segunda-feira, 26 de dezembro de 2022

Ucrânia : O que foi o Holodomor?

A palavra ucraniana Holodomor significa "morte por inanição" e se refere ao período da grande fome vivenciada entre os anos de 1932 e 1933 na então República Socialista Soviética da Ucrânia.

As causas da tragédia estão na coletivização da agricultura, na introdução de cotas inalcançáveis de entrega da produção ao Estado e na perseguição aos agricultores, sobretudo os antigos culaques, no regime do ditador comunista Josef Stalin, durante os primeiros anos do comunismo, no âmbito do que o próprio Stalin chamaria depois de "revolução a partir de cima".

Um número entre 3,5 milhões e 3,9 milhões de pessoas morreram de fome na Ucrânia, que tinha então uma população em torno de 30 milhões. Em toda a União Soviética, o número de mortos pela fome ficou entre 6 milhões e 8 milhões.

Na Ucrânia, as áreas mais atingidas foram as então regiões de Kiev e Kharkiv, bem como a Moldávia, então uma república autônoma.

COLETIVIZAÇÃO DA AGRICULTURA

As origens do Holodomor estão na violenta transformação da agricultura na União Soviética, que havia começado já em 1929, com a coletivização forçada das propriedades rurais. Surgiram os chamados colcoses (colcoz, no singular), as propriedades rurais coletivas do regime comunista soviético.

Muitos agricultores resistiram à coletivização, que acabou sendo feita à força pelo regime soviético. Entre os que resistiram estavam os culaques, agricultores ricos que os comunistas viam como um bastião do capitalismo. Milhares deles foram detidos e enviados para prisões na Sibéria.

Depois de uma safra boa no ano de 1930, a colheita ruim do ano seguinte logo deixaria claro o que significava, na prática, a coletivização agrícola no comunismo soviético.

O regime em Moscou continuou cobrando dos agricultores uma cota fixa de produção, sem considerar se a colheita era boa ou ruim, apelando até mesmo para o confisco de sementes e de cereais forrageiros.

Essa situação se agravou ainda mais em 1932, com uma nova colheita abaixo da média. Se os agricultores não entregassem a cota de produção para Moscou, comandos armados iam até eles para retirar a produção à força.

Mas, mesmo com toda a rigidez aplicada pelo regime para a cobrança, na ampla maioria dos colcoses a cota de produção não podia ser alcançada. Moscou acusava os agricultores de sabotagem e, a partir de 1932, instituiu o terror entre a população rural, com confisco de alimentos, isolamento de regiões inteiras e impedindo, de forma violenta, que a população faminta deixasse o campo rumo às cidades.

Correspondências entre lideranças comunistas mostram que o regime, ciente das mortes por inanição, não apenas nada fazia para impedi-las como ainda as via como medida disciplinatória necessária para que os agricultores aceitassem o trabalho nas fazendas coletivas, que haviam sido criadas à força.

A propaganda do regime afirmava que os agricultores boicotavam o trabalho nos colcoses, escondiam a produção e a vendiam ilegalmente a preços elevados. Assim justificava-se o envio dos comandos armados para o confisco. Estes levavam todos os produtos alimentícios que encontrassem nos vilarejos.

A polícia secreta GPU chegava de surpresa nos vilarejos e inspecionava os galpões. Se algo fosse encontrado, os acusados eram submetidos a um processo sumário e condenados à cadeia ou até mesmo à morte.

Na verdade, o que eventualmente se encontrava eram alimentos que os agricultores haviam escondido para garantir a própria subsistência. Quando também estes eram confiscados, o que restava era morrer de fome.

EM ESPECIAL, A UCRÂNIA

Não só a Ucrânia foi atingida. Também o Cáucaso Norte, a região do rio Volga e a República Soviética do Cazaquistão sofreram com a fome. Um quarto da população do Cazaquistão, ou em torno de 2 milhões de pessoas, morreu.

Mas o terror stalinista atingiu sobretudo a República Soviética da Ucrânia. Por exemplo por meio do isolamento de vilarejos em meio à fome, o que foi ordenado por Stalin apenas para a Ucrânia e para o Cáucaso Norte.

