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quarta-feira, 30 de agosto de 2017

A História dos Óculos

Os primeiros registros históricos sobre a existência das lentes foram pelos chineses 500 aC. Eram usadas como adornos coloridos por nobres, pois não possuíam grau.
Na Idade Média os monges começaram a usar a chamada “pedra de leitura” feita em cristal para aumentar o tamanho das letras (eram as lupas primitivas). Há relatos que o Imperador Nero colocava uma pedra polida na frente dos olhos para ver os duelos, contam que deveria ser uma pedra de esmeralda que amplificava sua visão para correção de uma provável miopia.

Somente no século XIII na Alemanha , surge o primeiro par de lentes unidas por rebites ou aro em compasso que se apertava sobre o nariz para se posicionar na frente dos olhos. Foi sucesso de vendas na Itália e por isso os italianos passaram a ser considerados os inventores dos óculos.

No século XV surgiram os óculos com haste lateral que eram colocadas na frente dos olhos somente para leitura. Foram usados por présbitas cultos, por isso era sinônimo de inteligência, status e nobreza. Os óculos com hastes curtas eram usados por homens casados e os de hastes longas pelos solteiros. Modelos femininos também surgiram com hastes longas.

A partir de 1700 foram testados vários materiais para tornar os aros mais confortáveis e diminuir o peso sobre o nariz: osso, chifre, madeira ,couro, cobre etc. Nesta época surgiram alguns modelos com hastes e o óculos começaram a ser usados na correção dos olhos míopes. Estudiosos tiveram uma melhor compreensão dos princípios da refração da luz e houve a invenção do bifocal por Benjamin Franklin em 1730.

No fim do século XIX as lentes dos óculos começaram a ser fabricadas com vidros de melhor qualidade óptica (vidro Crown) que é usado até hoje em alguns casos, por ser resistente aos riscos, mas como é um material mais pesado e quebrável veio sendo substituído pelas resinas , que são materiais plásticos com maior leveza e resistência ao impacto . No século XX inicia-se o modismo dos óculos, a preocupação com a estética e o conforto das armações. Fonte: Portal da Retina 

domingo, 27 de agosto de 2017

Um único doador de sêmen com mais de 100 filhos

Um único doador de sêmen holandês que visitou ilegalmente 11 centros de fertilidade do país é o pai confirmado de pelo menos 102 filhos. Outro decidiu dividir suas doações entre duas clínicas e também acumula uma grande prole. O caso dos dois, que supostamente agiram fora do circuito legal de saúde, somando uma cifra exorbitante de descendentes, reabriu o debate sobre a necessidade de se criar um registro nacional de doadores que evite essas fraudes. Nos últimos meses, a Holanda tem sido palco de diferentes escândalos relacionados a doação de sêmen.

Segundo a lei holandesa, os doadores anônimos de sêmen só podem oferecer seus serviços 25 vezes na mesma clínica com um pagamento por doação de 25 euros. O objetivo é evitar os problemas de consanguinidade que um possível encontro na vida adulta dos filhos resultantes acarretaria. A norma é clara, mas apresenta uma lacuna legal: não há um registro de doadores, e por isso os especialistas pediram ao Governo que estabeleça por fim um registro oficial.

O super doador, que prefere se manter anônimo, declarou ao jornal Algemeen Dagblad que fez isso durante uma década, e que as diferentes clínicas não costumavam perguntar a ele se tinha visitado outra antes. Se faziam, ele dizia que não, e acrescenta que deveriam estar agradecidos a ele. “Se sua amostra passa nos exames de idoneidade, já ficam muito felizes. E meu sêmen era aceito de imediato. Além disso, as coisas também são complicadas depois. Sei que um dos bancos de esperma utilizou o meu em 35 ocasiões, em vez das 25 permitidas”, acrescentou.

Também afirma que “não queria ter o maior número de filhos possível; queria fazer as pessoas felizes”. Do segundo doador se sabe que foi a quatro lugares e seu casal de filhos está com casais que conheceu pela Internet. De qualquer forma, como os dois operam nas redes sociais, é provável que sua prole seja até maior.

A Associação Nacional de Ginecologistas, que pediu que deixem de ser usadas as amostras de ambos, foi alertada por um grupo de mães solteiras que ficaram grávidas fora dos canais oficiais. Elas não explicaram como tinham descoberto a fraude, mas “disseram que os dois homens tinham tido dezenas de filhos”, segundo os médicos. A Inspeção do Ministério da Saúde abriu uma investigação, e a pergunta que todo mundo se faz é por que não se abre de uma vez um registro nacional para que as clínicas cruzem seus dados e possam evitar as múltiplas paternidades.

Há quatro anos, o Conselho de Saúde sugeriu a abertura desse serviço, mas a situação continua parada. A ministra da Saúde em exercício, Edith Schippers, é partidária da criação do registro, mas a Holanda ainda não conseguiu formar um Governo desde as eleições de março passado.

O MÉDICO QUE INSEMINOU EM SEGREDO DEZENAS DE MULHERES
As doações de sêmen deixaram de ser anônimas em 2004, e o Governo pediu que os que o fizeram antes revelassem sua identidade. “Para os filhos é terrível não sabem quem é seu pai”, afirma. O novo escândalo se soma às atividades de Jan Karbaat, médico de Roterdã já falecido, que inseminou em segredo com seu sêmen dezenas de mulheres em sua própria clínica.

O caso chegou aos tribunais, e um grupo de 25 supostos filhos conseguiu que os juízes lhes permitissem colher amostras de DNA de seu suposto progenitor. Foram cotejadas com as deles. Outros 18 jovens já sabem que são irmãos, e todas as mães eram pacientes de Karbaat. Pai legal de 22 filhos, ele pode ter até uma centena a mais de forma ilegal. Fonte: El Pais - Haia 25 AGO 2017

Chuvas inesperadas transformam deserto mais seco do mundo em tapete florido

“Desierto florido”. É desta forma que os chilenos apelidam um exuberante fenômeno natural que cobre de flores o mais seco deserto do planeta. Esta temporada, considerada a mais intensa das últimas duas décadas, foi provocada por chuvas intensas e inesperadas que atingiram o norte do país durante o inverno e transformaram o Atacama num tapete colorido.

Normalmente, o espetáculo da natureza acontece a cada cinco ou sete anos, mas a última florada aconteceu em 2015, tornado o fenômeno deste ano completamente inesperado. As sementes passam anos enterradas no solo seco do deserto, e germinam nas escassas temporadas de chuvas.

Segundo a Corporação Nacional de Florestas (Conaf), o “desierto florido” deve ter sido provocado pelo El Niño do ano passado, que alterou o regime de chuvas na região. Em maio, fortes chuvas atingiram o deserto, principalmente na província de Huasco. As cerca de 200 espécies diferentes de flores são endêmicas do Atacama e protegidas por lei.

Como o espetáculo atrai muitos turistas, a Conaf realiza ações de fiscalização constantes, para identificar problemas e conscientizar os visitantes sobre a impportância da proteção das espécies vegetais únicas e ecossistemas associados ao “desierto florido”.

— É espetacular, mas deve-se ter precaução: não pisar nas plantas, carregar o lixo — comentou o turista Filomeno Astudillo, ao portal da Conaf. — Acho muito bom que as autoridades estejam no campo para incentivar o cuidado e o turismo.

