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quinta-feira, 13 de abril de 2017

O robô roubou meu emprego

Mundo hiperconectado torna ambiente corporativo mais competitivo e reduz número de vagas de trabalho

Tenho dado muitas entrevistas a canais de televisão ultimamente, e continuo impressionado com o avanço da tecnologia nos últimos anos. Essa é uma noite típica em uma importante rede de TV a cabo: você chega num estúdio em Washington e é recebido por uma pessoa que prenderá o microfone na sua roupa. Em seguida, ela o posiciona na poltrona do estúdio, e então você olha diretamente numa câmera robótica que está sendo operada por alguém numa sala de controle em Nova York e falará com o âncora, onde quer que ele esteja.

Imagine quantos empregos desapareceram reduzidos a apenas um. Levanto essa questão porque não há dúvida de que a razão principal da taxa de desemprego dos EUA ter chegado a 9,1% é a queda vertiginosa da demanda agregada na Grande Recessão. Mas não é a única. "A Grande Recessão" também coincide com a "Grande Inflexão", e a determina. Na última década, mudamos de um mundo conectado (graças ao fim da Guerra Fria, à globalização e à internet) para um mundo hiperconectado (graças às mesmas forças que se expandiram num ritmo ainda mais acelerado).

O mundo conectado foi um desafio para os trabalhadores da indústria no Ocidente. Eles tiveram de competir com uma mão de obra barata. O mundo hiperconectado agora é um desafio para os trabalhadores de serviços. Eles precisam competir com um número maior de gênios vendidos a preços baratos - alguns dos quais são robôs ou microchips.

Escrevi sobre o mundo conectado em 2004, dizendo que o mundo tinha se "igualado". Entretanto, quando fiz essa afirmação o Facebook mal existia - e o Twitter, os iPads e o Skype ainda não tinham sido inventados ou estavam engatinhando. Agora eles estão explodindo, estão nos conduzindo do conectado para o hiperconectado.

Trata-se, ao mesmo tempo, de um enorme desafio e de uma enorme oportunidade. Nunca foi mais difícil encontrar um emprego e nunca foi tão fácil - para os que estão preparados para esse mundo - inventar um emprego ou encontrar um cliente. Qualquer pessoa que tenha alguma ideia pode se lançar num empreendimento da noite para o dia, usando um cartão de crédito, acessando cérebros, músculos e clientes onde quer que seja.

O termo "terceirização" também se tornou obsoleto. Hoje as empresas podem e buscam os melhores executivos e os maiores talentos para conseguir seus objetivos em qualquer parte do mundo. Matt Barrie é o fundador da freelancer.com, que hoje tem uma lista de 2,8 milhões de freelancers que oferecem todo tipo de serviço que você pode imaginar - como alguém que procura um designer para projetar um buggy que funcione nas dunas.

Quarenta pessoas agora estão se oferecendo para o trabalho a um preço médio de US$ 268.

Na realidade, não existe mais "dentro" nem "fora". No mundo hiperconectado, há apenas "bom", "melhor" e "o gênio". Gerentes e empreendedores de todas as partes agora têm mais acesso do que nunca às pessoas melhores e às geniais.

Obviamente, isto faz com que seja mais vital do que nunca ter escolas capazes de elevar e inspirar um número cada vez maior dos jovens a uma categoria melhor e cada vez melhor, porque mesmo os bons talvez não tenham mais chances e a média definitivamente desapareceu. Fonte: Estadão - 05 de outubro de 2011  

Comentário: Isso que está acontecendo nessa nova revolução industrial tecnológica, onde predomina a robotização humana/robótica, automatização, etc. A hierarquização tradicional de uma empresa praticamente acabou, diretoria, gerência e o restante. Antigamente tinha apenas o peão de fábrica, hoje existe  o peão de colarinho branco que faz tudo. Na década de 80 a indústria automobilística brasileira  tinha 112 mil trabalhadores para produzir 1,2 milhões de carros. Hoje com produção de veículos atingindo 3,6 milhões, com 137 mil trabalhadores. Se não considerarmos o avanço tecnológico, hoje,   a indústria automobilística  teria  336.500 trabalhadores. Podemos considerar que o avanço tecnológico está retirando 30% dos postos de trabalho ou um terço dos postos de trabalho.

Não haverá emprego para todo mundo. Essa é a realidade. A primavera social, a primavera do desemprego será predominante nos próximos anos. Será a primavera negra. O jovem não terá o que perder. Será o pesadelo para a classe política e para economia. O jovem não foi educado naquele processo lento de cada ciclo existe uma espera, faz parte da vida. O jovem está sendo educado no processo da conectividade, tudo é instantâneo. O processo lento e demorado não existe nesse ciclo de conectividade, pois predomina o anarquismo da internet. Eles querem mudança, mas não sabe o caminho.

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