Duas das maiores cadeias de supermercados da Alemanha, Edeka e Lidl, manifestaram preocupação com o desmatamento no Brasil e pediram que o governo alemão pressione o governo do presidente Jair Bolsonaro a conter a devastação ambiental.
"Tendo em vista o
aumento da demanda global por soja e os desenvolvimentos na região amazônica,
compartilhamos suas preocupações", diz uma carta da Lidl enviada à
eurodeputada alemã Anna Cavazzini, uma crítica ferrenha da política ambiental
de Bolsonaro.
"A rede Edeka está
observando os acontecimentos no Brasil com grande preocupação", diz a
outra rede, também em carta enviada à eurodeputada.
No documento, a Edeka também
afirma que pediu que produtores de soja brasileiros se comprometam a atuar para
que áreas do Cerrado não sejam destruídas e convertidas em zonas de cultivo.
A Edeka afirmou ainda que,
enquanto membro da Federação Alemã do Comércio de Alimentos (BVLH), pediu que o
governo da chanceler federal alemã, Angela Merkel, pressionasse o governo
Bolsonaro a agir para conter o desmatamento e dar prioridade à proteção
florestal.
A rede Lidl também é membro
da federação que apresentou o pedido ao governo alemão. "Na nossa visão, o
desmatamento não é o único aspecto problemático, mas também o fato de que
monoculturas em larga escala e uso intenso de pesticidas empobrece o solo e
favorece a erosão", disse o conglomerado.
Ambas as redes ainda
afirmaram que estão comprometidas com a adoção de "cadeias de
abastecimento sem desmatamento". A Lidl, por sua vez, afirmou que o grupo
prefere soja da União Europeia (UE) e incentiva a mudança para um cultivo de
soja mais sustentável no Brasil.
De acordo com o jornal alemão
Taz, que publicou uma reportagem sobre o posicionamento das duas redes, a
declaração dos dois conglomerados pode aumentar a pressão para que o governo
alemão reavalie seu rumo em relação ao Brasil.
No mês passado, Merkel acenou
retirar seu apoio à retificação do acordo de livre comércio da UE com o
Mercosul, referindo-se ao desmatamento da Amazônia. Entretanto, ela ainda não
desistiu de modo definitivo do tratado.
Em maio, as principais redes
de supermercados do Reino Unido ameaçaram boicotar produtos brasileiros se o
Congresso Nacional aprovasse a polêmica lei de regularização fundiária,
conhecida a "MP da grilagem", posteriormente convertida em projeto de
lei.
A carta aberta tem cerca de
40 signatários, incluindo algumas das redes de supermercados mais importantes
do Reino Unido, como Tesco, Sainsbury's, Morrisons e Marks & Spencer, além
da rede Burger King, do fundo público de pensões sueco AP7 e de outras empresas
de gestão de investimentos. Fonte: Deutsche Welle – 090.09.2020
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