De acordo com o Servicio Nacional de Turismo, os melhores locais para observação são o Parque Nacional Llanos de Challe, a rota costeira entre Caldera e Huasco, e o Parque Nacional Pan de Azúcar. As flores começaram a desabrochar no fim de julho, mas o ápice acontece entre a segunda semana de agosto e a primeira quinzena de setembro. A expectativa é que 25 mil turistas visitem o Atacama neste ano, 25% a mais que em 2016.  Fonte: O Globo-24/08/2017

quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Com ou sem crise, a ‘marvada’ está lá

Água que passarinho não bebe, marvada, caninha, pinga são apenas alguns dos inúmeros apelidos de uma das mais tradicionais bebidas brasileiras: a cachaça. No Brasil, essa aguardente de cana de açúcar é servida muitas vezes em doses puras, mas foi a caipirinha que deu a ela transcendência mundial e lugar cativo na carta de bebidas de qualquer restaurante.

Hoje o Brasil produz cerca de 800 milhões de litros por ano. São cerca de 12.000 produtores no país, mas existem estimativas de associações regionais que elevam esse número para quase 15.000. No entanto, devidamente registrados no Ministério de Agricultura e Receita Federal são menos de 2.000 estabelecimentos, com 4.000 marcas.

Um das mais bem sucedidas é, sem dúvida, a Companhia Müller de Bebidas, dona da conhecida Cachaça 51. Sediada na região de Pirassununga, no interior de São Paulo, a companhia é hoje a maior produtora do segmento. Lidera as vendas no Brasil e também reina no mercado internacional em países como Espanha, Portugal e Itália, surfando no sucesso da caipirinha.

No ano passado, as exportações da Cachaça 51 cresceram em volume 13,8%, quase o dobro da média nacional das suas concorrentes brasileiras, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro da Cachaça (Ibrac):
No mercado espanhol, por exemplo, a marca representou mais de 40% de toda a cachaça brasileira consumida pelos espanhóis.
Em Portugal, metade da cachaça vendida no país foi da marca.
Na versão exportação, a bebida tem graduação alcoólica de 40% vol (no Brasil é 39%), não é adoçada e é 100% destilaria própria. A companhia já exporta para mais de 50 países e os planos são de continuar investindo em novos mercados.

No Brasil o consumo também é grande. A cada hora são servidos 374.000 doses de Cachaça 51 em algum ponto do país. A companhia possui uma rede de distribuição que abastece mais de um milhão de pontos de vendas, como bares, restaurantes, barracas de praia e padarias.

O êxito da marca se deve em grande parte ao seu fundador Guilherme Müller Filho. Brasileiro de origem alemã, ele fundou a empresa em 1959 e nunca tirou os olhos do seu produto. Enquanto o sócio cuidava da área financeira, era ele quem, no seu fiel caminhão Ford F8, transportava em tanques de madeira a cachaça produzida para os consumidores e empresas. A fórmula deu certo e o negócio prosperou. A origem do nome numérico "51" sempre foi alvo de lendas entre os apreciadores da "marvada" deixando a marca mais atraente.

A empresa que hoje é propriedade dos filhos de Müller, Luiz Augusto e Benedito - que travam disputas na Justiça pela herança herdada –, espera conquistar um marco inédito neste ano.

A Cia Müller deve atingir a maior safra da sua história, já que estima processar 630.000 toneladas de cana de açúcar em seus canaviais. A super safra vai permitir que a destilaria envase, pela primeira vez, 100% da cachaça com cana totalmente própria. "Com isso, a Cia Müller mantém o controle de qualidade em todas as etapas de produção da cachaça", explica Rodrigo Carvalho, diretor comercial de marketing, que calcula um faturamento de 766 milhões de reais da companhia em 2017. Com a autonomia, a expectativa também é que a média de produção de 200.000 litros de cachaça por ano seja mantida.

A conquista, no entanto, acontece em um momento no qual o mercado de cachaça vem padecendo uma pequena queda no Brasil. "A crise econômica tem prejudicado de forma generalizada todas as categorias. Nos últimos anos, o mercado de cachaça sofreu um declínio de volume de 3,5% ao ano. Mas, ao mesmo tempo, se observa um crescimento de consumo das chamadas cachaça premium, que são produtos mais sofisticados com maior valor agregado", ressalta Carvalho. Visando esse segmento em ascensão, a empresa desenvolveu, há oito anos, a linha Reserva 51, envelhecida de quatro a cinco anos em barris de carvalho e finalizada em barris de vinho.

HERANÇA COLONIAL
Apesar da sofisticação atual de algumas cachaças, a bebida sempre foi popular e acessível. Criada há cerca de 500 anos, no início da colonização portuguesa, a cachaça é a segunda bebida mais consumida no país tropical, ficando atrás apenas da cerveja. São várias as versões existentes sobre a origem da bebida. Uma delas é que ela foi descoberta, por acaso, pelos escravos que trabalhavam na moagem da cana para produzir açúcar. Eles teriam deixado armazenar o caldo que se formava durante a primeira fervedura da cana e resolveram experimentar o líquido. Os escravos teriam sido os primeiros a se apaixonarem pela bebida que agradou também aos portugueses que começaram a levar a aguardente para Portugal. Fonte: El País - São Paulo 21 AGO 2017 

segunda-feira, 21 de agosto de 2017

Eclipse Solar: uma escuridão mágica cruza os Estados Unidos

A coroa do sol é visível à medida que a lua passa
em frente ao sol durante  o eclipse solar total no
rancho Big Summit Prairie, na Floresta Nacional Ochoco,
no Oregon, perto da cidade de Mitchell. 
O silêncio e a emoção invadiram os Estados Unidos na segunda-feira da costa oeste à leste. Uma sombra cruzou o país em diagonal em 92 minutos. O primeiro eclipse solar total que cruza os EUA em 99 anos foi um espetáculo de sensações mágicas que atraiu milhões de pessoas.

Em Isle of Palms, uma pequena ilha nos arredores de Charleston (Carolina do Sul), centenas de pessoas se reuniram na praia para observar o evento astronômico. Por cerca de uma hora e meia o Sol foi desaparecendo lentamente. Às 14h46 hora local (15h46 horário de Brasília), durante dois minutos e um segundo, ficou de noite: a lua esteve na frente do Sol impedindo que este fosse visto. Após essa escuridão, o Sol gradualmente reapareceu enquanto o eclipse deixava os EUA e entrava no Oceano Atlântico.

Na verdade, os dois minutos e um segundo de escuridão pareceram muito curtos. A lua situada na frente do sol criou uma coroa de luz branca extremamente brilhante. As pessoas gritavam eufóricas. O mundo pareceu parar. A escuridão não era completa: o céu estava cinzento enquanto o horizonte no oceano tinha uma cor laranja.

Antes do eclipse total, o Sol criava uma meia-lua dourada na parte ocidental da lua. E depois do eclipse, a meia-lua apareceu no lado oriental até ir crescendo gradualmente e o Sol voltou a aparecer completamente.

Observando o eclipse era impossível não ter a sensação de como o ser humano é pequeno e como não controla a imensidão do resto do universo. A lua é 400 vezes menor que o Sol e poder observar o momento exato em que está à frente dele e bloqueia sua luz é um marco.

Os eclipses solares totais não são incomuns: ocorrem em alguma zona do planeta a cada 18 meses, mas é difícil que possam ser vistos de pontos habitados, mais ainda que atravessem um país enorme como os EUA, com mais de 300 milhões de habitantes. Depois desta segunda-feira, o próximo eclipse total visível da Terra acontecerá em janeiro de 2019, com a Argentina e o Chile como melhores países para contemplar. E o próximo eclipse na América do Norte vai acontecer em abril de 2024. Fonte: El País - 21 AGO 2017

domingo, 20 de agosto de 2017

Prove o rabo de galo antes que ele se transforme em artigo hipster

Esqueça a Piña Colada, o Cosmopolitan, o Dry Martini, o Mojito e todas as outras bebidas estrangeiras que estão em bares Brasil afora. Sem a mesma grife dos coquetéis gringos ou o reconhecimento internacional da boa e velha caipirinha, os drinks tipicamente brasileiros são saborosos, fáceis de fazer e, mais importante, não afetarão seu bolso. De quebra, ao prová-los você ainda pode descobrir um pouquinho mais sobre a identidade brasileira – ou ao menos a identidade dos botecos brasileiros. Mas corra antes que o rabo de galo vire artigo hipster e se transforme no Negroni da vez.

