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domingo, 30 de abril de 2017

Morre o cantor e compositor Belchior

O cantor e compositor cearense Belchior morreu durante a madrugada deste domingo (30) em Santa Cruz do Sul, Rio Grande do Sul, aos 70 anos. Segundo o delegado Luciano Menezes, responsável pela investigação, a causa da morte foi uma dissecção da aorta, rasgo da parede da principal artéria do corpo humano, causando grande perda de sangue.
Familiares do artista comunicaram o governo do Ceará, que, em nota, decretou luto oficial de três dias no Estado.
O corpo de Belchior será transferido para Cachoeira do Sul (a cerca de 200 km de Porto Alegre) e depois irá para a cidade de Venâncio Aires. Só então será encaminhado para Porto Alegre, de onde partirá rumo a Fortaleza. O velório deve acontecer na capital cearense. Fonte: Folha de São Paulo - 30/04/2017 

O flerte que não existe

Flertar na Alemanha é, definitivamente, uma missão difícil. Depois de trocar olhares por duas horas na balada e não dar em nada, ser censurado por dar um beijo de língua num bar ou perder as esperanças depois de cinco encontros seguidos sem um beijo sequer, alguém pode se perguntar: o flerte existe por aqui?

É arriscado dar uma resposta categórica sobre como uma paquera tão sutil, intrigante e desafiadora resulta num relacionamento. Experiências vividas por estrangeiros na roleta da conquista alemã não devem ser generalizadas, mas ajudam a entender o que se passa no coração alemão.

É o quinto encontro. Ele sempre dá sinais de interesse. Até já ficaram até as cinco da manhã conversando na casa dele, apesar de nada ter acontecido. Ela decide tomar a iniciativa para, no final, conseguir um beijo de leve. Assim foi até virar namoro. Depois de alguns meses de relacionamento, ele explica que a demora no início foi para conhecê-la melhor, estabelecer uma amizade e, depois de "300 encontros", ter certeza de que poderiam namorar.

A ideia de "ficar" e deixar rolar um flerte despreocupado na linha do "vamos curtir e ver no que vai dar" não combinam, em geral, com alemães que procuram um relacionamento sério. Quando a intenção é verdadeira, o processo é lento. E se querem apenas diversão, vão deixar claros os limites: nada de romantismo.

Em bares e baladas, não é comum ver "pegação geral". Quando vão a uma festa, é para curtir a música e os amigos. Vão, claro, trocar olhares, caso se interessem por alguém. Mas não se surpreenda se as olhadas durarem a noite toda e o cara não vier conversar com você. Esse papel é, muitas vezes, da mulher.

Num país em que não é comum os homens pagarem a conta do restaurante, abrirem a porta do carro para a mulher ou se oferecerem para carregar uma mala pesada, a independência feminina fica evidente. O poder da paquera está com as mulheres, e o flerte agressivo não é bem recebido. Não é não. E são elas que gostam de dar o primeiro passo.

Saber até onde podem ir ao se interessarem por alguém pode gerar insegurança entre os alemães. Para pular essa etapa tão difícil, muitos recorrem aos sites e apps de encontros, que fazem muito sucesso na Alemanha. Outra estratégia é entrar para um curso de culinária ou ir a festas de amigos para conhecer um possível amor.

E para os estrangeiros que se deparam de primeira com uma equação tão complexa de conquista é normal se sentir um peixe fora d'água e até ficar frustrado. Pedi a colaboração de colegas da DW Brasil para traduzir o que é vivenciar o "flerte inexistente” alemão. A boa notícia é que, segundo me contaram, quando o relacionamento engata, a coisa é intensa.  Fonte: Deutsche Welle - Data 28.04.2017- Karina Gomes

Comentário: No estrangeiro a mulher brasileira é conhecida como  mulher  fácil para fazer programa.
Muitas mulheres que eu conheço já passaram pela mesma situação: em viagem pela Europa, a moça diz que é brasileira e seu interlocutor abre um sorriso de quem ganhou na loteria. O que se segue, frequentemente, é uma conversa desagradável, em que o cara se oferece descaradamente e a moça, meio desconcertada, tenta corrigir o mal entendido. Quando, afinal, recebe um não peremptório, o sujeito se finge perplexo: “Mas eu pensei que as brasileiras gostassem de sexo...” Ivan Martins

sábado, 29 de abril de 2017

Você sabe por que está em greve?