Stalin temia a resistência dos ucranianos à política de coletivização. Numa carta de agosto de 1932, ele escreveu que o Partido Comunista da Ucrânia era cheio de "elementos podres" que estavam apenas aguardando o momento para atacar Moscou. "Se não colocarmos agora a situação na Ucrânia em ordem, arriscaremos perder a Ucrânia", afirmou.

Ainda em 1932, Stalin ordenou uma "limpeza" no aparato do partido comunista na Ucrânia e a perseguição de supostos nacionalistas. Alguns historiadores falam em "guerra de Stalin contra a Ucrânia". Inúmeros intelectuais, escritores, artistas, professores e cientistas foram vítimas dessa perseguição, cujo apogeu foi em 1933. Todos eram suspeitos de defender uma maior autonomia para a Ucrânia e, talvez, até mesmo querer a separação da Ucrânia da União Soviética.

UM TABU NA UNIÃO SOVIÉTICA

Na União Soviética, o Holodomor se tornou um tabu. Declarações públicas eram proibidas. O tema simplesmente não era abordado. Mesmo na época de Nikita Kruschev, quando alguns crimes stalinistas foram tematizados, o Holodomor continuou sendo um tabu. Somente no fim dos anos 1980, com Mikhail Gorbatchov, essa situação começou a mudar.

Na historiografia da Ucrânia, o Holodomor ocupa uma posição central desde a independência do país, em 1991. Em muitas cidades foram erguidos monumentos às vítimas, incluindo a capital, Kiev.

Em 2006, na presidência de Viktor Yushchenko, o Holodomor foi declarado um genocídio, e negá-lo é crime. Pesquisas mostram que a maioria dos ucranianos concorda que o Holodomor foi um genocídio.

O DEBATE SOBRE GENOCÍDIO

Durante muitos anos se debateu se o Holodomor foi ou não foi um genocídio, e mesmo hoje não há consenso entre especialistas. Consenso existe, porém, de que ele foi causado pelo regime comunista de Stalin.

A Convenção para a Prevenção e a Repressão do Crime de Genocídio, das Nações Unidas, define genocídio como "atos cometidos com a intenção de destruir, no todo ou em parte, um grupo nacional, étnico, racial ou religioso".

Isso implica, no caso da Ucrânia, que deve ser demonstrável que o terror stalinista se voltava contra a etnia ucraniana e tinha a intenção de exterminá-la, no todo ou ao menos em parte.

Os que argumentam contra o genocídio lembram que entre as vítimas não há apenas ucranianos e que também em outras regiões, além da Ucrânia, ocorreram mortes por inanição naqueles anos.

Além disso, afirmam, não há nenhum documento no qual Stalin ordene o extermínio dos ucranianos.

Os que argumentam a favor lembram que a convenção da ONU não fala no extermínio da totalidade de um grupo nacional ou étnico e que basta, para o crime de genocídio, que apenas uma parte dos ucranianos (no caso, os agricultores) tenha sido propositalmente atingida.

Além disso, o fato de que outros grupos estejam entre as vítimas não enfraquece a tese de genocídio, pois esta não requer exclusividade. Também no Holocausto não foram mortos apenas judeus.

E, sobre a intenção, mesmo reconhecendo não haver qualquer documento de Stalin ordenando um extermínio, os partidários da tese afirmam que medidas adotadas, e documentadas, como o confisco de todos os alimentos ou o isolamento de vilarejos em fome, equivalem a uma ordem para matar.

Em 30 de novembro de 2022, o Bundestag (Parlamento da Alemanha) reconheceu o Holodomor como genocídio. Fonte: Deutsche Welle – 21.12.2022

terça-feira, 20 de dezembro de 2022

História: 1916: Alemães suspendem mais sangrenta batalha da 1ª Guerra


Em 15 de dezembro de 1916, depois de quase dez meses de batalha, os militares alemães suspenderam a grande ofensiva de Verdun, cujo número de mortos é estimado em mais de 600 mil.