Seu Zé, 73 anos, por exemplo. Atrás do balcão do Bar Estrela do Fernão Dias, em Pinheiros, São Paulo, trabalha como bartender e garçom desde 1963. Antigo no ramo, ele explica que coquetéis como "o rabo de galo, a maria-mole e o bombeirinho são as bebidas mais típicas dos brasileiros" desde que ele está no ramo etílico. Com o passar do tempo, porém, Zé notou algumas diferenças: "Antigamente, eram quase sempre homens e mais velhos os que pediam essas bebidas, que são mais fortes. Hoje em dia, tem muitos jovens que vêm aqui e pedem esses drinks. Depois disso, vão direto para a balada."

Ali pertinho do Seu Zé, também em Pinheiros, trabalha o Ubiratan, 29 anos, gerente do Luar de Pinheiros. Ele, que está na região há 10 anos, explica que, "de uns anos para cá, a procura por bebidas mais 'gringas' aumentou, e esses drinks, que também são nossa cultura, tiveram uma queda nas vendas. É meio chato porque é algo nosso (do povo brasileiro), né?". "Além de tudo, as [bebidas] brasileiras são bem mais baratas, como o kariri com mel", lamenta. Enquanto drinks de origem estrangeira tem um preço que varia entre 20 e 30 reais, a maria-mole, o rabo de galo e o bombeirinho têm o mesmo preço nos bares de Zé e Ubiratan: seis reais. "Geralmente, essas bebidas têm preços bem parecidos. Em outros estabelecimentos mais caros, vocês vai achar no máximo por 15 reais. Não passa disso", conta o gerente.

Nas cercanias do Luar de Pinheiros e do Bar Estrela, está o Cu do Padre. Colado atrás da igreja do Largo da Batata  – daí o nome indecoroso do estabelecimento – é frequentado por uma clientela mais abastada (há quem diga que, por isso, seja também mais propensa ao hipsterismo). De qualquer jeito, o Inaldo Gomes dos Santos, "Fera", 50 anos de vida e 28 de barman, fala sobre suas impressões acerca das misturas alcoólicas. "Isso (ser barman) é uma arte. Não é só fazer a bebida. Envolve educação, gentileza e, principalmente, a criatividade", reflete. Por quase três décadas, o experiente profissional passou por diversos estados, e trabalhou em locais como o Hotel Panamericano, no Rio de Janeiro. Segundo o Fera conta, "a procura por drinks de fora realmente aumentou, mas ainda existe um público fiel a esses coquetéis brasileiros. É legal observar isso."

Seu Zé, Ubiratan e Fera comentam sobre quatro bebidas típicas brasileiras: rabo de galo, maria-mole, bombeirinho e kariri com mel

RABO DE GALO
 - "Esse é bem forte. Lembra o Negroni. Nele, vão a cachaça, primeiro, e o vermute, depois. Alguns usam Cynar no lugar do vermute. No Rio de Janeiro e na Bahia, chamam essa bebida de Traçado. Não vai se confundir se estiver por lá", alerta Seu Zé. Preço médio: cinco a 15 reais.

MARIA-MOLE
 - "Esse também é forte, talvez o mais forte deles. A mulherada pede muito aqui. É a mistura de conhaque e contini, e fica bem gostoso. Dá para colocar gelo, mas o ideal é beber no estilo 'caubói' (sem gelo)", comenta também o Zé. Preço médio: cinco a 15 reais.

BOMBEIRINHO
- "Todo mundo pede o bombeirinho: os jovens, os mais velhos, as mulheres, os rapazes... É forte e bem docinho, por isso que gostam. Basta misturar uma dose de cachaça, uma dose de groselha e colocar gelo. É bem tradicional usar limão espremido, mas é opcional", revela Fera. Preço médio: cinco a 15 reais

KARIRI COM MEL
- "Esse ganhou força nos últimos anos e é bem gostoso, mas é menos pedido ainda. E também é simples de fazer: basta usar cachaça  – geralmente usam o Kariri, por isso o nome -, um pouco de limão espremido e mel. Esse aí é mais pedido pelos mais jovens", explica Ubiratan. Preço médio: oito a 15 reais. Fonte: El País - São Paulo 11 AGO 2017 

sábado, 19 de agosto de 2017

Meta fiscal de 2017 e de 2018 será de rombo de R$ 159 bilhões

O governo alterou a meta fiscal de 2017 e de 2018 para rombos de R$ 159 bilhões e R$ 159 bilhões, respectivamente. O objetivo fiscal permitido pela Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) era de um deficit de R$ 139 bilhões, neste ano, e de R$ 129 bilhões, no próximo. “O que houve foi uma substancial queda da receita”, resumiu o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.

Com alteração, o déficit primário – resultado negativo nas contas do governo, desconsiderando os juros da dívida pública – foi elevado em 20 bilhões de reais, em relação ao valor estipulado incialmente para 2017, e em 30 bilhões de reais, em 2018.

O Ministério da Fazenda bem que tentou resistir ao inevitável, mas, desde o mês passado, admitiu essa possibilidade dado o aumento das frustrações de receita. A arrecadação com a segunda edição da repatriação, por exemplo, foi de apenas R$ 1,6 bilhão, bem abaixo dos R$ 13 bilhões estimados pelo governo no início do ano.
Refis

Também em relação à reforma da Previdência, considerada vital para sanar as contas públicas, o governo fez concessões. Estas devem diminuir a poupança fiscal planejada em 25% em dez anos e quase 30% em 30 anos, segundo Meirelles.

A Medida Provisória do Novo Refis, que garantiria outros R$ 13 bilhões para os cofres da União, mas a Comissão Especial que aprecia a matéria no Congresso Nacional concedeu perdões para multas e juros que reduziram essa estimativa para menos de R$ 500 milhões.
Nem mesmo o anúncio do imposto sobre os combustíveis, anunciado no mês passado, e que renderia uma receita extra de R$ 9,9 bilhões neste ano, foi suficiente para garantir o cumprimento da meta de 2017. O governo conta com R$ 60 bilhões de receitas extraordinárias, mas boa parte desse montante ainda corre o risco de não se concretizar. O Tribunal de Contas da União (TCU) alertou que R$ 19,3 bilhões com concessões podem ser frustradas.
Para o ano que vem, o desafio para o cumprimento da nova meta ainda será grande se a frustração de receitas continuar crescente. A população não aceitará novo reajuste de tributo e os parlamentares não devem apoiar uma medida impopular em um ano de eleições.
Fonte: Deutsche Welle, Correio Braziliense - 15/08/2017

Comentário:
O QUE É META FISCAL?
É a economia que o governo promete fazer todos os anos para quitar o pagamento da dívida pública. A meta é resultado da subtração de dois valores: a expectativa de receita arrecadada e a expectativa de gastos. Desta conta, é possível obter um superávit (saldo positivo) ou déficit (saldo negativo).

POR QUE O DÉFICIT É RUIM?
O déficit de um país é o reflexo de que ele gasta mais do que arrecada. Para quitar o saldo negativo, o Governo precisa tomar uma série de medidas, como cortar de despesas, elevar a carga tributária e até emitir títulos públicos, que são comprados por investidores do mercado – uma espécie de “empréstimo” para o Governo, em troca de elevados juros. Esses títulos compõem a chamada “dívida pública”.