Gostaria de lançar um desafio aos milhares de trabalhadores de diversas categorias em greve nesta sexta-feira (28) por todo o país. Você sabe por que está em greve?

Respostas genéricas como "por justiça social" ou "contra o governo golpista" serão desconsideradas. Para isso, existem as manifestações de rua.

Embora as greves tenham inegável caráter político, até mesmo as paralisações de 1978, que ajudaram a derrubar a ditadura militar, tratavam inicialmente dos reajustes salariais dos trabalhadores.

Aqueles que fugirem das generalidades vão responder que estão em greve contra as reformas da previdência e trabalhista. Daí cabe aprofundar a pergunta: a quais pontos das reformas você é contra?

É preciso entrar no detalhe, porque não dá para negar que um sistema previdenciário com um rombo de R$ 305 bilhões e uma lei trabalhista criada 74 anos atrás precisam ser revistos.

A verdade é que as pessoas estão mal informadas sobre o que vem ocorrendo no Congresso, apesar do esforço da imprensa. Isso porque os dois principais atores desse processo —governo e sindicatos— colaboram para a confusão.

Nos materiais de divulgação da greve geral, a CUT (Central Única dos Trabalhadores) convoca os trabalhadores a "reagir agora ou morrer trabalhando"—uma mentira já discutida nesse espaço.

A central diz ainda que o governo vai passar por cima da CLT e tirar todos os direitos trabalhistas, o que também não é verdade, porque a reforma não mexe no salário mínimo, no FGTS, no pagamento de férias remunerada ou no décimo terceiro.

Já o presidente Michel Temer, na ansiedade de justificar sua permanência no poder apesar das graves denúncias de corrupção contra seus auxiliares, vai empurrando as reformas a toque de caixa do jeito que dá.

A reforma da Previdência mudou tanto que está difícil acompanhar o que sobrou da proposta, enquanto a reforma trabalhista desperta razoáveis suspeitas sobre o comprometimento do governo com o empresariado, que apoiou abertamente o impeachment da ex-presidente Dilma.

Embora não mexa em direitos essenciais, a reforma trabalhista trata de questões delicadas, com a flexibilização da jornada de trabalho, o fim do imposto sindical e a preponderância do acordado sobre o legislado.

Todas essas mudanças podem ser muito positivas para as relações de trabalho e para a geração de empregos, mas, sem dúvida, deixam margem para que prevaleça a posição dos patrões se os sindicatos forem frágeis.

Resumindo: as reformas trabalhista e da previdenciária são muito complexas e importantes e o debate não deveria se resumir ao "flá-flu" em que se transformou a política brasileira.

O direito à greve é garantido pela Constituição e importantíssimo para democracia, mas também é fundamental saber o que se quer alcançar. Por isso, repito a pergunta do início desse texto: você sabe por que está em greve? Fonte: Folha de São Paulo - 28/04/2017

Privilégio – A nau dos insensatos

Esse problema da previdência sobre privilégio ou direito adquirido, lembra muito, viagem de navio. Todos estamos no navio,  “NAU DOS INSENSATOS”, mas alguns conseguiram comprar o bilhete azul, que dá o direito de viajar e usufruir das mordomias da primeira classe e alguns ainda outros conseguiram o bilhete “golden star” é a classe especial da especial.

No lastro para dar a estabilidade ao navio, a classe econômica, que não tem acesso a primeira classe e usufruir das benesses. Na primeira classe, os turistas (colocar a palavra  turista, para não ferir os brios de ninguém, porque pode aparecer algum Percival), tomando sol, passeando com “mimi”, nadando,  almoços, jantares especiais, noites maravilhosos, céu cheio de estrelas, etc.

