E-mails interceptados na Operação Lava Jato mostram a
direção da cervejaria Itaipava pedindo que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva fizesse propaganda para a marca durante uma palestra em 2013.
A mensagem foi escrita pelo diretor Douglas Costa, da
Itaipava, e encaminhada por Walter Faria, dono do grupo, a Paulo Okamotto,
dirigente do Instituto Lula e um dos assessores mais próximos do petista. A
informação foi mostrada pelo jornal "O Estado de S.Paulo".
O e-mail tratava de preparativos para um evento em 2013 em
Alagoinhas (BA), que teria a participação de Lula e no qual seria inaugurada
uma unidade da empresa.
"Se o presidente puder falar que 'A cerveja Itaipava,
por ser 100% brasileira, é a sua cerveja preferida' e, como falou na palestra
de Atibaia 'Não bebo muita cerveja, mais [sic] quando bebo é Itaipava', seria
ideal para nos dar força na chegada da marca na Bahia", diz a mensagem.
A empresa pagou, de 2013 a 2015, um total de R$ 1,55 milhão
por três palestras realizadas pelo ex-presidente. Além de Alagoinhas, ele
esteve em Itapissuma (PE) e Atibaia (SP).
Lula, de fato, fez vários elogios em sua fala no evento na
Bahia. Disse que a cerveja Itaipava era "a melhor do mundo" e que
gostaria de experimentar uma "cremosa" da marca.
Em outra mensagem, o diretor da cervejaria afirmava que os
empresários Emílio e Marcelo Odebrecht, o patriarca e o herdeiro da
construtora, iriam acompanhar Lula no voo à Bahia.
A aeronave era um jato Falcon, de 12 lugares, que pertencia
à Odebrecht. A troca de e-mails sobre a palestra está em um laudo, público,
anexado a uma das investigações sobre Lula.
A Itaipava se tornou alvo da Lava Jato por conexões com a
empreiteira Odebrecht. A PF apura a transferência de dinheiro da construtora
fora do Brasil para uma conta de Walter Faria.
Planilhas apreendidas também sugerem um elo entre os dois
grupos, como pagamentos da empreiteira atribuídos a um "parceiro IT".
OUTRO LADO
A defesa de Lula diz que todas as palestras feitas pelo
ex-presidente "têm origem em contratos privados firmados com a empresa
LILS Palestras", que são lícitos e tiveram "os impostos
recolhidos".
"Tais palestras foram feitas com o mesmo valor de
referência e nas mesmas condições para mais de 40 empresas de setores e países
diversos", diz comunicado enviado pelo advogado Cristiano Zanin Martins.
O advogado também reclama do "constante vazamento de
dados relativos às atividades privadas" do ex-presidente e afirma que as
investigações abertas "têm a única intenção de promover o desgaste da
reputação e da imagem" de Lula. Fonte: Folha de São Paulo - 28/12/2016
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