Quando as despesas do Governo superam as suas receitas, não sobra dinheiro para fazer investimentos nem para programas de fomento à economia. Além disso, manter as contas públicas em ordem é um indicador para o mercado de que o Governo tem condições de quitar as suas dívidas. Foi justamente o elevado grau de endividamento público que tirou do Brasil o selo de bom pagador, conhecido como “grau de investimento”, concedido pelas agências de classificação de risco internacionais.

Existem dois tipos de déficit fiscal: o primário e o nominal. O déficit primário ocorre quando confrontamos apenas as receitas e as despesas do Governo (como gastos com pessoal, o pagamento de benefícios previdenciários, saúde, educação e programas assistenciais). Já o déficit nominal inclui na conta o pagamento de juros da dívida pública. Historicamente, o Brasil sempre apresentou déficit nominal. Entretanto, em 2015 foi a primeira vez que o país registrou também um déficit primário.

sexta-feira, 18 de agosto de 2017

As melhores cidades do mundo para se viver

Melbourne é a melhor cidade do mundo para se viver, segundo o ranking anual elaborado pela revista Economist e divulgado na quarta-feira (16/08). Viena e Vancouver aparecem na sequência, em lista que leva em conta questões como estabilidade, educação e segurança.

As conclusões da EIU em 2017 reforçam ainda mais a liderança da metrópole australiana, que assim segue no topo pelo sétimo ano consecutivo. Outras duas cidades da Austrália aparecem entre os melhores lugares para se viver: Adelaide (5) e Perth (7).
A Alemanha só conseguiu emplacar uma cidade entre as Top 10: Hamburgo, que assim manteve a mesma colocação de 2016. Frankfurt (21), Berlin (23), Munique (24) e Düsseldorf (32) também figuraram na lista.

Segundo o relatório, as cidades mais bem colocadas tendem a ter porte médio e densidade populacional relativamente baixa. "Isso possibilita estimular atividades de lazer, sem levar a altos níveis de criminalidade ou a uma infraestrutura sobrecarregada", diz o texto.

Viena, agraciada com a segunda colocação, ganhou pontos sobretudo pela baixa criminalidade. Segundo os autores do estudo, a capital austríaca registrou apenas um homicídio no ano passado.

Ao lado de Hamburgo e Viena, Helsinki (9), na Finlândia, foi uma das três cidades europeias a aparecer entre as dez melhores do mundo para se viver.

Os quesitos analisados foram estabilidade, sistema de saúde, cultura e meio-ambiente, educação e infraestrutura.

As dez melhores:

1.         Melbourne (Austrália)
6.         Adelaide (Austrália)
2.         Viena (Áustria)
7.         Perth (Austrália)
3.         Vancouver (Canadá)
8.         Auckland (Nova Zelândia)
4.         Toronto (Canadá)
9.         Helsinki (Finlândia)
5.         Calgary (Canadá)
10.       Hamburgo (Alemanha)

As dez piores

131 Kiev (Ucrânia)
136 Porto Moresby (Papua-Nova Guiné)
132 Douala (Camarões)
137 Daca (Bangladesh)
133 Harare (Zimbábue)
138 Tripoli (Líbia)
134 Argel  (Argélia)
139 Lagos (Nigéria)
134 Karachi (Paquistão)
140 Damasco (Síria)  

Fonte: Economist Intelligence Unit,  Deutsche Welle - Data 16.08.2017

domingo, 13 de agosto de 2017

O Estado de bem-estar social afunda

Criados numa cultura individualista, os americanos não gostam do conceito de "Estado do bem-estar social" e não usam o termo. Mas, não se enganem: os Estados Unidos têm um Estado de bem-estar social e seu futuro é precário.

O verdadeiro significado da quebra da General Motors reside mais nesse Estado que na condição combalida do capitalismo americano. Em termos gerais, nos EUA esse sistema se divide em duas partes: a parte privada, gerida por empresas, e a pública, coberta pelo governo. Ambas estão pressionadas: as empresas privadas por pressões competitivas e o governo, por dívidas e encargos crescentes. A GM exemplificou a grande corporação como Estado de bem-estar social privado. Em contratos com o sindicato United Auto Workers, a GM prometia salários altos, emprego vitalício, pensões generosas e um seguro-saúde abrangente.

Tudo isso é antigo: os novos trabalhadores conseguem benefícios bem menores. Como metáfora, a quebra da GM sinaliza a morte desse modelo. Companhias ainda fornecem benefícios de proteção social para atrair e conservar trabalhadores especializados. Mas esses abrigos contra a insegurança estão se tornando mais frágeis. Empregos de carreira permanecem, mas as garantias, formais ou informais, de emprego vitalício desapareceram.

No ano passado, cerca de 50% dos trabalhadores masculinos com entre 50 e 54 anos de idade estavam com o mesmo empregador havia pelo menos 10 anos. Em 1983, eram 63%. seguro‑saúde e pensões contam histórias parecidas. Em 2007, o seguro oferecido pelo empregador cobria 117 milhões de americanos, 59,3% da população; em 1999, a cobertura era de 63,9%. De 1980 para cá, as empresas mudaram gradualmente de pensões com "benefício definido" para pensões com "contribuição definida", conhecidas como 401(k)s.

Os planos de benefícios definidos proporcionavam pagamentos mensais garantidos. Os planos de contribuição definida - apenas colocar dinheiro num pote - tornam os trabalhadores responsáveis pela gestão de sua poupança para aposentadoria. O que a maioria dos americanos identifica como "bem-estar social" do governo são pagamentos a mães solteiras, cupons de alimentação e (talvez) o Medicaid, o programa de seguro-saúde para os pobres. Mas isso não é nem a metade dele. Desde 1960, o governo mudou radicalmente. Nessa época, 52% dos gastos federais iam para defesa, 25% para "pagamentos a indivíduos" - o bem-estar social. Em 2008, 61% consistiam de "pagamentos para indivíduos", 21% para defesa.

A Previdência e o Medicare - programas para os idosos - representavam a maior parte: US$ 1 trilhão em 2008. A maioria dos americanos não considera esses programas de "bem-estar social", mas são. Os benefícios são pagos principalmente pelos impostos atuais; há pouca "poupança" para benefícios futuros; o Congresso pode alterar os benefícios sempre que quiser. Se isso não é bem-estar social, o que é? As pressões sobre os sistemas de bem-estar privado e público não diminuirão. As condições econômicas que encorajaram o bem-estar social corporativo desapareceram.

Em 1955, GM, Ford e Chrysler detinham 85% das vendas americanas de veículos leves, segundo relatório do economista Thomas Klier, do Chicago Federal Reserve. Com o domínio do mercado e a liderança tecnológica, as Três Grandes imaginaram que poderiam repassar para os consumidores os custos de garantia de emprego, salários altos e benefícios marginais. Ansiosas para desarmar a luta de classes dos anos 1930 - e evitar a sindicalização -, muitas empresas americanas imitaram o modelo. Elas também acreditavam que a competição seria limitada e a mudança tecnológica poderia ser controlada.

Esses conceitos desapareceram (em 2008, a fatia de mercado das Três Grandes era de 48% e estava em queda). Agora, as companhias estão ultrassensíveis a ameaças competitivas e econômicas. Uma pesquisa com 141 empresas feita pela consultoria Watson Wyatt revelou que 72% recentemente cortaram empregos, 21% reduziram salários e 22% diminuíram a equiparação das contribuições 401(k). Em teoria, ampliar o sistema de bem-estar social público poderia compensar a erosão do privado.

