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quinta-feira, 15 de março de 2018

Morre Stephen Hawking

Quando Stephen Hawking se aposentou, em outubro de 2009, a comoção tomou conta do mundo. Um cientista cuja carreira parecia condenada ao fim antes mesmo de começar não só cumpriu 30 anos de serviços prestados numa das mais prestigiosas vagas da Universidade de Cambridge como contribuiu com muitas das ideias que ajudam a definir o Universo tal como é compreendido hoje.

O cientista morreu no início da madrugada de quarta (14), aos 76 anos, em Cambridge, no Reino Unido. "Ele foi um grande cientista e um homem extraordinário cujo trabalho e legado vai viver por muitos anos", disseram seus filhos Lucy, Robert e Tim, em comunicado, sem especificarem a causa da morte.

Nascido a 8 de janeiro de 1942 em Oxford, Inglaterra, Hawking desde cedo demonstrou interesse por matemática e astronomia, embora nunca tenha sido um aluno brilhante ou dedicado. Seu pai era biólogo, o que pode ter ajudado a despertar seu interesse por ciência.

No início de sua trajetória acadêmica, estudou física no University College de Oxford. Ao obter o bacharelado em 1962, foi para Cambridge, e logo que chegou começou a desenvolver os sintomas de uma rara e fatal enfermidade degenerativa conhecida como esclerose lateral amiotrófica.

De progressão usualmente rápida, ela é caracterizada pela crescente paralisia dos músculos, culminando com a incapacidade de respirar e a morte. Seu médico havia predito que em três anos, no máximo, Hawking estaria morto —antes mesmo da conclusão de seu doutorado.

LEGADO
Ele ficou mundialmente conhecido como o cientista que vivia recluso em uma cadeira de rodas computadorizada sem poder mexer o corpo franzino e atrofiado. E como o pensador que conquistou reinados da física ao ajudar a entender a origem do Universo e o papel dos buracos negros. "Se vi mais longe, foi por estar sobre ombros de gigantes", diz Hawking, citando Isaac Newton (1643-1727), na obra "Os Gênios da Ciência" (2002), na qual revisita pensadores revolucionários.

Sua genialidade, que contribuiu para o avanço da física, e sua irreverência, que permitiu dar asas a um fenômeno pop, fizeram com que ele se assemelhasse muito com Albert Einstein (1879-1955), outro gênio pop. Hawking ocupou a cadeira de Isaac Newton como professor de matemática na Universidade de Cambridge até 2009, quando se comunicava apenas com um botão, utilizando um sintetizador de voz. Mas foi sua capacidade de contar ao público leigo, em linguagem fácil e cativante, as complexas teorias do mundo moderno, que fizeram dele um astro mundial.

Seu primeiro best-seller, "Uma Breve História do Tempo" (1988), traduzido em 35 línguas, teve mais de 10 milhões de cópias vendidas em 20 anos. Na obra em que trata de teorias como a do princípio quântico da incerteza, supercordas e buracos negros, inclui apenas uma única equação matemática: a elegante E = mc², famosa fórmula da equivalência entre matéria e energia de Einstein.

Diversão não faltou na vida de Hawking. Suas limitações físicas foram superadas por sua força de vontade indômita, pela tecnologia e pela ficção. "Minhas expectativas foram reduzidas a zero quando eu tinha 21. Tudo, desde então, tem sido um bônus", afirmava. Em 1993, ele pode jogar cartas com Newton e Einstein e um episódio da série Star Trek: The Next Generation. Também fez ponta em episódios de Os Simpsons, Laboratório de Dexter, Uma Família da Pesada, The Big Bang Theory, dentre outros seriados, e na gravação de dois discos do Pink Floyd -- The Division Bell (1994) e The Endless River (2014).

Ao longo da carreira, Hawking usou sua popularidade para advogar em favor de diversas causas, principalmente na defesa dos direitos dos deficientes físicos. Outro tema recorrente era a promoção da exploração espacial. O físico acreditava que a sobrevivência da humanidade a longo prazo depende da colonização de outros mundos.

Hawking não só defendeu os voos espaciais como planejou tomar parte neles. Em 2007, ele se tornou o primeiro tetraplégico a experimentar a sensação de ausência de peso, ao realizar voos parabólicos em um avião. Fonte: Folha de São Paulo - 14.mar.2018

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