Quase
nada em Cuba lembra de como era a vida antes dos Castro. O dia 19 de abril de
2018 marca o fim das quase seis décadas de governo dos irmãos Fidel e Raúl.
Tantas
vezes anunciada e desmentida, a morte do líder foi inicialmente recebida com
desconfiança. Entretanto, em 25 de novembro de 2016, os bares fecharam mais
cedo e as reuniões de amigos nas ruas se dispersaram com a notícia. Durante
anos, Fidel Castro desmentiu rumores de sua morte com a publicação de
fotografias ou artigos de opinião.
1959
- A REVOLUÇÃO TRIUNFA
O
rebeldes liderados por Fidel Castro chegam ao poder depois de derrubar o
ditador Fulgêncio Batista em janeiro. Os EUA reconhecem o novo governo. Logo,
"leis revolucionárias" (como a reforma agrária) afetam empresas
americanas. Em dezembro, o presidente republicano Dwight D. Eisenhower aprova
um plano da CIA para derrubar Castro em um ano e substitui-lo por "uma
junta amiga dos EUA".
1960
− APROXIMAÇÃO COM A UNIÃO SOVIÉTICA
Eisenhower
proíbe exportações para Cuba (exceto de alimentos e remédios) e suspende a
importação de açúcar. Cuba responde nacionalizando bens e empresas americanas e
estabelecendo relações diplomáticas e comerciais com a União Soviética. No
funeral das vítimas da explosão do cargueiro francês La Coubre (foto), Cuba
responsabiliza a CIA, e Castro lança seu lema "pátria ou morte!"
1961
− RUPTURA E INVASÃO FRACASSADA
Os
EUA rompem relações diplomáticas com Cuba e fecham sua embaixada em Havana em 3
de janeiro. Após uma série de bombardeios em aeroportos e incêndios em
estabelecimentos comerciais, cuja autoria Cuba atribui aos EUA, Fidel proclama
o caráter socialista da revolução em 16 de abril. Entre 17 e 19 daquele mês,
cubanos treinados pelos EUA tentam invadir a ilha pela Baía dos Porcos, mas
fracassam.
1962
- A CRISE DOS MÍSSEIS
"Não
sei se Fidel é comunista, mas eu sou fidelista", disse em 1960 o líder
soviético Nikita Kruchov. Moscou reata relações diplomáticas com Havana e eleva
seu apoio. A URSS instala bases de mísseis nucleares em Cuba, desencadeando a
"crise dos mísseis". Moscou cede à pressão de Kennedy em troca de os
EUA se comprometerem a não invadir Cuba e desativarem suas bases nucleares na
Turquia.
1971
– FIDEL CASTRO NO CHILE
O
episódio da Baía dos Porcos acelera a proclamação do caráter socialista,
marxista-leninista, da revolução. Cuba acaba sendo expulsa da Organização dos
Estados Americanos. Castro fica isolado no continente, mas não para sempre. Ele
é recebido no Chile pelo presidente Salvador Allende (foto), que iria ser
derrubado por Augusto Pinochet em 1973.
1989
– A HORA DA PERESTROIKA
A
chegada ao poder de Mikhail Gorbatchov em Moscou marca o início da era da
Glasnost e Perestroika. A Cortina de Ferro começa a ruir, e o império soviético
se esfacela. Cuba perde sua principal base de sustentação no exterior, entrando
em crise aguda. Milhares de cubanos tentam fugir para Miami em embarcações
precárias. Muitos analistas preveem o fim do regime castrista.
1998
– PRIMEIRA VISITA DO PAPA
Um
decreto de Pío 12 proibia aos católicos o apoio a regimes comunistas. Em
virtude disso, o Vaticano excomungou Fidel Castro em janeiro de 1962. Mas, com
o fim da Guerra Fria, chega o momento da reaproximação: em 1996, Castro visita
o papa João Paulo 2°, e este retribui a visita dois anos depois, em viagem
considerada histórica.
2002
- FIDEL CASTRO E JIMMY CARTER JOGAM BEISEBOL
Desde
que os EUA impuseram seu embargo comercial, econômico e financeiro, em 1962,
houve poucos momentos de distensão entre Washington e Havana. Um deles foi a
viagem do ex-presidente americano Jimmy Carter a Cuba, em 2002, motivada pela
intenção de encontrar pontos de aproximação.
2006
- FIDEL E HUGO
A
partir dos anos 90, Cuba deixa de ser vista como uma perigosa exportadora de
revoluções. Com a derrocada do bloco comunista no Leste Europeu, as ideologias
de esquerda entram em crise. Mas, na Venezuela, chega ao poder um novo
dirigente, disposto a propagar a "Revolução Bolivariana". Hugo Chávez,
declarado admirador de Fidel, passa a dar a Havana um respaldo importante,
também na área econômica.
2006
- A ENTREGA DO PODER
A
doença forçou Fidel Castro a abandonar o poder. Em 2006, ele o deixa nas mãos
de seu irmão Raúl, uma garantia de que não haveria reviravoltas num sistema
que, apesar dos avanços em educação e saúde, cobrou um alto preço: o da falta
de liberdade e repressão. Fidel foi se despedindo do poder aos poucos,
defendendo até o fim sua visão, através das páginas do jornal "Granma".
2014
- DEGELO TEMPORÁRIO
Em
dezembro de 2014, os presidentes dos EUA, Barack Obama, e o de Cuba, Raúl
Castro, anunciaram que retomariam as relações diplomáticas. Obama visitou Cuba
em março de 2016. Haviam se passado 88 anos desde a última vez que um presidente
americano viajara à ilha. EUA retirou Cuba da lista de terrorismo, dando início
ao processo de retomada das relações diplomáticas.
2016
- MORTE DE FIDEL CASTRO
Tantas
vezes anunciada e desmentida, a morte do líder foi inicialmente recebida com
desconfiança. Entretanto, em 25 de novembro de 2016, os bares fecharam mais
cedo e as reuniões de amigos nas ruas se dispersaram com a notícia. Durante
anos, Fidel Castro desmentiu rumores de sua morte com a publicação de
fotografias ou artigos de opinião.
2018
– A SUCESSÃO
Depois
de dez anos, Raúl Castro se retira do poder. Em 19 de abril, o Parlamento
cubano elegerá um sucessor que, pela primeira vez em quase 60 anos, não leva o
sobrenome Castro: o vice de Raúl, Miguel Díaz Canel. Entretanto, analistas
julgam improvável que o curso político em Cuba se modifique logo. Fonte: Deutsche
Welle – 18.04.2018
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