSONARO

•ANTÔNIO HAMILTON MARTINS MOURÃO
O vice-presidente, de 65 anos, é considerado de perfil linha dura e se destaca por falar o que pensa, envolvendo-se seguidamente em polêmicas. Entrou no Exército em 1972, foi instrutor da academia de formação de oficiais, no Rio de Janeiro, atuou como militar na missão de paz da ONU em Angola (1995-1997) e também foi adido na Venezuela. Já nos postos finais da carreira, liderou um batalhão de infantaria de selva na Amazônia e todas as tropas da região Sul do país.
Em 2015, após criticar a presidente Dilma Rousseff em uma palestra,defendendo o "despertar para luta patriótica" em meio à crise política que assolava o país, foi transferido para a secretaria de Finanças do Exército, em Brasília, seu último cargo na ativa, onde permaneceu até 2018.

•AUGUSTO HELENO RIBEIRO PEREIRA
Aos 71 anos, chefiará o Gabinete de Segurança Institucional (GSI), onde está a Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Conselheiro de Bolsonaro, foi comandante militar da Amazônia e o primeiro brasileiro a chefiar a missão de paz da ONU no Haiti, em 2004. Bolsonaro, que ficou no Exército até o posto de capitão, serviu como cadete (aluno militar) de Heleno na escola preparatória, em Campinas (SP).
Na reserva desde 2011, assumiu o Departamento de Comunicação e Educação Corporativa do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), no Rio de Janeiro, deixando o cargo em 2017 para se dedicar a atividades políticas e à campanha de Bolsonaro.

•CARLOS ALBERTO DOS SANTOS CRUZ
Gaúcho de 66 anos, será responsável pela interlocução com o Congresso, partidos, municípios e estados na Secretaria de Governo. É conhecido pelo perfil estratégico e o trânsito nos meios civil, diplomático e militar. Comandou duas missões de paz da ONU: no Haiti (entre 2007 e 2009) e na República Democrática do Congo (2013 a 2015).
Formado em engenharia civil, foi adido militar na embaixada do Brasil em Moscou (Rússia), entre 2001 e 2002 e, atuou como conselheiro do Banco Mundial. Após deixar o Exército, Santos Cruz chefiou a Secretaria Nacional de Segurança Pública durante parte da gestão do presidente Michel Temer, subordinando-se ao Ministério da Justiça e sendo um dos responsáveis pelo planejamento da intervenção federal no Rio de Janeiro.

•FERNANDO AZEVEDO E SILVA
Foi chefe dos ajudantes de ordens direto do ex-presidente Fernando Collor de Mello, desde o início da gestão (1990) até o afastamento definitivo (1992), e atuou como chefe da assessoria parlamentar do Exército, no Congresso, durante a gestão de Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010). No final da carreira, presidiu a Autoridade Pública Olímpica, comandou todas as tropas do Exército no Rio de Janeiro e no Espírito Santo e coordenou a defesa dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016.

•MAYNARD MARQUES DE SANTA ROSA
Aos 73 anos, chefiou o departamento de pessoal do Exército e foi secretário de Política, Estratégia e Assuntos Internacionais do Ministério da Defesa. Ele assumirá a Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE)de Bolsonaro.
Em 2010, como general da mais alta patente, foi exonerado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva após criticar a criação da Comissão da Verdade, incluída entre as medidas de um programa de direitos humanos do governo para investigar crimes contra os direitos humanos durante a ditadura militar (1964-1985), chamando a composição da comissão de "fanáticos" e que viraria uma "comissão da calúnia".

•FLORIANO PEIXOTO VIEIRA NETO
O general, que comandava as tropas da ONU no Haiti por ocasião do terremoto no país caribenho, em 2010, será o número dois da Secretaria-Geral da Presidência, cuidando dos contratos da Secretaria de Comunicação (Secom). Serviu no Exército por mais de 41 anos, chefiando a divisão de assuntos especiais e internacionais e sendo o coordenador inicial de defesa dos eventos da Copa do Mundo, de 2014, em São Paulo.
Por ter comandado unidades do Exército com tropas que variam de 700 a 9 mil homens, adquiriu experiência na administração de recursos humanos, financeiros e logísticos.  

