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sábado, 21 de janeiro de 2017

Discurso da posse de Donald Trump

Donald Trump tomou posse nesta sexta-feira (20) como 45º presidente dos Estados Unidos. Em um discurso de pouco menos de 20 minutos, o novo presidente prometeu transferir o poder político do país de Washington para os americanos e disse que o povo não será ignorado pelo governo. Trump ainda ressaltou a necessidade de priorizar o país, e criticou os políticos tradicionais.

Leia abaixo a íntegra do discurso de posse de Trump, com comentários de Raul Juste Lores.

Juiz presidente do Supremo Roberts, presidente Carter, presidente Clinton, presidente Bush, presidente Obama, meus concidadãos americanos e povos do mundo: obrigado.

Nós, os cidadãos da América, nos unimos agora em um grande esforço nacional para reconstruir nosso país e restaurar sua promessa para toda nossa população.

Juntos, vamos determinar o rumo da América e do mundo por anos pela frente.
Vamos enfrentar desafios. Vamos encarar dificuldades. Mas daremos conta do recado.

A cada quatro anos nós nos reunimos nestes degraus para realizar a transferência de poder ordeira e pacífica, e somos gratos ao presidente Obama e à primeira-dama Michelle Obama por sua ajuda gentil nesta transição. Eles foram magníficos.

Agradecimentos ao antecessor são uma civilizada praxe.

A cerimônia de hoje, contudo, encerra um significado muito especial. Porque hoje não estamos apenas transferindo o poder de uma administração a outra, ou de um partido a outro –estamos transferindo o poder de Washington e devolvendo-o a vocês, o povo americano.

Durante tempo demais, um grupo pequeno na capital de nosso país auferiu os benefícios do governo, enquanto o povo arcou com os custos.

Antipolítico e anti-establishment, a retórica que o elegeu.
Washington prosperou –mas o povo não compartilhou sua riqueza.
A região metropolitana é das mais ricas do país, incólume à crise de 2008.
Os políticos prosperaram –mas os empregos partiram, e as fábricas foram fechadas.
O establishment se protegeu, mas não protegeu os cidadãos de nosso país.

As vitórias dos políticos não têm sido as vitórias de vocês; os triunfos deles não têm sido os seus triunfos; e, enquanto eles festejavam na capital de nossa nação, as famílias em todo nosso país que passavam por dificuldades tinham pouco o que festejar.

Isso tudo vai mudar –começando aqui mesmo, e agora mesmo, porque este é o momento de vocês: ele pertence a vocês.

Ele pertence a todos os que estão reunidos aqui hoje e todos que estão assistindo em toda a América.

Este é o dia de vocês. É a festa de vocês.
E este país, os Estados Unidos da América, é o seu país.

O que importa verdadeiramente não é qual partido controla nosso governo, mas se nosso governo é controlado pelo povo.

O dia 20 de janeiro de 2017 será recordado como o dia em que o povo tornou-se governante deste país outra vez.

Os homens e mulheres esquecidos de nosso país não serão mais esquecidos.

Todos os estão ouvindo agora.

Vocês vieram às dezenas de milhões para tornarem-se parte de um movimento histórico que o mundo nunca antes viu.
Ao centro desse movimento está uma convicção crucial: que uma nação existe para servir a seus cidadãos.
Os americanos querem ótimas escolas para seus filhos, bairros seguros para suas famílias e bons empregos para eles mesmos.

São as reivindicações justas e razoáveis de um público que está com a razão.

Mas, para uma parte grande demais de nossos cidadãos, a realidade que existe é diferente: mães e crianças presos na armadilha da pobreza nos centros pobres de nossas zonas centrais; fábricas desativadas e corroídas, espalhadas pela paisagem de nosso país como túmulos; um sistema de ensino rico em dinheiro, mas que deixa nossos estudantes jovens e belos privados de conhecimento; e criminalidade, gangues e drogas que já roubaram vidas demais e roubaram nosso país de tanto potencial não realizado.

