Candidato da oposição de centro-direita, Sebastián Piñera derrotou
o governista Eduardo Frei e se elegeu presidente do Chile ao obter 51,61% dos
votos, com 99% das urnas apuradas. A Concertación, coligação de Frei, estava no
poder desde 1990, quando terminou a ditadura violenta do general Augusto Pinochet.
Os números têm como base a última parcial divulgada pelo
Ministério do Interior, em que são reunidos os votos de 99,2% das 34.325 urnas
montadas para o processo de hoje.
O coordenador da campanha de Piñera, Rodrigo Hinzpeter, agradeceu
aos eleitores e, em uma mensagem de tom conciliador, expressou respeito aos
chilenos que optaram por Frei.
"Respeitamos profundamente a opção destas pessoas e
precisamos delas. Todos os que votaram em Eduardo Frei serão parte de nosso
governo de unidade nacional", afirmou. "Neste governo há espaço para
todos os que querem trabalhar e fazer do Chile um país mais justo e mais
alegre. A partir de amanhã, somos todos irmãos chilenos", ressaltou
Hinzpeter.
Reunido com as lideranças de sua campanha em Santiago, Frei já reconheceu a derrota e parabenizou
o rival.
"A eleição terminou e os resultados deixam em evidência a
solidez de nossa democracia. Foi uma eleição limpa e transparente, e a maioria
dos chilenos deu seu apoio a Sebastián Piñera", disse ele, que já havia
sido presidente entre 1994 e 2000.
Biografia
Um dos homens mais ricos e poderosos do Chile, o economista e
empresário Miguel Juan Sebastián Piñera Echenique, 69, do partido da Renovação
Nacional, nasceu em 1º de dezembro de 1949, em Santiago.
Com uma fortuna avaliada em US$ 1,2 bilhão pela Forbes, o
centro-direitista é acionista majoritário da LAN Airlines --maior empresa aérea
do Chile--, dono da rede de televisão Chilevisión, além de ser acionista e
diretor do Colo Colo, clube de futebol mais popular do país. Por estes fatos,
Piñera é costumeiramente comparado com o premiê italiano Silvio Berlusconi,
embora o chileno refute essa associação.
Entre 1971 e 1990, enquanto crescia como empresário, Piñera foi
professor de economia na Universidad de Chile, Pontificia Universidad Católica
de Chile e Universidad Adolfo Ibáñez. Seu envolvimento com a política começou
na década de 1970, quando era simpatizante do partido Democracia Cristã,
fundado por seu pai, curiosamente a mesma legenda do seu rival nas atuais
eleições.
Embora não fosse opositor do regime ditatorial de Pinochet, o
centro-direitista apoiou a campanha do "não" para a continuação do
governo do ditador no plebiscito de 1988. Nas eleições presidenciais de 1989,
foi o chefe de campanha de Hernán Büchi, ministro de Pinochet e candidato da
direita à sucessão. No mesmo ano, elegeu-se Senador pelo partido da Renovação
Nacional, assumindo o cargo entre 1990 e 1998.
Em 2005, disputou pela primeira vez as eleições presidenciais, mas
foi derrotado no segundo turno por Bachelet, que obteve 53,5% dos votos
válidos, contra 46,5% de Piñera. Já em 2009, o direitista foi o mais votado no
primeiro turno da eleição para presidente, com 44% dos votos, contra 29,6% de
Frei, 20,13% do independente Marco Enríquez-Ominami e 6,21% de Jorge Arrate,
candidato do Partido Comunista.
Apesar de sua ligação com antigos representantes do regime de
Pinochet, Piñera prometeu que "não haverá nenhum ministro do governo
militar". O candidato de centro-direita ponderou e disse também não ser
"um delito nem um pecado ter colaborado de forma leal e honesta" com
o regime de Pinochet, desde que não tenham sido cometidas violações aos
direitos humanos".
Durante a campanha, as principais promessas de Piñera foram a
criação de um milhão de empregos, o incentivo à iniciativa privada, o
enfrentamento ao crime e ao narcotráfico e a melhoria dos sistemas de saúde e
educação. O candidato da direita também se apoiou em um suposto desgaste da
Concertación, que há 20 anos está no poder no Chile.
No último debate transmitido pela televisão, Piñera afirmou que se
livrará de parte dos negócios: "já disse um milhão de vezes e volto a
dizer: vou vender a LAN antes de assumir como presidente. A Chilevisión será
transferida para uma fundação sem fins lucrativos, mas continuarei como
acionista e diretor do Colo Colo", disse. Fonte: UOL Notícias-17/01/2010