A proposta de assistência à saúde do presidente Barack Obama reflete essa lógica. O problema é que o setor público também enfrenta enormes pressões de custos, impelidas pelo envelhecimento da população e a elevação dos custos da saúde. O Escritório de Orçamento do Congresso projeta que a dívida federal chegará a 82% do Produto Interno Bruto (PIB) até 2019.

Qualquer outro exame de números como esses sugere que o sistema prometeu mais do que poderia entregar. Estamos tomando emprestado não para financiar o investimento no futuro, mas para pagar o sistema de bem-estar social de hoje - o consumo. Pagar os benefícios prometidos com impostos mais alto não é desejável. Grandes aumentos da dívida ou de impostos podem deprimir o crescimento econômico, dificultando ainda mais o pagamento dos benefícios. A coisa sensata a fazer é decidir que formas de bem-estar público são necessárias para proteger os vulneráveis e começar a cortar outras. Nossa inércia coloca mais um paralelo tenebroso com a GM. Estava evidente há 25 anos que a GM não poderia sustentar seu o Estado de bem-estar social. Mas o sindicato não abriu mão dos benefícios e a companhia aceitou. Agora, a conta chegou. Esse ciclo, em escala nacional, seria mais tétrico. Fonte: O Estado de São Paulo - 27 Junho 2009 - Robert J. Samuelson - The Washington Post"

Consumidores estão matando o Estado do bem-estar social

Comentário: Artigo antigo,  mas atual, principalmente para o Brasil em que os trabalhadores estão agarrando os benefícios sociais existentes ( direitos adquiridos?), mas o navio está entrando água ou melhor o Brasil está olhando para o abismo e o abismo querendo abraçá-lo (buraco negro).

 O Estado do bem-estar social basicamente não passa de um cartel. A diferença entre esse tipo de sistema de proteção e os monopolistas normalmente encontrados nas salas de diretoria da indústria privada é que o Estado do bem-estar social não beneficia apenas algumas pessoas, ele ajuda a muitas.

Na verdade, beneficia quase todos os cidadãos que vivem dentro de suas fronteiras. Colocado simplesmente: o Estado do bem-estar social transformou todos nós em monopolistas. Nós lucramos com suas proteções e com a maneira como ele distribui a riqueza. Vejam, por exemplo, os banheiros separados para homens e mulheres que, segundo os regulamentos alemães, são obrigatórios nos locais de trabalho.

Também esperamos férias previstas em lei, proteção contra demissão e licenças-médicas. Se tudo der errado na vida, contamos com o auxílio-desemprego, que juntamente com os subsídios para habitação e educação dos filhos pode facilmente se equiparar a um salário de vendedor.
E aí está o problema: com seus custos excedentes para financiar a rede de proteção social, o cartel protetor aumenta significativamente os custos trabalhistas de cada empregado. Mas quando esse cartel é obrigado a competir com um mercado que não tem proteções nem rede de segurança torna-se uma ameaça, em vez de um escudo defensivo. Isso ocorre porque um dos principais motivos das diferenças de preços entre novos e antigos membros do mercado de trabalho mundial é o Estado do bem-estar social. Seus frutos beneficiam as pessoas em seu interior, mas as que estão fora apenas ouvem falar deles.

Muitos membros da fraternidade social correm o risco de não ter uma oportunidade de ganhar a vida. O que já foi considerado uma importante conquista da civilização ocidental tornou-se hoje uma pedra amarrada ao seu pescoço.

ATAQUE AMISTOSO
Mas os adversários do Estado do bem-estar social vêem de bom grado a grande oferta mundial de trabalhadores, que já se mostrou o método mais eficaz para destruir a rede de segurança social. Não é mais necessário clamar por sua destruição ou instigá-la - ela parece estar ocorrendo por conta própria.

Pode-se simplesmente ignorar o Estado do bem-estar social encomendando produtos de países da Ásia que não têm rede de segurança social. Mas essa opção equivale a defender salários menores e opor-se às proteções que o Estado nos oferece.

Por outro lado, os amigos do bem-estar social ainda não aceitam que estão sofrendo um efeito colateral da globalização. Mesmo alguém inteligente como lorde Dahrendorf, esperando defender o país contra os ataques dos tempos modernos, fechou os olhos para a verdade. Existe uma esfera pública legítima que não compete diretamente com outros países e regiões, ele escreve. Nessa esfera recaem a educação, os impostos e as contribuições sociais. Não podemos citar o mercado global como panacéia.

Que tolice. Ninguém está derrubando o Estado do bem-estar social. Ele caiu há um bom tempo, derrubado pelos ventos da modernidade. A tolice só pode ser explicada pelo fato de que os países agressores não perseguem o Estado do bem-estar social para vingar-se. Sobretudo, o ataque é delicado e ocorre principalmente em uma atmosfera amigável, impedindo que muitos compreendam a verdade.

Os atacantes não são estranhos: nos mercados livres com consumidores livres, o golpe final da faca é dado por amigos. O coração do consumidor pode bater à esquerda ou à direita, mas no momento em que ele pisa num supermercado ou shopping center ele se recusa a pagar uma contribuição à previdência social.

O consumidor normal em uma loja de departamentos alemã como Karstadt, na varejista Metro ou no supermercado de descontos Lidl é um fanático pela globalização. Ele compara preços e serviços, mas não nacionalidades ou sistemas de seguridade social. Ele quer seus descontos e não quer despesas adicionais. Ele está interessado no bom negócio, e não nos negócios sujos que acontecem em outros lugares do mundo.

Mesmo que ele se considere um romântico, na verdade é um materialista consumado. É somente fora do horário comercial que ele às vezes tem dúvidas idealistas. E somente então começa a se perguntar como é possível obter tapetes tão grandes por preços tão baixos ou por que os computadores e telefones celulares hoje estão tão baratos.

A cada compra de um produto do Extremo Oriente, o consumidor dá um golpe no cartel social doméstico e seus termos de venda. Os consumidores comparam o preço e a qualidade de um produto, mas não consideram o preço e a qualidade do país que o produz. Assim, consumidores de todo o mundo ocidental tornam-se executores da globalização. Na guerra mundial pela riqueza, eles são as tropas de combate mais importantes para os países agressores. Embora não carreguem armas, destroem a produção doméstica com suas frias decisões de compra. Hoje em dia quase tudo o que o dinheiro pode comprar pode ser produzido sem o ingrediente extra que chamamos de Estado do bem-estar social.

Qualquer um pode encomendar um carro da General Motors; o preço inclui US$ 1.500 em custos sociais, segundo cálculos recentes que o presidente do conselho forneceu a seus funcionários. Seria mais econômico ir até a revendedora Hyundai, já que os empregados coreanos não recebem um suplemento previdenciário comparável. Em toda esquina existem máquinas de lavar com um Estado do bem-estar social embutido; elas vêm da AEG em Nurembergue, produzidas em um ritmo semanal de 38 horas, por salários mais altos e sob a supervisão do conselho de trabalhadores da empresa. Mas na loja vizinha existe a máquina de lavar feita em Taiwan, China ou Polônia, onde as semanas de trabalho são longas e os salários, baixos. Nosso bom e velho Estado do bem-estar social não existe lá.
Na verdade, 75% da população mundial não têm seguro-desemprego. Embora isso possa colocar os trabalhadores em desvantagem, certamente dá um empurrão nas vendas de seus produtos. São somente os trabalhadores - e não os produtos que eles geram - que devem suportar o risco de doença, pobreza e envelhecimento. No Ocidente ocorre exatamente o contrário.