"Inner cities", zonas centrais, virou sinônimo de áreas de maioria negra dos anos 1960 aos 2000; ele foi acusado de racismo na campanha por usar esse termo.

Essa carnificina americana para aqui e para agora mesmo.

Somos uma só nação –e a dor deles é a nossa dor. Seus sonhos são nossos sonhos; seu sucesso será nosso sucesso. Compartilhamos um só coração, um lar e um destino glorioso.

O juramento de posso que faço hoje é um juramento de lealdade a todos os americanos.
Durante muitas décadas enriquecemos a indústria estrangeira às custas da indústria americana;
Ainda que as empresas americanas tenham liderado a fuga para "o estrangeiro".

Subsidiamos os exércitos de outros países, ao mesmo tempo em que permitimos o lamentável esgotamento de nossas próprias forças armadas;

Defendemos as fronteiras de outros países, ao mesmo tempo em que nos recusamos a defender as nossas;

O orçamento de US$ 600 bilhões (R$ 1,9 bilhão) é superior aos dos outros seis maiores exércitos do mundo somados, mas sofreu cortes sob Obama.

E gastamos trilhões de dólares no exterior, enquanto a infraestrutura da América se deteriorou.

Enriquecemos outros países, enquanto a riqueza, a força e a confiança de nosso país desapareceram no horizonte.

Nacionalista, projeta a ideia de que o país "enriquece" outros países, sem interesse

Uma a uma, as fábricas fecharam suas portas e deixaram nosso território, sem sequer pensar nos milhões e milhões de trabalhadores americanos deixados para trás.

A produção industrial americana tem obtido recordes nos últimos anos, mas boa parte é montada por robôs.
A riqueza de nossa classe média foi arrancada de suas casas e então redistribuída pelo mundo inteiro.
Mas isso é o passado. E agora estamos voltados apenas para o futuro.
Nós aqui reunidos hoje estamos lançando um novo decreto a ser ouvido em todas as cidades, em todas as capitais estrangeiras e em todos os salões do poder.
Deste dia em diante, uma nova visão vai reger nossa terra.
Deste momento em diante, será a América em Primeiro Lugar.

Cada decisão sobre comércio, sobre impostos, sobre imigração, sobre política externa, será tomada para beneficiar os trabalhadores americanos e as famílias americanas.

Precisamos proteger nossas fronteiras dos estragos causados por outros países que fabricam nossos produtos, roubam de nossas empresas e destroem nossos empregos. A proteção levará a maior prosperidade e força.

Mistura protecionismo com segurança, temas fortes na campanha, mas não cita os imigrantes ilegais, nem o muro com o México.

Eu lutarei por vocês com cada respiração minha –e nunca, jamais os decepcionarei.
A América vai começar a ganhar outra vez, a ganhar como nunca antes.
Traremos nossos empregos de volta. Traremos nossas fronteiras de volta.
Traremos nossa riqueza de volta. E traremos nossos sonhos de volta.

Vamos construir novas estradas, rodovias, pontes, aeroportos, túneis e ferrovias em toda parte deste nosso país maravilhoso.

Ele prometeu investimentos de até US$ 1 trilhão (R$ 3,2 bilhões) em obras públicas.

Vamos tirar nosso povo da dependência da seguridade social e lhe dar trabalho outra vez –reconstruindo nosso país com mãos americanas e mão-de-obra americana.

Republicanos acusam há anos de muita gente não procurar emprego por receber "seguridade social".

Vamos nos pautar por duas regras simples: compre o que é americano e contrate quem é americano.

Buscaremos a amizade e a boa vontade com as nações do mundo –mas o faremos com o entendimento de que é direito de todas as nações priorizar seus próprios interesses.

Não queremos impor nosso modo de vida a ninguém, mas sim deixar que ele brilhe como exemplo para todos o seguirem.

