A foto batizada como "O Invasor Noturno" rendeu o
prêmio Fotógrafo de Vida Selvagem do Ano na categoria "Animais em Seus
Ambientes" ao geógrafo brasileiro Marcio Cabral. O concurso é feito
anualmente pelo Museu de História Natural de Londres.
O registro de Cabral foi
feito no Parque Nacional das Emas, em Goiás. As luzes verdes são de larvas de
um besouro que vivem nas camadas externas dos cupinzeiros para atrair suas presas,
os cupins. O fenômeno ocorre durante o período de reprodução do inseto, quando
os cupins tomam os céus para acasalar. O tamanduá atacou o cupinzeiro quando
Cabral fotografava o belo cenário composto por um céu estrelado. Fonte: UOL Noticias -
quinta-feira, 19 de outubro de 2017
Comentário:
Brasileiro
acusado de usar tamanduá empalhado em foto perde prêmio internacional
A
foto noturna de um tamanduá se movendo em direção a um enorme cupinzeiro no
Parque Nacional das Emas, em Goiás, que havia sido declarada vencedora do
concurso de Vida Selvagem de 2017, foi desqualificada por supostamente
apresentar uma cena manipulada.
A
imagem, feita pelo geógrafo brasileiro Marcio Cabral, teria usado um animal
empalhado, o que viola as regras, segundo o Museu de História Natural de
Londres, que administra a competição. Cabral nega ter alterado a cena da foto e
alega que há uma testemunha que estava com ele no dia. Segundo ele disse à BBC, outros fotógrafos e
turistas estavam no parque naquele momento e, portanto, "seria muito
improvável que alguém não visse um animal empalhado sendo transportado e
colocado cuidadosamente nesta posição".
Roz
Kidman Cox, presidente do júri do Vida Selvagem do Ano foi dura em suas
críticas.
"Essa
desqualificação deve lembrar aos participantes que qualquer transgressão das
regras e do espírito da competição será descoberta", disse ela.
SUSPEITA
A
imagem do brasileiro, intitulada The Night Raider (O Invasor Noturno, em
tradução livre), havia vencido o prêmio na categoria "Animais em Seus
Ambientes".
As
luzes verdes que aparecem são de um besouro que vive nas camadas externas dos
cupinzeiros para atrair suas presas, os cupins.
A
legenda da foto dizia que a aparição do tamanduá foi inesperada, um "bônus
surpresa".
O
Museu de História Natural de Londres diz que recentemente algumas pessoas
levantaram a suspeita de que a imagem teria sido encenada - e que o intruso
faminto é, na verdade, um modelo empalhado que pode ser visto na entrada da
reserva.
ANÁLISE
DETALHADA
Quando
alertado para essa possibilidade, o museu pediu a cinco cientistas que
revisassem a foto vencedora e a comparassem com o modelo de exibição do centro.
Esses
profissionais, incluindo o especialista em taxidermia do Museu de História
Natural londrino e pesquisadores sul-americanos de mamíferos e tamanduás,
trabalharam separadamente uns dos outros, mas todos chegaram à mesma conclusão
- que se tratava do mesmo animal.
Os
cientistas descobriram que as marcas, as posturas, as morfologias e até mesmo o
posicionamento dos tufos de pelos eram muito semelhantes.
REALIDADE
DA NATUREZA
O
Museu de História Natural diz que Cabral cooperou totalmente com a
investigação, fornecendo imagens RAW (formato cru) tiradas "antes" e
"depois" da cena vencedora. Mas nenhuma delas incluía o tamanduá.
"Infelizmente,
não tenho outra imagem do animal porque é uma longa exposição de 30 segundos e
ISO 5000. Depois que os flashes foram disparados, o animal deixou o local, por
isso não foi possível fazer outra foto com o animal saindo do local totalmente
escuro", explicou Cabral.
As
regras do Vida Selvagem do Ano afirmam que "as imagens não devem enganar o
espectador ou tentar deturpar a realidade da natureza". Dessa maneira, a
fotografia O Invasor Noturno perdeu seu título de vencedora e foi retirada da
exposição com os registros ganhadores da competição.
"Os
próprios jurados são escolhidos para incluir uma gama de habilidades e
conhecimentos, tanto biológicos quanto fotográficos, e são capazes de
questionar a veracidade de uma imagem", acrescentou ela.
"As
regras também deixam claro que a competição defende fotografias honestas e
éticas, e elas são traduzidas em vários idiomas para evitar qualquer mal-entendido."
Fonte: BBC Ciência-27/04/2018