DE VOLTA ÀS ORIGENS
No Extremo Oriente, em vez de conselho de trabalhadores existe um capataz mandão, que na melhor das circunstâncias é um pouco indulgente. Isso porque a justiça não é amiga do empregado no piso de fábrica da concorrência barata. Os empregados têm permissão para trabalhar, mas não para protestar.

Seu salário é fixo, e não discutido. E é a família, e não a empresa, que oferece proteção social - uma situação que beneficia enormemente as vendas de seus produtos.

Cerca de 60% de todos os eletrodomésticos vendidos na Alemanha hoje são produzidos no exterior. Os 40% restantes provavelmente terão o mesmo destino num futuro previsível. A líder de mercado mundial Electrolux está planejando fechar a metade de suas fábricas que ainda funcionam na Europa, América e Austrália. Uma fábrica do tamanho da AEG em Nurembergue pode economizar 48 milhões de euros (US$ 61 milhões) por ano se transferir sua produção para a Polônia. Durante meses o conselho hesitou em fechar a fábrica de Nurembergue, que tem uma antiga tradição na Alemanha. O presidente da companhia, Hans Straberg, diz francamente que além de suas preocupações pelas pessoas ele teme que "o fechamento também destrua muito capital.".

É o mesmo jogo na Continental em Hanôver, um dos maiores produtores de pneus do mundo. Lá, a mão-de-obra representa 30% dos custos de produção, mas na Europa do Leste essa porcentagem é significativamente menor. Quando a companhia ameaçou fechar sua produção de pneus para carros na cidade no oeste da Alemanha, os trabalhadores reagiram oferecendo-se para ampliar sua semana de trabalho sem remuneração.

Afinal a oferta não compensou e os empregos foram cortados. "Os trabalhadores fizeram sua parte, mas não foi suficiente", sugere o presidente Manfred Wennemer. Os primeiros a ser atingidos pelas demissões são os trabalhadores simples da produção, mas os que têm formação acadêmica podem segui-los rapidamente. "Empregamos cerca de 5 mil engenheiros hoje na Continental; a maioria deles vive em países de altos salários", diz Wennemer. "Essas certamente serão as próximas arenas em que teremos de examinar os custos."

Mas, antes de culpar os diretores de empresas e caçadores de ofertas, devemos fazer uma pausa e refletir. Seria errado censurá-los por egoísmo. Foi uma dupla vontade política que ligou os países asiáticos e da Europa Oriental à cadeia de trabalho internacional - a vontade deles e a nossa. Eles quiseram fazer parte da rede de produção ocidental e unir a deles à nossa. E nós os incentivamos, apoiamos e muitas vezes também aplaudimos.

A questão aqui não é o que está errado ou certo. O que importa neste momento é simplesmente a percepção de que o mercado de trabalho global, como o inventamos até agora, criou um território de soberania unificada para os produtores de bens. Hoje a demanda de mão-de-obra muda de uma terra para outra, e naturalmente prefere os países com os menores custos sociais.

Muitos que consideram a economia social de mercado como o estágio final da história agora estão sendo obrigados a admitir que cometeram um enorme erro.

O capitalismo, graças a uma mão-de-obra e um mercado financeiro globais, ampliou seu alcance, enquanto a rede de segurança social perdeu terreno. O mercado ganhou poder, velocidade e aparentemente também inevitabilidade. Mas a vitória social de ontem empalideceu. Na verdade, o capitalismo está voltando às suas origens. Fonte: UOL Mídia Global - 31/10/2006
Gabor Steingart - Der Spiegel
O ensaio foi extraído do best-seller alemão "A Guerra Mundial pela Prosperidade", do editor da SPIEGEL. 

Oito hábitos que pensávamos que eram saudáveis

Nós os praticamos pensando que é o mais recomendável para nosso corpo e, na verdade, não trazem nenhum benefício (alguns são até mesmo contraproducentes)
A saúde é o que importa. É uma afirmação tão frequente como certa, e os dados (e os fatos) assim o confirmam:
49% dos brasileiros elegem a saúde como uma prioridade para os governantes, segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), e
70% acreditam que são saudáveis (segundo Índice para uma Vida Melhor, da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico, OCDE).
A mensagem de que o estilo de vida é fundamental para nos manter saudáveis se difundiu e, por isso, incorporamos à nossa rotina hábitos aparentemente saudáveis. Entretanto, alguns não nos trazem tanto benefício como esperamos (o que não significa que sejam prejudiciais). Esses são alguns dos falsos talismãs:

1. SUBSTITUIR O JANTAR POR FRUTA ENGORDA MAIS
Perder peso é um clássico na lista de propósitos saudáveis, e não é de se estranhar, porque quase metade da população tem sobrepeso, segundo uma pesquisa do Ministério da Saúde brasileiro. A fruta nos dá água, hidratos de carbono, fibra, vitaminas e minerais, mas “como os hidratos de carbono são uma fonte de energia, é melhor consumi-los quando iremos nos manter ativos”, explica a endocrinologista Iris de Luna, do Hospital Universitário Quirón Salud Madrid, na Espanha. O metabolismo mantém certos ritmos ao longo do dia (cronobiologia), e de noite, o fígado é mais eficiente no armazenamento de açúcares no formato de glicogênio. Quando os depósitos de glicogênio estão cheios, o excesso de açúcares se transforma em triglicérides. A fruta contém frutose (um açúcar de absorção rápida), e se não for utilizado na hora, é armazenado e pode favorecer o aumento de triglicérides. Essa é a razão pela qual “em um plano de emagrecimento, não é recomendável substituir o jantar por fruta”, diz a doutora. Sua recomendação: consumir a fruta como café da manhã, no meio da manhã e como lanche.

 2. SUPRIMIR O GLÚTEN DA DIETA PODE CAUSAR PROBLEMAS
Seja por motivos de saúde ou por moda, o certo é que os antiglúten crescem cada vez mais. Nos Estados Unidos, um terço da população tirou essa proteína de sua alimentação e o exemplo também vale para o Brasil, a julgar pela quantidade de produtos sem glúten nas prateleiras dos supermercados (e nos cardápios dos restaurantes). Camilo Silva, especialista em Endocrinologia e Nutrição da Clínica Universidade de Navarra, ressalta que não se deve fazer nenhuma modificação dietética por conta própria e sem o diagnóstico de um médico. “Pode derivar em uma dieta menos saudável, com um aumento na ingestão de carnes e queijos magros, mas também pode complicar a dieta em pessoas com doenças, como a diabetes”, alerta. Além das consequências que pode ter sobre a ingestão de fibras e de certas vitaminas e ferro, “é preciso levar em conta que a dieta antiglúten pode encarecer a cesta de compras em 1.400 euros (4.770 reais) por ano por pessoa”, estima.

 3. SUBSTITUIR O LEITE DE VACA POR OUTROS TIPOS IRÁ PRIVÁ-LO DE MUITAS VITAMINAS
Os alérgicos e intolerantes à lactose são um coletivo cada vez mais numeroso e o leite de vaca é, para muitos, outra das ameaças à saúde. O endocrinologista da Clínica Universidade de Navarra alerta que deixar de tomar leite “pode limitar desnecessariamente a ingestão de cálcio e de vitaminas A, D, E e B”. Desmente que os preparados lácteos ou outros tipos de leite (como leite de soja, por exemplo) sejam nutricionalmente equivalentes ao leite de vaca e frisa: “A substituição do leite como produto de riqueza nutricional não é fácil”.
 Ao contrário da opinião generalizada de que é mais saudável consumir produtos lácteos desnatados, um estudo publicado no Scandinavian Journal of Primary Health Care conclui que o consumo de lácteos ricos em gordura se correlaciona com um risco menor de desenvolver obesidade. Na opinião do nutricionista Walter Willett, da Escola de Saúde Pública de Harvard (EUA), uma explicação para essa descoberta é que os produtos integrais saciam mais e, além disso, os ácidos graxos dos lácteos têm um efeito adicional na regulação do peso.

