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quarta-feira, 12 de junho de 2019

Maçã desenvolvida em SC receberá royalties na Europa

Uma nova espécie de maçã desenvolvida em Santa Catarina conquistou o direito de recolher royalties nos 23 países que compõem a União Europeia. A fruta, que recebeu o nome de Monalisa, foi elaborada por meio de melhoramento genético iniciado há 31 anos por técnicos da estatal catarinense Epagri (Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural).
 “A fruta é doce, crocante, suculenta e tem uma bela aparência. Ela caiu no gosto dos europeus”, afirma Renato Luis Vieira, gerente da estação experimental da Epagri em Caçador, que projeta o início do recolhimento da verba dos direitos de venda para 2022.
 “Estamos colhendo os frutos de um trabalho iniciado há muito tempo. É demorado, mas, quando vem a valorização, não tem preço”, disse. O cruzamento de plantas que deu origem à Monalisa foi desenvolvido em um ensaio experimental na primavera de 1988.

A história começou com o pesquisador Anísio Pedro Camilo, que fez doutorado em um programa de hibridações nos Estados Unidos , segundo Frederico Denardi, engenheiro‑agrônomo aposentado da Epagri. O pesquisador fez o cruzamento de uma muda de maçã gala com uma outra muda desenvolvida para ser mais resistente. “A gala é a mais produzida no Brasil hoje, mas tem inconvenientes como a dificuldade de adaptação ao clima do Sul. Também é muito suscetível a doenças”, disse.

As sementes foram pré-germinadas em câmaras climáticas e depois monitoradas em estufas. Na sequência, as mudas foram submetidas ao contato com as principais pragas que atacam os pomares. As mudas que resistiram foram selecionadas para passar por uma nova bateria de testes. Depois de atestar a resistência, os melhoristas (que fazem o melhoramento genético) partiram para aperfeiçoar a qualidade da fruta. Foram feitos testes para medir a firmeza da polpa, o nível de acidez, o teor de açúcar, a coloração, o formato, o sabor e a capacidade de conservação, entre outros fatores.

A ROTINA DE AVALIAÇÕES SE ESTENDEU POR SETE ANOS.
Em 1995, os pesquisadores atestaram o ápice da qualidade buscada e escolheram uma muda para ser a versão final do experimento. Ela recebeu um código de identificação e foi multiplicada por meio de enxerto.
A previsão é de redução do custo de produção porque é uma variedade resistente a algumas doenças que atingem a planta. “O agricultor deixa de gastar com agrotóxicos. Ela também se adapta muito bem à produção orgânica e produz efeitos na segurança alimentar e ambiental”, disse.

Os bons resultados culminaram na decisão de lançar a nova fruta para o mercado. Mudas foram fornecidas para os viveiristas interessados. A partir de convênio firmado com a Mondial Fruit Selection, empresa francesa que representa a maçã no exterior, testes foram feitos na Europa para avaliar a adaptação da fruta ao clima e a aceitação entre os produtores.
Foi na fase do lançamento que Denardi batizou a maçã de Monalisa, em razão da “universalidade e por ser um nome bonito, atraente e fácil”.

Em abril, a empresa concluiu que a Monalisa tem alto potencial de comercialização na Europa. Para realizar o cultivo, a propriedade intelectual da criação foi reconhecida.
A empresa irá liberar as mudas para os produtores licenciados que já poderão realizar o plantio. O processo do cultivo até a floração e colheita deve levar três anos, o que significa que estará nos mercados europeus a partir de 2022.
Com o início da comercialização, a Epagri começará a receber os valores pela concessão dos direitos da fruta. No Brasil, um edital será lançado para selecionar produtores que atendam as condições de cultivo.  “Agora é preciso ver se o mercado consumidor aceita a fruta”, disse Vieira. Fonte: Folha de São Paulo - 18.mai.2019 

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