Em sua admissão de culpa, Cesare Battisti, ex-integrante do
grupo terrorista Proletários Armados pelo Comunismo (PAC), disse ao procurador Alberto Nobili que usara
suas declarações de inocência para "obter apoios da extrema-esquerda na
França, no México, no Brasil e do próprio Lula". "Não tive nenhuma
cobertura oculta", acrescentou. O italiano também afirmou que já sabia que
as coisas mudariam para ele com a eleição de Jair Bolsonaro.
As declarações foram feitas durante sua confissão de quatro
homicídios pelos quais foi condenado à prisão perpétua na Itália.
"Battisti admitiu ter participado diretamente dos quatro homicídios, sendo
que foi o executor material em dois deles", disse Francesco Greco, chefe
do Ministério Público de Milão.
Battisti foi condenado na Itália por terrorismo e
participação em quatro assassinatos cometidos na década de 1970, período
marcado por uma intensa violência política e conhecido como "Anos de
Chumbo".
OS CRIMES
A primeira vítima foi Antonio Santoro, um marechal da
polícia penitenciária de 52 anos. Ele vivia uma vida tranquila com a mulher e
três filhos em Údine, mas, em 6 de junho de 1978, foi morto pelo PAC.
Segundo os investigadores, os assassinos o esperaram na
saída da prisão e o balearam. A Justiça diz que Battisti e uma cúmplice foram
os autores dos disparos, e os dois teriam trocado falsas carícias até o momento
do atentado.
Em 16 de fevereiro de 1979, o grupo fez uma ação dupla,
assassinando o joalheiro Pierluigi Torregiani, em Milão, e o açougueiro Lino
Sabbadin, em Mestre, parte de Veneza que fica em terra firme. Tanto Torregiani
quanto Sabbadin haviam matado ladrões a tiros em tentativas de roubo, e os
atentados teriam sido uma vingança.
A quarta vítima foi o policial Andrea Campagna, morto a
sangue frio em 19 de abril de 1979, em Milão.
FUGA
Após a condenação, ele passou quase 40 anos foragido. Boa parte desse período foi vivido no Brasil,
onde ele chegou a ganhar refúgio do então ministro da Justiça, Tarso Genro. A
decisão seria revogada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), mas Luiz Inácio
Lula da Silva, no último dia de seu segundo mandato, decidiu autorizar sua
permanência no país.
Em liberdade, Battisti iniciou uma existência tranquila em
Cananeia (SP), teve um filho e contou com apoio constante de militantes de
esquerda que defendiam sua inocência.
Em todo o seu período de fuga, Battisti sempre se declarou
inocente e dizia ser vítima de um "processo político". Após o então
presidente Michel Temer ter ordenado sua extradição, em dezembro passado, ele
fugiu para a Bolívia, onde seria detido no mês seguinte.
Atualmente, Battisti cumpre pena de prisão perpétua na
penitenciária de Oristano, na Sardenha, em regime de isolamento diurno por seis
meses. Ele tenta converter a sentença para 30 anos de prisão, pena máxima da
legislação brasileira. Fonte: UOL Noticias - 25/03/2019
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