 4. TOMAR APENAS LEITE DESNATADO FARÁ VOCÊ BELISCAR ENTRE AS REFEIÇÕES
Ao contrário da opinião generalizada de que é mais saudável consumir produtos lácteos desnatados, um estudo publicado no Scandinavian Journal of Primary Health Care conclui que o consumo de lácteos ricos em gordura se correlaciona com um risco menor de desenvolver obesidade. Na opinião do nutricionista Walter Willett, da Escola de Saúde Pública de Harvard (EUA), uma explicação para essa descoberta é que os produtos integrais saciam mais e, além disso, os ácidos graxos dos lácteos têm um efeito adicional na regulação do peso.

 5. LAVAR AS MÃOS COM SABÃO ANTIBACTERIANO AUMENTA O RISCO DE ALERGIAS
Uma boa lavagem de mãos com água e sabão é a forma mais eficaz de limpar e liminar germes. Mas a preocupação com o risco de contrair infecções favoreceu a demanda crescente por sabões antimicrobianos, uma medida que além de não ser útil, pode aumentar o risco de doenças alérgicas, adverte a Universidade de Harvard (EUA), além de favorecer o desenvolvimento de bactérias resistentes aos antibióticos.

6. UTILIZAR MÁSCARAS DE PAPEL CONTRA A POLUIÇÃO NÃO SERVE PARA NADA
Diante da poluição, nos proteger com uma máscara de papel é uma medida ineficaz porque “apesar de não deixarem passar as partículas grandes, as menores (0,1 micra) chegam facilmente até o fim do aparelho respiratório (e inclusive na corrente sanguínea) e causam problemas”, esclarece Carmen Diego, coordenadora da Área de Meio Ambiente da Sociedade Espanhola de Pneumologia e Cirurgia Torácica (Separ). E para nos proteger dos gases poluentes, “não há máscara que funcione”, acrescenta a pneumologista. Há outras máscaras mais sofisticadas, com filtros, que “são melhores que as de papel, mas também não evitam que respiremos ar poluído”, insiste Carmen Diego.

7. USAR HASTES FLEXÍVEIS NOS OUVIDOS PODE MACHUCAR O TÍMPANO
É verdade que não é bonita a visão de sujeira saindo pelos ouvidos, mas daí a transformar hastes flexíveis e sprays em indispensáveis para a higiene diária há um abismo. Ana Machado, otorrinolaringologista do Hospital Universitário Quirón Madrid, destaca que “o ouvido tem seus próprios mecanismos de limpeza fisiológicos. O cerúmen é uma substância que protege das infecções no ouvido devido a suas funções bactericidas”. Se o cerúmen se acumula e forma um tampão, “é preciso ir ao especialista para que o retire mediante o procedimento mais conveniente”. Nem tente fazer isso em casa. Um relatório da Oxford University Hospitals (Reino Unido) alerta que as hastes podem alterar a mencionada autolimpeza e machucar o tímpano.

8. LAVAR OS PRATOS DAS CRIANÇAS NA LAVA-LOUÇAS ELIMINA BACTÉRIAS NECESSÁRIAS
Na cozinha encontramos outro erro clássico. A lava-louças lava a temperaturas de até 65 graus centígrados, impossíveis de suportar ao lavar à mão, mas esse excesso de higiene pode não ser tão bom para os pequenos. Um estudo sueco publicado na revista Pediatrics conclui que as crianças de famílias que lavam à mão os pratos têm menos eczemas que os que usam a máquina (23% a 38%) e apenas 1,7% das crianças onde os pratos são limpos à base de bucha têm asma, um problema do qual padecem 7,3% das crianças de lares em que a louça é lavada em máquina. A razão, segundo esses pesquisadores, é que a lavagem à mão não é tão eficiente e deixa restos de micróbios que tornam mais difícil desenvolver alergias. Fonte: El País - 17 JAN 2017 

sábado, 12 de agosto de 2017

Alimentos saudáveis apenas no rótulo

Abastecemos nossas geladeiras em supermercados que nos oferecem corredores e mais corredores cheios de prateleiras com milhares de produtos. Nesse cenário, cada fabricante deseja que o seu produto seja escolhido e por isso lhe dará mais publicidade, uma embalagem melhor, mais sabor e escreverá na parte mais visível do pacote tudo que acredita que pode fazer aquele item parecer o rei da gôndola, ou o mais saudável, ou o único que oferece ao consumidor algo que a concorrência não tem. Em cada escolha sobre o que colocar no carrinho, lutamos contra todas as propagandas que o marketing foi capaz de criar.

Não deixa de ser um baile de máscaras: muitas vezes o produto real, aquele que está por trás de todos os enfeites da embalagem, é muito similar aos seus homólogos e, muito provavelmente, exagerou suas vantagens e escondeu seus defeitos até o limite do legal (ou, em muitos casos, até o vazio legal).

Já que falar de todos os truques usados para nos convencer diante das prateleiras daria para um ano inteiro de artigos, vamos dar uma olhada em apenas quatro produtos mais comuns que tentam nos vender como muito saudáveis:

IOGURTES DESNATADOS
O que dizem? Os iogurtes desnatados de uma infinidade de sabores e com os ingredientes mais exóticos que se pode imaginar dominam as geladeiras dos supermercados. São vendidos como uma opção mais saudável que a versão integral por seu menor teor calórico e a ausência de gorduras.

Qual é a realidade? Muitos iogurtes desnatados levam açúcar, e não em pouca quantidade. Além disso, sabemos que a gordura láctea não deveria ser uma grande preocupação, menos ainda na quantidade contida em um iogurte. Consumir laticínios integrais contribui para a saciedade. Deveríamos priorizar o “sem açúcar” sobre o “desnatado”.
A melhor escolha: o iogurte natural simples.

BOLOS E BISCOITOS SEM AÇÚCAR
O que dizem? Diante da pressão dos últimos tempos sobre o consumo de açúcar e seu elevado teor em muitos produtos processados, as marcas optaram por solucionar o problema a golpes de adoçante, o que lhes permite escrever um “sem adição de açúcar” na embalagem e, assim, revestir o produto de uma aura saudável.
Muitos presuntos têm um teor de carne muito baixo. Não são produtos de qualidade e, além disso, entram na classificação de carnes processadas cujo consumo a OMS recomenda reduzir

Qual é a realidade? Continuam sendo produtos fabricados com ingredientes pouco recomendáveis (farinhas refinadas e gorduras de má qualidade), que tomam o lugar de alimentos saudáveis como as frutas frescas ou desidratadas, castanhas e pães integrais. Além disso, os adoçantes, por serem acalóricos, não são inócuos. Sabemos que afetam de maneira negativa nossa microbiota e contribuem para manter elevado o nível de doçura a que estamos tão (mal) acostumados.
A melhor escolha: esqueça os biscoitos e a confeitaria, dê preferência a uma torrada de pão integral de qualidade.

PRESUNTOS MAGROS
O que dizem? Peito de peru é apresentado como o suprassumo do café da manhã ou lanche fitness. É vendido como algo fácil de comer, leve e saudável.

Qual é a realidade? Muitos presuntos têm um teor de carne muito baixo, inferior a 70%. O restante é fécula, amidos, açúcares, aditivos e água. Não são produtos de qualidade e, além disso, entram na classificação de carnes processadas cujo consumo a OMS recomenda reduzir.

