Quase 10 mil integrantes das Forças Armadas foram
mobilizados para atuar contra os protestos.
O presidente do Chile, Sebastian Piñera, solicitou neste
sábado (26) que ministros coloquem cargos à disposição. O anúncio foi feito
após uma semana de protestos. Na sexta-feira (25), cerca de 1 milhão foram às
ruas, no maior ato desde a ditadura.
A capital chilena viveu o terceiro dia de distúrbios no
domingo (20) com confrontos violentos entre manifestantes e policiais. Os
protestos pela suspensão do aumento nas passagens de metrô seguiram após o
presidente anunciar no sábado (19) sua revogação.
Na noite de sábado (19), manifestantes atacaram vidraças de
prédios, destruíram semáforos, queimaram ônibus e invadiram e incendiaram um
supermercado. Ao menos 19 pessoas morreram desde semana passada devido a
incêndios em estabelecimentos, atropelamentos e confrontos com forças de
segurança.
ENTENDA OS DISTÚRBIOS NO CHILE EM SEIS PONTOS:
·
Governo anunciou um aumento de 30 pesos na
tarifa do metrô, equivalente a 20 centavos de real
·
Violência aumentou nos protestos a partir de
sexta (18);
·
Chile decreta no sábado "Estado de
Emergência" e Exército vai às ruas pela 1ª vez desde a ditadura;
·
Presidente chileno suspendeu o aumento na tarifa
do metrô, mas os protestos prosseguiram;
·
Metrô de Santiago foi fechado e o aeroporto da
capital chilena teve voos suspensos;
·
Na sexta-feira (25), cerca de 1 milhão foram às
ruas. O presidente solicitou que ministros coloquem cargos à disposição.
1. AUMENTO DA TARIFA DO METRÔ
O preço da passagem do metrô de Santiago nos horários de
pico subiu para 830 pesos – equivalente a R$ 4,80 –, aumento de 3,75%. Não
havia aumento nessa proporção desde 2010. O reajuste não afetou o valor das
passagens para estudantes e idosos, mas se soma ao aumento geral de 20 pesos
nas tarifas decretadas em janeiro passado.
2. ESCALADA DA VIOLÊNCIA
Os protestos, que começaram há cerca de 15 dias, tornaram-se
violentos a partir de sexta. Houve confrontos entre manifestantes e policiais.
Houve registro de incêndios que deixaram mortos em um supermercado e uma
fábrica. O balanço oficial indica que 11 pessoas morreram e 1.462 foram detidas
no país.
Manifestantes provocaram danos em 78 estações e trens. A
empresa estatal que administra o serviço do metrô avalia que o prejuízo deve
chegar a mais de US$ 300 milhões.
3. ESTADO DE EMERGÊNCIA E TOQUE DE RECOLHER
O aumento da violência nos protestos fez o governo enviar
tropas do Exército às ruas de partes de Santiago. Foi a primeira vez que isso
ocorreu desde 1990, quando o Chile voltou à democracia após a ditadura de
Augusto Pinochet.
Mais 9.500 integrantes das Forças Armadas foram mobilizados
para atuar contra os protestos para controlar pontos estratégicos como centrais
de abastecimento e estações de metrô, que são alguns dos alvos mais visados
pelos manifestantes.
O governo do país andino decretou estado de emergência por
15 dias na capital e na região metropolitana.
O general Javier Iturriaga decretou toque de recolher duas
noites consecutivas, no sábado e no domingo. A medida atingiu a região
metropolitana de Santiago, Valparaíso (centro), Coquimbo, Biobío e Antofagasta,
entre outras regiões.
4. SUSPENSÃO NA ALTA DA TARIFA
Os protestos contra o aumento nas passagens de metrô
seguiram mesmo após o presidente Sebastián Piñera anunciar no sábado (19) a suspensão
do aumento de 30 pesos (R$ 0,17), que foi o estopim dos protestos.
"Escutei com humildade a voz de meus compatriotas e não
terei medo de seguir escutando esta voz. Vamos suspender o aumento nas
passagens do metrô", disse o presidente em uma transmissão.
No entanto, a medida não acalmou os manifestantes, que
continuaram nas ruas com gritos de "basta de abusos" e com o lema
"Chile acordou".
As manifestações não têm um líder definido nem uma lista
precisa de demandas. Até o momento aparece como uma crítica generalizada a um
sistema econômico neoliberal que, por trás do êxito aparente dos índices
macroeconômicos, esconde um profundo descontentamento social.
No Chile, o acesso à saúde e à educação é praticamente
privado, a desigualdade social é elevada, os valores das pensões estão
reduzidos e os preços dos serviços básicos estão em alta, de acordo com a
France Presse.
5. VOOS SUSPENSOS
No aeroporto da capital chilena, centenas de pessoas ficaram
retidas - muitas dormiram no chão - com o cancelamento ou adiamento de voos.
Os voos operados pelas maiores companhias aéreas do Chile, a
Latam e a Sky Airline, foram suspensos por causa do toque de recolher.
A Latam Chile disse em uma rede social que, devido à
situação da ordem pública, seus voos para dentro e fora de Santiago estavam
sendo afetados.
6. UM MILHÃO NAS RUAS
O presidente do Chile, Sebastian Piñera, solicitou neste
sábado (26) que ministros coloquem cargos à disposição. "Pedi a todos os
ministros para colocar seus cargos à disposição para poder estruturar um novo
gabinete para poder enfrentar essas novas demandas", afirmou no final da
manhã em pronunciamento no Palácio da Moeda, sede do Executivo do país.
O anúncio foi feito um dia depois de cerca de 1 milhão irem
às ruas na que é considerada pela imprensa local como maior manifestação desde
o período da ditadura de Augusto Pinochet, que terminou em 1990. Fonte: Por
G1-20/10/2019
Comentário: É a Primavera Chilena
Consequências: Lado obscuro do protesto: Saques, vandalismos,
etc
■Comércio chileno calcula perdas de mais de US$ 1,4 bilhão
A CCS, que representa as principais empresas do país, estima
os prejuízos em prejuízos de US$ 900 milhões e a falta de vendas em outros US$
500 milhões.
Dos prejuízos estimados, US$ 900 milhões seriam apenas em danos
causados por saques e destruição de lojas, mais US$ 500 milhões mais pela falta
de vendas por roubo de espécies e pelos dias em que as lojas estavam fechadas.
■O setor estima que as instalações afetadas por incêndios,
pilhagem ou destruição excedam 25.000. Estimativas do CCS, que representa as
principais empresas do país, estimam que o número de instalações afetadas
nacionalmente por incêndios, saques ou destruição ultrapassa 25.000, das quais
10.000 pertencem a pequenas e médias empresas.
■Prejuízo milionário para Metrô de Santiago - A empresa Metro
confirmou que terá de enfrentar com o
seu património os danos milionários deixados nelas pelo vandalismo que ocorreu
no início da explosão social que abalou o país desde sexta-feira, 18 de Outubro.
Dessa forma, a maior parte dos US$300 milhões em que as perdas causadas pelos
abusos e significarão uma dura diminuição para a empresa.
Das 136 estações da rede do Metrô, 79 estão danificadas.
Destes, dez foram completamente destruídos por incêndios e outros atos de
vandalismo. A estes se somam 11 parcialmente danificados, 41 com danos
múltiplos e 17 que requerem pequenos reparos. Quanto aos trens, há seis que têm
algum tipo de dano causado pela violência dos protestos. Fontes: Cooperativa - 26 de Outubro de 2019 , CIPER -
24.10.2019
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