Trump criticou duramente o intervencionismo do seu antecessor republicano George W. Bush.

Vamos reforçar alianças antigas e formar alianças novas –e unir o mundo civilizado contra o terrorismo islâmico radical, que vamos erradicar completamente da face da Terra.

Obama não usava o termo porque temia que soasse como a era das Cruzadas. Trump quis marcar a diferença.

E o alicerce fundamental de nossa política será uma lealdade total aos Estados Unidos da América, e, através de nossa lealdade a nosso país, vamos redescobrir nossa lealdade uns aos outros.

Quando você abre seu coração ao patriotismo, não há lugar para o preconceito.

A Bíblia nos diz "como é bom e agradável quando os irmãos convivem em união".

Precisamos dizer abertamente o que pensamos, debater nossas divergências com franqueza, mas sempre buscar a solidariedade.

Quando a América está unida, ela é totalmente invencível.

Não deve haver nenhum medo –estamos protegidos e sempre estaremos.

Seremos protegidos pelos grandes homens e mulheres de nossas forças armadas, por nossa polícia, e, o que é mais importante, somos protegidos por Deus.

Mescla paternalismo à proteção divina. Faz sucesso com o eleitorado mais religioso.

Finalmente, precisamos pensar grande e sonhar ainda maior.

Na América, entendemos que uma nação só vive enquanto estiver se esforçando.

Não vamos mais aceitar políticos que falam muito e fazem pouco –que reclamam constantemente, mas nunca fazem nada a respeito dos problemas.

A hora do discurso da boca para fora acabou.

Agora é chegada a hora da ação.

Não permitam que ninguém lhes diga que isso não pode ser feito. Nenhum desafio é capaz de derrotar o coração, a garra e o espírito da América.

Discurso direto, sem firulas, mas quase de auto-ajuda. O presidente escreveu vários livros motivacionais.

Não vamos fracassar. Nosso país vai vicejar e prosperar novamente.

Estamos na aurora de um novo milênio, preparados para decifrar os mistérios do espaço, para libertar a Terra do sofrimento das doenças e para atrelar as energias, indústrias e tecnologias do amanhã.

Um novo orgulho nacional vai inspirar nossas almas, animar nossas visões e sanar nossas divisões.

Tenta endereçar a polarização crescente no país.

É hora de lembrar aquelas palavras de sabedoria antiga que nossos soldados nunca esquecem: que, quer sejamos negros, morenos ou brancos, todos sangramos o mesmo sangue vermelho dos patriotas, todos desfrutamos das mesmas liberdades gloriosas e todos saudamos a mesma e grandiosa bandeira americana.

E a divisão racial –apenas 8% dos eleitores negros votaram nele; raro momento em que não se dirige apenas à sua base.

Quer uma criança nasça no alastramento urbano de Detroit ou nas planícies do Nebraska, varridas pelos ventos, ela olhará para o mesmo céu noturno, encherá seu coração com os mesmos sonhos e recebeu o sopro de vida do mesmo Criador todo-poderoso.

Assim, a todos os americanos, em cada cidade próxima ou distante, pequena ou grande, de montanha a montanha e de oceano a oceano, ouçam estas palavras:

Vocês nunca mais serão ignorados.

Sua voz, suas esperanças e seus sonhos vão definir nosso destino americano. E sua coragem, sua bondade e seu amor nos guiarão para sempre neste caminho.

Juntos, Tornaremos a América Grande Outra Vez.

Tornaremos a América Rica Outra Vez.

Faremos a América Sentir Orgulho Outra Vez.

E Tornaremos a América Segura Outra Vez.

E, Sim, Juntos, Tornaremos a América Grande Outra Vez.

O slogan de sua campanha

Obrigado, Deus Os Abençoe e Deus Abençoe a América.
Fonte: Folha de São Paulo - 20/01/2017

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