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quinta-feira, 26 de outubro de 2017

O que é bullying - e o que não é

Mas, será assim tão fácil identificar um caso de bullying? Especialistas garantem que sim. Para tanto, a agressão deve reunir quatro características: a intenção do autor em ferir o alvo, a repetição da agressão, a presença de um público espectador e a concordância do alvo com relação à ofensa. Em outras palavras: discussões ou brigas pontuais entre alunos não são bullying. Conflitos entre aluno e professor também não.

E mais: o bullying físico, aquele que engloba violência como socos, chutes e empurrões, é o de mais fácil identificação. Mas existem outros sete tipos: psicológico, moral, verbal, sexual, social, material e virtual. Meninos praticam (e sofrem) mais bullying físico. Meninas, moral.
Quem sofre bullying, não importa o tipo, tende a apresentar um comportamento típico: no recreio, permanece isolado do resto do grupo ou próximo a adultos que podem protegê-lo das investidas do agressor. Em sala de aula, fala pouco, falta muito e tira notas baixas. Nas atividades em grupo, é sempre o último a ser escolhido. Em casa, quando está perto da hora de ir para a escola, costuma se queixar de dor de cabeça, enjoo ou tontura.

POR QUE SERÁ?
"Em geral, as crianças não relatam seu sofrimento por medo ou vergonha. Por essa razão, a identificação precoce por pais ou professores é de suma importância", avalia Barbosa Silva.

COMO RESPONDER
Vigora no país desde o dia 9 de fevereiro de 2016 uma lei que obriga as escolas a combater o bullying.

O Programa de Combate à Intimidação Sistemática determina que equipes pedagógicas sejam capacitadas para desenvolver ações de prevenção e solução do problema, e que pais e familiares sejam orientados para identificar vítimas e agressores. Estabelece também que sejam realizadas campanhas educativas e fornecida assistência psicológica, social e jurídica a todos os envolvidos.

"Na prática, o combate ao bullying não melhorou em nada. O que as escolas fazem é dar palestras para os alunos, passar redação sobre o tema e ponto final. A capacitação dos educadores continua muito fraca e, sem ela, nada vai mudar", avalia a psicóloga Valéria Rezende da Silva, autora do livro Bullying Não É Brincadeira.

Mas não basta capacitar os professores. A maioria deles já sabe distinguir entre brincadeira e perseguição, zoeira e ameaça, trolagem e intimidação. É preciso também engajar os pais e responsáveis na vida escolar de seus filhos, na opinião da psicopedagoga Maria Irene Maluf, diretora da Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp).

"Precisamos desfazer a ideia de que o bullying é um problema para os professores resolverem. Na maioria das vezes, ele começa fora dos muros escolares", ressalta Maluf.

Soluções para o problema existem, afirma a pedagoga Cléo Fante, autora de Fenômeno Bullying: Como Prevenir a Violência nas Escolas e Educar para a Paz. O mais famoso programa antibullying do mundo talvez seja o finlandês KiVa - acrônimo de "Kiusaamista Vastaan", que significa "Contra o Bullying", em livre tradução.

Diferentemente de outras metodologias, que focam o combate e a prevenção na figura da vítima e do agressor, o KiVa parte da premissa que, quando não faz nada, o espectador endossa a ação do agressor. "Em vez de apoiarem os praticantes de bullying ou de se omitirem de ajudar as vítimas, as testemunhas são orientadas a intervir, melhorando o convívio escolar", explica Fante.
O KiVa foi criado em 2009 depois que um estudante de 18 anos invadiu sua escola na cidade de Jokela, em Tuusula, e matou oito pessoas.

Segundo levantamento com 30 mil alunos de 7 a 15 anos, o modelo pedagógico, desenvolvido por pesquisadores da Universidade de Turku, chegou a erradicar o bullying em até 80% das escolas e a reduzir sua prática em outras 20%. Não por acaso, já foi exportado para mais de 20 países da Europa e América do Sul. Fonte: BBC Brasil - 25 outubro 201

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