A melhor escolha: A carne natural, não processada. Um peito de frango ou de peru na chapa ou ao forno pode ser fatiado, guardado na geladeira e consumido frio substituindo os presuntos.

CEREAIS PARA CUIDAR DA SILHUETA
O que dizem? São cereais matinais, muito voltados para o público feminino, que prometem ajudar a “cuidar da silhueta” ou até mesmo perder peso.

Qual é a realidade? Assim como a maioria dos cereais matinais, são ricos em açúcar. Costumam ter em torno de 15% a 20% de açúcar e apenas uma parte de cereais integrais. Marcas conhecidas muito mais baratas e que não são vendidas com esses anúncios publicitários, como os Corn Flakes, têm cerca de 8% de açúcar.

A melhor escolha: Os cereais integrais sem açúcar como os flocos de aveia, o arroz integral ou cereais em flocos torrados sem açúcar.

Antes de terminar, quero lembrar que as frutas frescas, castanhas e frutas desidratadas sempre são opções ganhadoras, apesar de não terem embalagens vistosas explicando suas virtudes, nem serem protagonistas de inspiradores anúncios publicitários.

E que, como opção proteica, os ovos, o hummus e o tofu podem alternar-se perfeitamente com a carne e substituir os presuntos como uma opção muito melhor.

Em resumo, dê preferência a matérias-primas ou produtos pouco processados: alimentos que não precisem de etiqueta, nem de embalagem, nem de lista de ingredientes.
El País - 6 MAR 2017 - Luzia Martínez Argüelles, dietista-nutricionista, mestre em nutrigenômica e nutrição personalizada.

sexta-feira, 11 de agosto de 2017

Entenda o que é distritão

Entenda o que é distritão e de onde virão recursos para campanhas
Comissão especial da reforma política aprovou mudanças no sistema eleitoral

A comissão especial da Câmara que analisa a reforma política aprovou uma mudança na Constituição que institui o sistema chamado distritão. Foram 17 votos a favor e 15 votos contrários, com duas abstenções. Também foi aprovada a criação de um fundo de financiamento de campanha que corresponderá a aproximadamente R$ 3,6 bilhões. A votação de emendas, no entanto, pode alterar pontos da reforma, que ainda passará também pelo crivo dos plenários da Câmara e do Senado.

ENTENDA O QUE É O DISTRITÃO E DE ONDE SAIRÃO OS RECURSOS DO FUNDO PARTIDÁRIO:

O QUE É O DISTRITÃO?
Com a adoção do distritão a eleição de deputados e vereadores passaria a ser majoritária. Ou seja, os mais votados em cada estado ou município seriam eleitos, independentemente dos resultados de seus partidos. Não há voto em legenda nem quociente eleitoral.

NA PRÁTICA, O QUE MUDARIA?
Os chamados "puxadores de voto" não teriam mais influência no tamanhos das bancadas de seus partidos, levando consigo candidatos com menos votos. Por outro lado, o modelo favorece candidatos mais conhecidos e com mais recursos financeiros. Por isso, beneficia parlamentares que concorrem à reeleição.

O DISTRITÃO PODE VALER PARA AS ELEIÇÕES DE 2018?
Para que a mudança aprovada na comissão entre efetivamente em vigor na próxima eleição será necessário alcançar 308 votos entre os 513 deputados e 49 votos entre os 81 senadores em duas votações em cada Casa, até 7 de outubro. Contrários à inclusão da emenda no texto da reforma política, representantes de seis partidos ( PT, PCdoB, PSOL, PR, PRB e PHS), que somam 142 deputados, reuniram-se para lançar uma frente contra o sistema.

A regra só é aplicada em quatro países — Afeganistão, Jordânia, Vanuatu e Pitcairn.

O QUE DIZEM OS CRÍTICOS DO MODELO?
A principal crítica ao distritão é que ele privilegia políticos conhecidos, famosos ou em busca da reeleição, além dos que têm mais recursos financeiros.
Jairo Nicolau, professor de ciência política da UFRJ e especializado em sistemas eleitorais considera que “de todos os modelos propostos, o distritão, é sem dúvida, o pior”. Ele diz que “é razoável imaginar que o novo sistema estimule, por exemplo, candidaturas de lideranças religiosas e de organizações da sociedade civil e personalidades do mundo esportivo e cultural”.
O modelo também deixa sem representação todos aqueles votos dados a outros candidatos no distrito. Um partido, por exemplo, pode ter grande votação nacional e nenhum representante no Congresso, por não vencer nos distritos.

O QUE DIZ O AUTOR DA PROPOSTA?
Para autor da proposta, deputado Miro Teixeira (Rede-RJ) o sistema respeita vontade do eleitor e livra candidatos do poder das cúpulas partidárias.
- O distritão estabelece a verdade eleitoral. Se há dez vagas a serem preenchidas, os ocupantes são os dez mais votados. O voto vai direto para o candidato, não passa para outro. A vontade do eleitor é absolutamente respeitada. A frase "todo poder emana do povo" não pode ser uma frase perdida na Constituição - afirma.

O QUE É O FUNDO DE FINANCIAMENTO ELEITORAL?
É um fundo, abastecido com verba pública, destinado a financiar as campanhas eleitorais em todo o país. A ideia surgiu após a proibição das doações de empresas a partidos e candidatos.

QUAL O MONTANTE DE RECURSOS DO FUNDO?
O relator da reforma política na Câmara, deputado Vicente Cândido (PT-SP) dobrou o valor que estava previsto para o montante de recursos públicos que seria usado ao financiar campanhas.
Na versão anterior de seu parecer, Cândido tinha estabelecido que 0,25% da receita corrente líquida do Tesouro Nacional seria o valor usado no financiamento. A exceção seria para a eleição do ano que vem, 2018, em que o valor do fundo seria de 0,5% — também da receita corrente líquida. Isto corresponde a R$ 3,6 bilhões.
Agora, no parecer apresentado na quarta-feira (9) , Cândido reformulou o texto e instituiu 0,5% da receita corrente líquida do Tesouro como regra.

DE ONDE VIRIAM OS RECURSOS?
Os recursos públicos viriam dos cofres da União e poderiam estourar o teto de gastos que limita as despesas do poder público ao crescimento da inflação. O fundo seria previsto no orçamento da União em anos eleitorais e também poderia receber recursos de doações.

ENTENDA OS SISTEMAS  ELEITORAIS
Proporcional: é o atual sistema em vigor no Brasil. O voto dos candidatos e de legenda são somados. O total de cada partido ou coligação é dividido pelo coeficiente eleitoral (número de votos de todos os candidatos e partidos dividido pelo número de cadeiras no Legislativo). O resultado indica quantas cadeiras cada partido poderá ocupar. Vão para o Legislativo os deputados mais bem votados de cada partido.
"Distritão": cada estado é um distrito. Os candidatos mais votados são automaticamente eleitos. Para vereadores, o município é o distrito.
Distrital em dois turnos: é semelhante ao distrital puro, porém, é realizado segundo turno caso o candidato não receba a maioria absoluta dos votos.
Distrital puro: o estado é dividido em distritos, segundo o número de cadeiras que cada unidade da federação tem na Câmara dos Deputados. É eleito o candidato mais votado em cada distrito nos estados.
Distrital-misto: combina o modelo distrital e o proporcional. Nesse caso, uma parte dos deputados, num estado, é eleita segundo a ordem dos mais votados nos distritos. A outra parte é eleita segundo a soma dos votos da legenda em todo o estado.
Paralelo: é uma variação do distrital misto. A diferença é que a distribuição de cadeiras dos eleitos no distrital não é levada em conta para definir a distribuição da cadeiras dos eleitos pelo modelo proporcional. Fonte: O Globo 10/08/2017