Quando, em meados de dezembro de 1916, as detonações de granadas e canhões cessaram no campo de batalha de Verdun, no nordeste da França, chegavam ao fim 300 dias e noites de luta entre alemães e franceses.

Não há dados exatos sobre o número de mortos nas batalhas de Verdun, nos combates para tomar o Forte Douaumont e os povoados de Fleury, Vaix, Froideterre e Vauxquois, mas se estima que tenha ultrapassado os 600 mil. Hoje, o cemitério militar de Douaumont tem afixadas 15 mil cruzes, enquanto no ossário estão os restos mortais de mais de 100 mil mortos nas batalhas.

A Batalha de Verdun havia começado no dia 21 de fevereiro de 1916. A artilharia alemã, chefiada pelo general Erich von Falkenhayn, abriu fogo contra as fortificações francesas em torno de Verdun, no lado direito do rio Mosa. Os 1,5 mil canhões lançavam projéteis ininterruptamente contra os inimigos. Depois de poucos dias de ofensiva, o plano de desgastar o contingente francês revelou-se um fracasso.

Impiedosa guerra de trincheiras

Apesar de alguns avanços, os alemães não conseguiram penetrar nas linhas francesas. O marechal Joffre e o general Petain barraram a ofensiva de Falkenhayn. Começou aí uma impiedosa guerra de trincheiras, com a explosão de 60 milhões de granadas e o uso de gases tóxicos. Jovens soldados de baionetas em punho enfrentaram rajadas de metralhadoras e desafiaram a morte nas lutas corpo a corpo.

No final de 1916, ficou evidente que a guerra não seria decidida pela conquista de alguns quilômetros quadrados. Tanto os invasores alemães como as tropas francesas haviam sofrido perdas enormes. Também não houve conquistas significativas nas batalhas seguintes da Grande Guerra, como os franceses ainda chamam o conflito, enquanto os alemães dizem Primeira Guerra Mundial.

O fator decisivo foi o ingresso dos Estados Unidos, depois que um submarino de guerra alemão bombardeou navios americanos. No dia 11 de novembro de 1918, finalmente, depois de 8,5 milhões de mortos, o Deutsches Reich reconheceria oficialmente a derrota. Fonte: 15 de dezembro de 2022




Coronavírus: Situação do Brasil até 19 de dezembro de 2022

Coronavírus: Situação do Estado de São Paulo até 19 de dezembro de 2022

 

quinta-feira, 15 de dezembro de 2022

Atendimento predominante em hospitais de SP segue sendo para covid-19

Pesquisa do Sindicato dos Hospitais do Estado de São Paulo (SindHosp) mostra que o atendimento predominante em hospitais paulistas continua sendo o de pacientes com covid-19.

De acordo com o levantamento divulgado hoje (13), que ouviu 87 hospitais privados do estado de 1º a 10 de dezembro, os atendimentos de pacientes com covid-19 representam 55% da assistência prestada no período. Esse número era 49% em novembro.

A pesquisa mostra ainda que 95% dos hospitais ouvidos registraram aumento de pacientes com suspeita de covid-19. No mês passado, era 84%.

“Os casos de pacientes com suspeita de covid-19 cresceram em relação ao mês anterior, mas evoluem sem gravidade, não necessitando de internação hospitalar. No entanto, ratificamos a necessidade de que a população use máscara em locais com aglomerações e mantenha o protocolo de segurança à saúde com a lavagem de mãos e cumpra o calendário de vacinação especialmente neste período de festas, pois há tendência de aumento da doença”, destaca o médico Francisco Balestrin, presidente do SindHosp. Fonte: Agência Brasil - São Paulo - Publicado em 13/12/2022 

sexta-feira, 9 de dezembro de 2022

Mortes em 2021 cresceram 16,9% no Brasil com covid-19

 O número de mortes no Brasil saltou 16,9% com a pandemia de covid-19 em 2021. O percentual foi maior que em 2020, quando houve um aumento de 15,3%. Nos dez anos antes da pandemia, a alta média anual de óbitos no Brasil foi de 1,1%.

