segunda-feira, 19 de novembro de 2018

Brasil é um dos últimos em ranking de talentos global

A falta de uma política que desenvolva habilidades individuais e a lentidão em absorver as inovações tecnológicas fizeram o Brasil perder seis posições e ocupar os últimos lugares em ranking de talentos do IMD World Competitiveness Center.

De 63 países analisados, o Brasil ficou em 58º lugar, segundo o Ranking Mundial de Talento do IMD. Na edição passada, o país ocupava a 52ª colocação.

O ranking avalia como os países desenvolvem, atraem e retêm talentos para municiar empresas e criar valor no longo prazo.

Segundo o IMD, o país recuou em investimento e desenvolvimento, com reduções em gasto público com educação, em qualidade da educação primária e secundária, na implementação de programas de aprendizes e na priorização de treinamento de funcionários. Fonte: Folha de São Paulo - 19.nov.2018

América do Sul
43        Chile
47        Argentina
52        Peru
58        Brasil
60        Colômbia
63        Venezuela
BRICS – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul
39        China
46        Rússia
47        África do Sul
53        Índia
58        Brasil


Ranking global de talentos

IMD World Competitiveness Center

 Overall Rank 2018
 Countries
 Overall Score 2018
 Overall Rank 2018
 Countries
 Overall Score 2018
1
Switzerland
100.00
32
Italy
62.42
2
Denmark
91.97
33
Korea Rep.
62.32
3
Norway
86.37
34
Saudi Arabia
61.95
4
Austria
86.10
35
Latvia
61.67
5
Netherlands
85.25
36
Lithuania
61.51
6
Canada
84.50
37
Czech Republic
61.02
7
Finland
83.00
38
Poland
60.81
8
Sweden
82.45
39
China Mainland
58.60
9
Luxembourg
81.63
40
Kazakhstan
57.94
10
Germany
81.11
41
Jordan
57.28
11
Belgium
80.54
42
Thailand
55.81
12
USA
79.22
43
Chile
55.07
13
Singapore
78.66
44
Greece
54.98
14
Australia
78.57
45
Indonesia
51.34
15
Cyprus
77.34
46
Russia
48.58
16
Iceland
77.21
47
Argentina
48.07
17
Portugal
76.76
48
Ukraine
47.87
18
Hong Kong SAR
76.62
49
Hungary
47.76
19
Israel
75.86
50
South Africa
47.14
20
New Zealand
74.12
51
Turkey
45.94
21
Ireland
73.93
52
Peru
44.28
22
Malaysia
72.77
53
India
43.28
23
United Kingdom
72.63
54
Croatia
42.74
24
Qatar
71.99
55
Philippines
42.11
25
France
70.85
56
Romania
41.35
26
UAE
70.38
57
Bulgaria
41.34
27
Taiwan
68.28
58
Brazil
40.32
28
Estonia
67.92
59
Slovak Republic
39.63
29
Japan
64.95
60
Colombia
39.37
30
Slovenia
64.69
61
Mexico
38.86
31
Spain
63.34
62
Mongolia
33.35
63
Venezuela
31.91

sábado, 17 de novembro de 2018

Mais de 600 cidades podem ficar sem médicos após saída de cubanos



De acordo com Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde, municípios brasileiros que só contam com profissionais cubanos na rede pública correm o risco de ficar sem atendimento a partir do fim do ano.

Com o fim da participação de Cuba no programa Mais Médicos, pelo menos 611 dos 5.570 municípios brasileiros correm o risco de ficar sem qualquer médico na rede pública a partir do final de dezembro, segundo estimativa do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems). Nestas cidades há apenas profissionais de origem cubana atuando.
Cuba começou a enviar profissionais ao Brasil em 2013. Atualmente, 8,3 mil dos 18,3 mil profissionais que trabalham no programa são cubanos.

O período definido por Havana para o retorno dos médicos será entre o dia 25 de novembro e 25 de dezembro, ou seja, pouco antes da posse de Bolsonaro em Brasília, no dia 1º de janeiro.
Para tentar preencher as vagas que serão abertas com a saída dos profissionais estrangeiros, o Ministério da Saúde disse que publicará um edital nos próximos dias. Além das 8 mil vagas que devem ser preenchidas novamente, há outros 2 mil postos que permanecem em aberto.

O  professor de medicina Felipe Proenço de Oliveira, que coordenou o programa entre 2013 e 2016, afirmou que não acha viável que essas vagas sejam preenchidas apenas com brasileiros. "Não vejo perspectiva que ocorra um preenchimento de todas as vagas com base nessa oferta do edital”, disse.

Segundo o Conselho Federal de Medicina (CFM), há profissionais brasileiros em número suficiente para substituírem os cubanos. O problema é que muitos deles não querem ir para áreas remotas do país.
Na segunda-feira (19/11), representantes do Conasems e do ministério devem se reunir para discutir os detalhes do edital.

Ao anunciar a decisão de deixar o Mais Médicos, Cuba criticou as "declarações ameaçadoras e depreciativas" de Bolsonaro, que durante a campanha chegou a afirmar que expulsaria os médicos cubanos do Brasil.
Na quarta-feira, ao comentar a decisão de Havana de recolher os profissionais de saúde que trabalham no Brasil, o presidente eleito disse que seu governo concederá asilo político a todos os cubanos que desejarem permanecer no país.

