O diretor da Comissão
Permanente de Vacinação da Alemanha (Stiko), Thomas Mertens, disse em
entrevista publicada no sábado (04/12) que levará "meses" para que
novas vacinas contra a variante ômicron do coronavírus Sars-Cov-2 estejam
disponíveis.
Ele também afirmou ser
plenamente possível que uma nova vacina seja necessária contra a nova variante.
"A ômicron tem muitas mudanças na proteína spike, o que pode tornar mais
difícil para os anticorpos combaterem o vírus", disse ao jornal Rheinische
Post.
"É provável que os
fabricantes precisem de três a seis meses no laboratório. Isso não é simples,
eles têm que criar uma vacina que funcione contra a ômicron e a delta, porque a
delta ainda está muito disseminada", afirmou.
Apesar do possível
desenvolvimento de novas versões da vacina, Mertens estimulou as pessoas a
tomarem doses de reforço dos imunizantes atualmente disponíveis.
"As doses de reforço
definitivamente valem a pena. A luta contra a variante delta continua",
disse. "E não haveria problema em ser revacinado alguns meses após receber
a dose de reforço para se proteger contra a ômicron, se for necessário."
PFIZER-BIONTECH: NOVA VERSÃO
EM 100 DIAS : O presidente da farmacêutica alemã BioNTech, Ugur Sahin, que
desenvolveu a vacina produzida em parceria com a Pfizer, afirmou na sexta-feira
que considera provável a necessidade de uma nova versão do imunizante para
combater a ômicron, e que ela poderia ser entregue de forma "relativamente
rápida".
"Acredito que, a
princípio, precisaremos de uma nova vacina contra esta nova variante em algum
momento. A questão é com qual urgência ela precisará estar disponível",
disse. Segundo Sahin, sua empresa já trabalha em uma nova versão do imunizante,
que poderia ficar pronta em cerca de 100 dias. Depois disso, ainda seria
necessário obter a autorização de agências governamentais.
Sahin afirmou que uma
confirmação de que a vacina atual protege contra casos graves provocados pela
variante ômicron daria aos cientistas mais tempo para desenvolver a abordagem
contra a nova mutação. Se as doses de reforço atuais ainda oferecerem de 85% a
90% de proteção contra a doença, "teríamos mais tempo para adaptar a
vacina".
Segundo Sahin, ele já
esperava que uma variante do coronavírus com muitas mutações surgiria em algum
momento, mas que isso ocorreu antes do previsto. "Esperava para algum
momento do próximo ano, e já está entre nós", disse.
Ele afirmou ainda que a
probabilidade de que as pessoas tenham que se vacinar anualmente contra a
covid-19 está aumentando, da mesma forma como ocorre com a vacina da gripe.
No início do ano, a BioNTech
e a Pfizer desenvolveram em 95 dias uma vacina eficaz contra a variante delta,
em meio a temores de que a fórmula inicial não funcionaria contra essa cepa.
Mas a nova versão acabou não sendo utilizada, já que a vacina atual se provou eficiente
para proteger contra a delta.
MODERNA: ATUALIZAÇÃO PRONTA
EM MARÇO: O presidente da farmacêutica americana Moderna, Stéphane Bancel, que
produz uma vacina contra a covid-19 com a mesma tecnologia usada pela
Pfizer-BioNTech, também afirmou na semana passada que espera uma queda da
eficácia dos imunizantes contra a ômicron, mas que ainda levará algum tempo
para medir qual será a magnitude.
Mesmo que ainda não haja
dados sobre o desempenho das atuais vacinas, ele disse ser provável que o alto
número de mutações da ômicron torne necessário o desenvolvimento de uma nova
versão da vacina
Ele disse que a Moderna já
trabalha em uma nova versão da vacina e que ela estará testada e pronta para
solicitar autorização a autoridades sanitárias em março. Essa versão combateria
especificamente as mutações da variante ômicron e seria aplicada como dose de
reforço. Segundo Bancel, seria a forma mais rápida de reagir à nova variante.
A Moderna também está
desenvolvendo uma vacina capaz de combater até quatro variantes diferentes do
coronavírus, incluindo a ômicron, mas ela levará mais vários meses para ficar
pronta.
OUTRAS EMPRESAS TAMBÉM
ANALISAM ÔMICRON: A Johnson & Johnson informou na semana passada que seus
pesquisadores "buscam uma variante da vacina específica para a ômicron, e
a desenvolverão conforme o necessário”.
A Universidade de Oxford, no
Reino Unido, que desenvolveu uma vacina contra a covid-19 com a farmacêutica
AstraZeneca, disse que ainda não há evidências de que as vacinas atuais não
evitariam manifestações grave da doença em pessoas infectadas pela ômicron, mas
que estava pronta para desenvolver uma atualização do imunizante se fosse
necessário.
Na Rússia, o Instituto
Gamaleya e o Fundo Russo de Investimentos Diretos, que desenvolveram e
promoveram as vacinas Sputnik, anunciaram que deram início aos trabalhos para
adaptar o imunizante para combater a ômicron.
"O Instituto Gamaleya
acredita que a Sputnik V e a Sputnik Light irão neutralizar a ômicron, uma vez
que possuem a eficácia mais alta contra as outras mutações”, disse o Fundo
Russo em nota, acrescentando que, se for necessário modificar a vacina, ela
estaria pronta para produção em massa em 45 dias.
Até o momento, 40 países já
registraram casos da variante ômicron, incluindo Brasil, Estados Unidos, Reino
Unido, Alemanha, França, Espanha, Portugal, China, Índia e África do Sul. Fonte: Deutsche Welle – 05.12.2021