•GUILHERME THEOPHILO
General de 63 anos , tendo comandando o Exército nos estados do Norte do país, e também atuado co-observador militar da ONU na América Central. Passou para a reserva em março deste ano, candidatando-se, em outubro, ao cargo de governador do Ceará, pelo PSDB, para o qual não foi eleito.
Ficou conhecido em 2016, ao fazer críticas à precariedade de investimentos do governo federal para a proteção da Amazônia, alegando falta de estrutura e recursos operações militares nas fronteiras. "Não consegui que o governo federal olhasse para a nossa Amazônia com outros olhos", disse na época.
Aos 63 anos, chefiará a Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), subordinada ao ministro da Justiça, Sergio Moro. Segundo o ex-juiz, Theophilo se desfilou do partido ao qual era coligado após a derrota nas eleições.

•ALMIRANTE BENTO COSTA LIMA LEITE
Com perfil técnico, o oficial de 60 anos atuava até então como diretor-geral da área de desenvolvimento nuclear e tecnológico da Marinha e faz parte do conselho de administração da Nuclebrás, autarquia que desenvolve o programa nuclear brasileiro. O almirante Bento Costa Lima foi responsável pelos programas de desenvolvimento de submarinos e do programa nuclear da Marinha.
Ingressou na Marinha na década de 70, onde atuou em gabinetes administrativos do estado‑maior e do comandante da Força, além de secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação interno da organização. Foi observador das forças de paz da ONU em Saraievo, na Bósnia e Herzegovina, assessor parlamentar no Congresso e comandante dos submarinos navais Tamoio e Toneleiro. Fonte: G1 SP-16/12/2018

sábado, 29 de dezembro de 2018

Smartphones causam crescimento da fotografia

Segundo estimativas da InfoTrends, um total de 1,2 trilhões de fotos digitais serão tiradas em todo o mundo este ano, ou seja, cerca de 160 fotos para cada uma das cerca de 7,5 bilhões de pessoas que habitam o planeta Terra.

Então, o que está causando esse boom repentino na fotografia? É uma epidemia de vaidade global? Bem, talvez, mas o fato de que mais de um bilhão de pessoas carregam constantemente um dispositivo que funciona como uma câmera digital é provavelmente o maior fator que contribui para a enorme quantidade de fotos digitais que estão por aí. O premiado fotógrafo Chase Jarvis uma vez cunhou a frase "a melhor câmera é a que está com você", e ele está certo. De acordo com as estimativas da InfoTrends, 85% de todas as fotos tiradas este ano serão capturadas em smartphones. Fonte: Statista - Aug 31, 2017
Comentário: Poderemos comparar com número de fotos tiradas por aparelho (2,4 bilhões de usuários no mundo)., 708 fotos tiradas. 

quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

Máquina engessada

Um servidor federal se aposenta. Em sua repartição, faltam funcionários, e o governo, obrigado a conter gastos, adiou concursos para contratação. Em outro escritório, há excesso de pessoal com habilidades semelhantes de gestor. O problema parece simples de resolver.
Não raro, entretanto, haverá empecilhos burocráticos, quando não impossibilidades legais ou decisões judiciais que impedirão a movimentação de profissionais entre setores da administração pública.
Esses são apenas alguns exemplos dos transtornos provocados pelas estruturas rígidas —burocráticas no pior sentido da palavra— das carreiras do funcionalismo. Trata-se de sistema em que prerrogativas funcionais para o bom exercício do cargo se estenderam até constituírem privilégios geradores de desperdício e ineficiência.

309 CARREIRAS NO EXECUTIVO FEDERAL
Segundo o governo, há 309 carreiras no Executivo federal, representadas por quase duas centenas de sindicatos. Tamanha especialização suscita dúvidas, decerto. Assessores da gestão de Michel Temer (MDB) avaliam que duas ou três dezenas seria um número razoável.
A questão não se limita à falta de mobilidade, que hoje já cria desequilíbrios consideráveis na alocação de pessoal.

SALÁRIOS ALTOS
 Os salários do setor público também são mais altos do que no setor privado, mesmo quando se consideram fatores como formação e experiência.
Vencimentos iniciais por vezes chegam a mais de 15 salários mínimos; muitas promoções são quase automáticas; penalidades por ineficiências ou descaso são infrequentes. De resto, em diversos setores, o servidor chega ao teto salarial de sua função em poucos anos.

