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quinta-feira, 4 de abril de 2019

É preciso entender o passado para construir o futuro

Para falarmos sobre 31 de março de 1964 é preciso uma contextualização histórica, porém clara e objetiva. Passados 55 anos deste importante evento, é necessário refletirmos, com isenção de paixões, sobre o fato histórico.

Uma boa análise exigiria uma retrospectiva que passaria pelo período do Império, a proclamação da República, Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek para podermos definir com clareza o cenário sócio–geopolítico–econômico-militar da época.

É importante que as novas gerações entendam que se vivia uma guerra real, embora velada. Era a Guerra Fria que, desde o final da Segunda Guerra Mundial, polarizava o planeta em duas grandes vertentes: os Estados Unidos, capitalista, e a Cortina de Ferro, pela União Soviética, comunista.

Mais de cem países do mundo, incluindo praticamente toda a América Latina, vivenciavam conflitos internos, como um reflexo desta disputa de poder. A URSS projetava seu poder através da chamada Internacional Comunista. Atuavam planejando, financiando e orientando a luta armada, através das guerrilhas.

Era uma guerra silenciosa e dura, que causou muitas baixas.

O Brasil, no início da década de 1960, era alvo de um orquestrado plano de conquista, que vinha sendo implementado insistentemente desde 1925. Entre 1959 e 1964, nosso país recebeu agentes estrangeiros das mais diversas origens, como Cuba. Centenas de brasileiros foram treinados em Cuba, na Tchecoslováquia e na própria URSS.

Fatos graves começaram a ocorrer e o país tornava-se ingovernável. As Forças Armadas atenderam ao apelo popular e decidiram “salvar a nação de si mesma”. Como guardiãs da Constituição, protegeram a nação de seus inimigos internos e externos.

Foi necessário tutelar a nação!

Atendendo ao clamor da sociedade nas ruas, do próprio Congresso, dos chefes militares e através de eleições indiretas, foi indicada ao marechal Humberto de Alencar Castello Branco a missão de pacificar o país e colocá-lo no caminho do desenvolvimento.

Era um exemplar soldado, herói da Segunda Guerra, filósofo pela Sorbonne, respeitado pelos companheiros e um verdadeiro estadista. Segundo relatos de família, ouvidos por meu pai, sua visão do processo seria a de conduzir uma firme gestão de transição, ao término da qual seriam realizadas novas eleições. Infelizmente, por radicalismos de ambas as partes, isto não ocorreu.

Apesar de tudo, o período de 1963 a 1974 foi uma fase triste, em termos de respeito aos parâmetros de preservação das garantias individuais.

Sempre será uma página a ser virada. Preservar todas as correntes de pensamento não deixa de ser também uma luta pela democracia.

Devemos celebrar juntos apenas os inegáveis resultados benéficos que aquele período nos trouxe, guardando as nossas mágoas e rezando para que jamais uma situação como aquela se repita.

Reconheço erros dos dois lados e o fato de que grande parte da juventude idealista acreditava ser a revolução comunista a única solução para os graves problemas nacionais.

Longe dos fantasmas de outrora e sem críticas ou ressentimentos, temos o compromisso de acertar e reconstruir o Brasil. Lutar por uma nova forma de pensar, de agir, de educar os mais jovens para a vida e para o mundo tecnológico que se descortina à nossa frente.

Uma nova forma de política, conquistando as mentes e os corações, formando um novo estado de consciência para todo o Brasil. Somos todos um só!
Folha de São Paulo - 1º.abr.2019 
Oscar Castello Branco de Luca, é deputado estadual (PSL) em São Paulo e sobrinho-neto do ex-presidente Castello Branco (1964-1967)

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