Em seu primeiro discurso como presidente afastada, na manhã
desta quinta-feira, Dilma Rousseff afirmou que o processo de impeachment é
"fraudulento" e um "verdadeiro golpe".
Aplaudida diversas vezes durante sua fala no Palácio do
Planalto, a petista disse que o que está em jogo no processo é "o respeito
às urnas, a vontade soberana do povo brasileiro e a Constituição". Ainda
em seu discurso de saída do Planalto, Dilma afirmou que não cometeu crime de
responsabilidade e se disse alvo de injustiças.
"É um processo frágil, juridicamente incompetente, é a
maior das brutalidades que pode ser cometida contra qualquer ser humano:
puni-lo por um crime que não cometeu. Não existe injustiça mais devastadora do
que condenar um inocente."
A presidente afastada afirmou também que o processo partiu
de uma oposição "inconformada" com o resultado das eleições e que
passou a "conspirar abertamente" pelo seu afastamento.
"Tenho sido alvo de intensa e incessante sabotagem. O
objetivo evidente tem sido me impedir de governar."
E acrescentou que o maior risco para o país é ser dirigido
por um governo "sem voto, que não tem legitimidade".
"A população saberá dizer não ao golpe. Aos brasileiros
que são contra o golpe, faço um chamado: mantenham-se mobilizados, unidos e em
paz. A luta para democracia não tem data para terminar. E nós vamos
vencer."
Manifestantes
Depois desse pronunciamento, ela falou aos manifestantes
pró-governo reunidos do lado de fora do Planalto.
Ao lado do ex-presidente Lula e do presidente nacional do
PT, Rui Falcão, Dilma repetiu o discurso de que não cometeu crimes. E frisou
que os atos dos quais é acusada - mudar gastos do governo sem aprovação do
Congresso e manobras contábeis para maquiar as contas públicas - são
"corriqueiros".
"Esses atos foram feitos por todos aqueles que me
antecederam. Se não era crime naquela época, também não é crime agora."
Aos som de gritos de "Fora Temer", a presidente
afastada atribuiu a abertura do processo de impeachment a um ato de vingança do
então presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), pelo fato de o PT ter
votado contra sua absolvição na Comissão de Ética da Casa.
"Que ele (Cunha) estava fazendo uma chantagem contra
esse governo. E eu não sou mulher para aceitar esse tipo de chantagem."
Fonte: BBC Brasil - quinta-feira, 12 de maio de 2016
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