FUNCIONÁRIOS
O Executivo federal conta com 632 mil funcionários civis. Em toda a administração brasileira, o número se aproxima dos 12 milhões na ativa, incluindo militares, celetistas e informais. Além de numerosas, as categorias são sobretudo organizadas e influentes.
Serviço público tem 12,6% da população ocupada

REFORMA
Uma reforma desse aparato é tão urgente quanto politicamente difícil, como apontou o ministro do Planejamento, Esteves Colnago, que estará na equipe econômica do governo Jair Bolsonaro (PSL).
Na próxima legislatura, cerca de uma centena dos 513 deputados serão ligados diretamente ao serviço público, mas o lobby atinge número bem maior de parlamentares —em razão, inclusive, de vínculos profissionais e familiares.
Existem dúvidas sobre a disposição do presidente eleito, oriundo do meio militar, para enfrentar a resistência das corporações. As alternativas, todavia, são escassas. Fonte: Folha de São Paulo - 18.dez.2018  

quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

Família Civita vende Abril pelo preço simbólico de R$ 100 mil

A família Civita fechou a venda do Grupo Abril para o empresário Fábio Carvalho, das redes de lojas Casa & Vídeo e Leader, sediadas no Rio, e deixou a imprensa depois de 68 anos.
O valor do negócio, simbólico, é de R$ 100 mil. O grupo tem uma dívida de R$ 1,6 bilhão, sendo dois terços com Itaú, Bradesco e Santander, e está em recuperação judicial desde 16 de agosto. A expectativa é que a compra esteja concluída em um mês e meio.

Carvalho, que é advogado, tem um histórico de assumir empresas em dificuldades para buscar eventual retomada. Para viabilizar a nova compra, ele tem o suporte da Enforce, do BTG Pactual, que conversa com os três bancos para adquirir com desconto a dívida de R$ 1,1 bilhão.
O BTG está em seus planos também para investimento e parceria. "É um banco com o qual a gente tem relação há muitos anos", diz. "É o único banco de porte que tem área específica dedicada a financiamentos para empresas em reestruturação. Área da qual a gente já tomou muito dinheiro emprestado e já pagou muito dinheiro de volta."

Por enquanto, o que antecipa é injetar, no fechamento da operação, esperado para fevereiro após a aprovação pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), R$ 70 milhões de recursos próprios.
Ele afirma que o Grupo Abril "vem evoluindo muito rapidamente no controle do desempenho financeiro", nestes quatro meses em recuperação judicial, e "com esse reforço vai atingir nova estabilidade". Não há previsão de cortar mais títulos de revistas.

"Queremos evitar que um processo de crise venha a afetar um dos grandes ativos do grupo, que é sua história, seus padrões de jornalismo", disse. "A gente quer manter e partir para melhor, com a adoção de novas plataformas para oferecer esse conteúdo."
Um dos projetos teria como parceiro o próprio BTG. "Onde existe uma demanda grande, não só do BTG, é por mais fluxos de visitantes digitais focados em investimento. Esse é o princípio por trás de empresas como Infomoney. É uma oportunidade que a gente vai explorar, sim."

Para tanto, o grupo "tem a Exame, tem uma tradição de cobertura de negócios". Embora repita não ser o único, Carvalho diz que "o BTG é manifestamente interessado nesse tipo de audiência". De maneira geral, o empresário diz que se trata de um conteúdo "de alta demanda, alta valorização", que será buscado também por todos os concorrentes, mas que, embora seja aquele "do momento, o que está em voga", há outros em evolução.

O objetivo maior, diz, é "encontrar novos paradigmas para a instituição imprensa". Trata-se de "desafio não só empresarial,  mas institucional, de encontrar a forma de fazer jornalismo com sustentabilidade e qualidade, devolvendo um pouco mais de racionalidade às conversas" no país. Ele deve assumir em fevereiro como presidente-executivo do Grupo Abril, no lugar de Marcos Haaland, sócio da mesma Alvarez & Marsal que foi chamado para iniciar a recuperação.