Bolsonaro também disse que sua rejeição ao Mais Médicos se dá por razões humanitárias e trabalhistas. Em torno de 70% do salário dos médicos é "confiscado pela ditadura cubana", e cubanos são forçados a viajar sem suas famílias, criticou. "Tem muita senhora desempenhando função de médico, e seus filhos menores estão em Cuba." Fonte: Deutsche Welle – 17.11.2018

Comentário:  Como dizia a minha em boca fechada não entra mosquito.
Médicos cubanos trabalhavam em 62 países no fim de 2016, em 35 dos quais o governo cobrou por seus serviços.
O Anuário Estatístico de Saúde 2016  de Cuba revela que os profissionais cubanos estão em 24 países da América Latina e do Caribe; 27 da África subsahariana; dois do Oriente Médio e da África setentrional; sete da Ásia Oriental e do Pacífico, além de Rússia e Portugal.
Além de Venezuela e Brasil, os mercados mais importantes, os médicos cubanos estão em países como Catar, Kuwait, China, Argélia, Arábia Saudita e África do Sul.
A ilha também oferece serviços gratuitos mediante o chamado Programa Integral de Saúde, destinado a 27 países com menos recursos como Haiti, Bolívia, El Salvador, Guatemala, Nicarágua, Honduras, Etiópia, Congo, Tanzânia, Zimbábue, entre outros.


A fatia de salário recebida pelos profissionais no Brasil é muito superior aos rendimentos dos que trabalham nos arredores de Havana: a renda mensal de um médico em Cuba é estimada entre 25 e 40 dólares, ou o equivalente a R$ 94 e R$ 150.94 e R$ 150. Fonte: EM  17/04/2017

Fonte: EM  17/04/2017

quinta-feira, 15 de novembro de 2018

A Saúva e as Corporações

“Ou o Brasil acaba com a saúva, ou a saúva acaba com o Brasil”. A sentença é atribuída ao botânico e naturalista francês Auguste de Saint-Hilaire (1779-1853), que aqui viveu alguns anos no início do século XIX. Variações posteriores procuram traduzir a conveniência de livrar o país de algo indesejado. Hoje, poder-se-ia aplicá-la às poderosas corporações que se articulam para auferir vantagens em detrimento da sociedade. Como as saúvas, elas viraram praga no setor público: na educação, na saúde, na segurança, no Judiciário, no Ministério Público e, também, em setores do empresariado.

AS ORIGENS DO CORPORATIVISMO
A origem desses grupos remonta à Idade Média. Corporações de ofício regulavam profissões para defender os próprios interesses. Pedreiros, carpinteiros, padeiros e outros só podiam exercer o ofício se fossem membros da respectiva corporação. Elas sumiram no século XVIII com o ambiente de competição associado ao capitalismo.

No século XIX, a teoria do “corporativismo” defendia a organização da sociedade em corporações subordinadas ao Estado. Empregados e empregadores se agrupariam em categorias com representação política e capacidade de controlar pessoas e atividades. A ideia esteve presente na Alemanha e na Áustria, mas foi na Itália que ela vingou, com o fascismo de Benito Mussolini. Nos anos 1920, trabalhadores e empresários foram organizados em pares de corporações que representavam os setores produtivos. A Constituição do Estado Corporativo (1926) subordinou cada confederação de corporações a um ministério específico. O Conselho das Corporações (1936) substituiu a Câmara dos Deputados e a Corte Suprema. O sistema foi desmontado na II Guerra.

No Brasil da ditadura Getúlio Vargas, o fascismo italiano inspirou a Constituição de 1934, que buscava gerir o conflito entre o capital e o trabalho. Os sindicatos de trabalhadores e patrões tornaram-se órgãos oficiais do Estado. Em troca, recebiam regalias, como a receita do imposto sindical. Essa estrutura corporativista desapareceu com a Constituição de 1946, mas o imposto sindical e a Consolidação das Leis do Trabalho ainda sobrevivem.

Hoje, “corporações” são organizações que extraem renda da sociedade mediante atuação que o economista americano Mancur Olson (1932-1988) chamou de “ação coletiva”. É a situação em que pequenos grupos, verdadeiras minorias organizadas, conseguem auferir benefícios de uma maioria difusa e inerte que paga impostos. É a negação da democracia, o governo da maioria.

Dois outros economistas, Aaron Tornell (americano) e Philip R. Lane (irlandês), estudaram o poder de grupos para se apropriar dos recursos fiscais e dominar a economia. É o “efeito voracidade” (voracity effect, título do artigo de defesa da tese). Eles citam como exemplo a ação de grupos como governos regionais que extraem transferências do Tesouro Nacional, poderosos sindicatos que obtêm vantagens excessivas, empresas que conseguem subsídios e proteção, além de redes de corrupção em obras de infraestrutura e outras atividades governamentais. Alguma semelhança com o Brasil?

PRIVILÉGIOS E INEFICIÊNCIA
A ação desses grupos se ampliou por aqui durante os governos petistas. As corporações se esbaldaram. No funcionalismo, o destaque foram os supersalários e as superaposentadorias. No setor privado, prosperaram reservas de mercado e subsídios a torto e a direito. Com greves, polícias estaduais criaram insegurança para obter vantagens inconcebíveis em outras circunstâncias. A corrupção tornou-se sistêmica.

O Brasil é prisioneiro das corporações que inviabilizam a gestão orçamentária, ameaçam a solvência do Tesouro e acarretam ineficiências e desperdícios que inibem o crescimento da economia. Tudo isso se abate mais sobre os pobres. A nação precisa despertar e entender essa nociva realidade e reagir ao poder de fazer estragos de que gozam esses grupos. Exemplo? Proibir greves por categorias como as de policiais, professores, médicos, coletores de lixo e outras que prestam serviços públicos essenciais à população, como em nações sérias. Outro? Restringir a concessão de subsídios e incentivos ao setor privado. Acabar com essa saúva é fundamental. Fonte: Fonte: “Veja”, 4 de janeiro de 2017, Mailson Ferreira da  Nóbrega