Páginas

quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

Família Civita vende Abril pelo preço simbólico de R$ 100 mil

A família Civita fechou a venda do Grupo Abril para o empresário Fábio Carvalho, das redes de lojas Casa & Vídeo e Leader, sediadas no Rio, e deixou a imprensa depois de 68 anos.
O valor do negócio, simbólico, é de R$ 100 mil. O grupo tem uma dívida de R$ 1,6 bilhão, sendo dois terços com Itaú, Bradesco e Santander, e está em recuperação judicial desde 16 de agosto. A expectativa é que a compra esteja concluída em um mês e meio.

Carvalho, que é advogado, tem um histórico de assumir empresas em dificuldades para buscar eventual retomada. Para viabilizar a nova compra, ele tem o suporte da Enforce, do BTG Pactual, que conversa com os três bancos para adquirir com desconto a dívida de R$ 1,1 bilhão.
O BTG está em seus planos também para investimento e parceria. "É um banco com o qual a gente tem relação há muitos anos", diz. "É o único banco de porte que tem área específica dedicada a financiamentos para empresas em reestruturação. Área da qual a gente já tomou muito dinheiro emprestado e já pagou muito dinheiro de volta."

Por enquanto, o que antecipa é injetar, no fechamento da operação, esperado para fevereiro após a aprovação pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), R$ 70 milhões de recursos próprios.
Ele afirma que o Grupo Abril "vem evoluindo muito rapidamente no controle do desempenho financeiro", nestes quatro meses em recuperação judicial, e "com esse reforço vai atingir nova estabilidade". Não há previsão de cortar mais títulos de revistas.

"Queremos evitar que um processo de crise venha a afetar um dos grandes ativos do grupo, que é sua história, seus padrões de jornalismo", disse. "A gente quer manter e partir para melhor, com a adoção de novas plataformas para oferecer esse conteúdo."
Um dos projetos teria como parceiro o próprio BTG. "Onde existe uma demanda grande, não só do BTG, é por mais fluxos de visitantes digitais focados em investimento. Esse é o princípio por trás de empresas como Infomoney. É uma oportunidade que a gente vai explorar, sim."

Para tanto, o grupo "tem a Exame, tem uma tradição de cobertura de negócios". Embora repita não ser o único, Carvalho diz que "o BTG é manifestamente interessado nesse tipo de audiência". De maneira geral, o empresário diz que se trata de um conteúdo "de alta demanda, alta valorização", que será buscado também por todos os concorrentes, mas que, embora seja aquele "do momento, o que está em voga", há outros em evolução.

O objetivo maior, diz, é "encontrar novos paradigmas para a instituição imprensa". Trata-se de "desafio não só empresarial,  mas institucional, de encontrar a forma de fazer jornalismo com sustentabilidade e qualidade, devolvendo um pouco mais de racionalidade às conversas" no país. Ele deve assumir em fevereiro como presidente-executivo do Grupo Abril, no lugar de Marcos Haaland, sócio da mesma Alvarez & Marsal que foi chamado para iniciar a recuperação.

Ainda sobre as dívidas e o processo de recuperação judicial, Carvalho afirmou que "o privilégio legal e moral é dos mais necessitados, as [dívidas] trabalhistas". Paulo Zocchi, presidente do Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo, afirmou que "a recuperação judicial prossegue, com seus ritmos e prazos, e o sindicato tem uma posição clara". "Todas as dívidas trabalhistas e dos freelancers têm de ser pagas o mais rápido possível e na íntegra." Fonte: Folha de São Paulo - 20.dez.2018

Nenhum comentário:

Postar um comentário