Somente em 2021, mais de 420 mil brasileiros morreram em decorrência da doença, o dobro de 2020. Os dados fazem parte da Síntese de Indicadores Sociais (SIS): uma análise das condições de vida da população brasileira 2022, divulgada hoje (2), no Rio de Janeiro, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Em 2020 e 2021, o Brasil teve 22,3 milhões de casos de covid-19 e mais de 600 mil óbitos causados pela doença. Foram 7,7 milhões de casos e aproximadamente 200 mil mortes em 2020 e 14,6 milhões de casos e 420 mil mortes em 2021.

Segundo a publicação, a análise da mortalidade causada pela pandemia mostrou expansão de 102,3% nos óbitos entre 2020 e 2021. A maioria das mortes ocorreu entre homens, alcançando 57,2% em 2020 e 55,5% em 2021. No segundo ano da pandemia houve uma alta de 105,2% nos óbitos entre as mulheres.

Cor da pele

Os grupos mais acometidos em 2020 pela covid, de acordo com a SIS, foram homens pretos ou pardos (27,5%) e os homens brancos (27,2%), seguidos das mulheres brancas (21,5%) e mulheres pretas ou pardas (19,6%). Em 2021, essa distribuição foi alterada: homens brancos foram maioria (30,8%), seguidos das mulheres brancas (25,3%), homens pretos ou pardos (22,8%) e mulheres pretas ou pardas (17,8%).

Os dados mostram, ainda, os impactos da vacinação. A incidência da covid começou a diminuir a partir de meados de junho de 2021, quando a vacinação com a primeira dose atingiu 30,4% da população. A taxa de incidência apresentou tendência a queda, registrando 240,3 por 100 mil. Esse nível de vacinação também contribuiu para desacelerar a trajetória da taxa de mortalidade.

Em termos regionais, a publicação mostra que houve diferenças tanto em termos de cobertura populacional das políticas municipais, quanto em termos de número de casos, internações e óbitos relacionados à covid. Na região Sudeste, por exemplo, 90,7% da população, viviam em municípios onde o número de leitos foi ampliado para atender à demanda por internação por covid. Já na região Nordeste, esse percentual cai para 81,6%.

Menos leitos

De acordo com a SIS, o número de leitos de internação no Sistema Único de Saúde (SUS) por mil habitantes caiu de 2010 a 2021, passando de 1,73 leito SUS (Sistema Único de Saúde) em 2010 para 1,47 em 2021. O menor valor foi observado em 2019: 1,42 leito. Já a taxa de leitos não-SUS por mil beneficiários de planos de saúde era de 8,93 em 2010 e foi para 4,86 leitos em 2021. “Cabe avaliar como se comportaram indicadores vinculados ao tamanho da população, pois a disponibilidade de infraestrutura e equipamentos pode estar aquém do crescimento populacional”, diz a Síntese.

A SIS reúne indicadores que ajudam em um conhecimento amplo da realidade social do Brasil. A publicação utiliza dados de estudos do IBGE, como a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) e a Pesquisa de Informações Básicas Municipais, além de dados de fontes externas como o Ministério da Saúde e a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), e informações de organismos internacionais como a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Fonte: Agência Brasil - Rio de Janeiro -Publicado em 02/12/2022  

quarta-feira, 7 de dezembro de 2022

Coronavírus: Situação do Estado de São Paulo até 5 de dezembro de 2022

 

Coronavírus: Situação do Brasil até 5 de dezembro de 2022

 
VACINAÇÃO Segundo o Ministério da Saúde, foram aplicadas até agora 494,46 milhões de doses de vacina. Desse total, 181,06 milhões são de primeira dose, 163,51 de segunda dose e 5,02 milhões de doses únicas. Também foram aplicadas 101,51 milhões de doses de reforço, 38,43 milhões de segunda dose e 4,91 milhões de doses adicionais. Fonte: Agência Brasil – Brasília- Publicado em 05/12/2022