Ainda sobre as dívidas e o processo de recuperação judicial, Carvalho afirmou que "o privilégio legal e moral é dos mais necessitados, as [dívidas] trabalhistas". Paulo Zocchi, presidente do Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo, afirmou que "a recuperação judicial prossegue, com seus ritmos e prazos, e o sindicato tem uma posição clara". "Todas as dívidas trabalhistas e dos freelancers têm de ser pagas o mais rápido possível e na íntegra." Fonte: Folha de São Paulo - 20.dez.2018

terça-feira, 25 de dezembro de 2018

A pouco conhecida história de 'Noite Feliz'

Em 24 de dezembro de 1818, o padre austríaco Joseph Mohr pediu ao amigo organista Franz Xaver Gruber que compusesse a melodia para um poema escrito por ele dois anos antes. Nascia assim Stille Nacht, heilige Nacht, uma das mais famosas canções natalinas, traduzida para mais de 300 idiomas e conhecida em português como Noite Feliz.

Naquela noite, Mohr e Gruber executaram a música pela primeira vez durante o serviço da igreja de São Nicolau em Oberndorf bei Salzburg, na Áustria. Hoje, a canção é quase onipresente no Natal, figurando desde 2011 na lista do Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

O poema foi criado em um período difícil para Salzburgo. O então principado eclesiástico independente sofreu diversas ocupações durante as Guerras Napoleônicas. Os conflitos trouxeram caos e fome - em especial no Ano Sem Verão de 1816, quando temperaturas extremamente baixas destruíram plantações na Europa e América do Norte.

Naquele mesmo ano, Salzburgo perdeu sua independência e foi incorporada à Áustria. "As palavras deste cântico foram escritas nestas circunstâncias. Elas expressam uma ânsia por redenção e paz",  explica Peter Husty, curador da exposição Silent Night 200 - The Story. The Message. The Present("Noite Feliz 200 - A História. A Mensagem. O Presente", em tradução livre), no Museu de Salzburgo.

O contexto local não impediu que a canção se tornasse um sucesso em todo mundo. Primeiro a música se espalhou em um manuscrito na região dos autores. Depois, o construtor de órgão Carl Mauracher a levou para Zillertal, um vale em Tirol, onde era cantada por corais. Dali, se alastrou pela Alemanha, Europa e Estados Unidos.

"O Cristianismo levou essa música para o mundo com missionários (protestantes e católicos). Ela virou acessível em muitas línguas e dialetos, tonando-se global", afirma Thomas Hochradner, chefe do Departamento de Musicologia da Universidade Mozarteum, na Áustria, e idealizador da exposição Silent Night 200.

A exibição traz informações detalhadas sobre a canção - como o fato de que ela é cantada por 2 bilhões de pessoas no mundo -, além de objetos que ilustram o estilo de vida no tempo da composição, autógrafos de Mohr e Gruber, e o piano usado para tocar a música.

UMA INFINIDADE DE TRADUÇÕES E ADAPTAÇÕES
A propagação de Stille Nacht em diversos idiomas resultou em traduções nada fiéis ao texto original. Muitas delas são, na verdade, adaptações. A versão em português, por exemplo, foi intitulada Noite Feliz, embora o título real seja algo como "Noite Silenciosa".

OS COMPOSITORES
Mohr nasceu em 1792 em Salzburgo, onde estudou e foi ordenado padre. Em 1815, o religioso tornou-se curador na pequena municipalidade de Mariapfarr. No ano seguinte, escreveu o poema que o tornou conhecido.
Em 1817, Mohr foi transferido para Oberndorf bei Salzburg. Na cidade, o padre conheceu Gruber, nascido em Hochburg em 1787 e que tocava órgão na igreja local. Eles cultivaram uma amizade por toda a vida.
Os dois são tão famosos na Áustria que os locais onde nasceram, trabalharam e morreram possuem memoriais e museus em sua homenagem.

Para celebrar os 200 anos do hit natalino, Hochburg, Mariapfarr, Arnsdorf, Hallein, Oberndorf, Hintersee, Wagrain, Fügen e Salzburgo fizeram uma parceria para uma exposição nacional. "Os austríacos gostam e cantam a canção, principalmente em sua versão original, que difere um pouco daquela mais comum no mundo. É mais uma tradição do que orgulho", afirma Hochradner.
Para Husty, Stille Nacht transcende a religião. "Ela conta a história do nascimento de Jesus. Então é um cântico religioso ao mesmo tempo em que é para a paz no mundo." Fonte: BBC Brasil - 24 dezembro 2018