À noite, aqueles bailes de gala,  traje a caráter, a orquestra alegrando o ambiente. Num dado instante o navio é sacudido e o comandante explica ao pessoal da primeira classe, não é nada,  pode ser a caldeira, falta de combustível. E a música continua, play again. Enquanto isso na classe econômica, os turistas sentem que o piso está molhando, as coisas estão ficando feias e não podem passar para o nível da primeira classe. As classes desse navio são extremamente estratificadas.

Outra sacudida e o comandante fica preocupado e pede ao imediato um relatório. Recebe a notícia, que o navio está inundando e decide colocar os tripulantes em estado de emergência. E o comandante para não criar pânico, novamente,  a orquestra, play again. E a orquestra tocando e a água invadindo agora, a primeira classe. Aviso, abandonar o navio. As mulheres, as crianças, os idosos com prioridade.

Os turistas de bilhete azul e golden star exigem prioridade para utilizar os barcos. Enquanto isso, na classe econômica, pouquíssimos conseguiram  alcançar a primeira classe. A maioria morreu. Enquanto isso, o pânico tomou conta na hora da evacuação  e a orquestra não sabia o que fazer, continuava a tocar, play again. E o mar esperando, com sua água gelada, não fazia  distinção de classe, estava cobrando a sua parte. A maioria morreu congelada.
É O NOSSO BRASIL TAITANIQUE. AQUI JAZ, MAIS UMA GERAÇÃO DE SONHOS PERDIDOS.

sexta-feira, 28 de abril de 2017

Deus criou o céu e a terra

E Deus disse: "Que cresça a erva, que a erva dê semente, que da semente cresçam árvores e dêem frutos". E Deus povoou a Terra com brócolis e couves-flores, espinafres, milho e vegetais verdes de todas as espécies, de forma que o Homem e a Mulher pudessem viver longas e saudáveis vidas.
E Satanás criou o MacDonald's e a promoção de dois Big Macs a cinco reais.
E Satanás disse ao Homem: "Queres as batatas fritas com quê?"
E o Homem disse: "Na promoção, com Coca-cola, catchup e mostarda".
E o Homem engordou cinco quilos.
E Deus criou o iogurte saudável, para que a Mulher pudesse manter a forma
esbelta de que o Homem tanto gostava.
E Satanás criou o chocolate.
E a Mulher engordou cinco quilos.
E Deus disse: "Experimentem a minha salada".
E Satanás criou os pratos de bacalhau com creme e marisco.
E a Mulher engordou dez quilos.
E Deus disse: "Enviei-vos bons e saudáveis vegetais e o azeite para que os possam cozinhar".
E Satanás inventou a gordura hidrogenada, a galinha frita e o peixe frito.
E o Homem ganhou dez quilos e os níveis de colesterol bateram no teto.
E Deus criou os sapatos de corrida, e o Homem perdeu aqueles quilos extras.
E Satanás criou a televisão a cabo com controle remoto para que o Homem não tivesse de se levantar para mudar de canal.
E o Homem ganhou mais vinte quilos.
E Deus disse: "Estás passando dos limites, Demônio".
E o Homem teve um ataque cardíaco. E Deus criou a intervenção cirúrgica cardíaca.
E Satanás criou o sistema de saúde brasileiro... Fonte: Desconhecido

Na era da 'pós-verdade'

Na era da 'pós-verdade', jornalismo honesto deve esclarecer a sociedade
Neste momento de pós-verdade e relativismo incontido, a pergunta sobre o que é a "verdade", como encontrá-la e se, uma vez encontrada, ela terá ainda alguma importância para o debate das políticas públicas parece completamente fora do lugar.

Mas são questões fundamentais que devem presidir o comportamento de duas profissões: a dos que ainda creem que existe uma realidade objetiva que impõe limites e pode ser apreendida pelo método científico e a do jornalismo honesto.

Este é muito importante para aproximar a sociedade do conhecimento "científico", que não revela a "verdade", mas poderá ajudar a rejeitar, pela acumulação de evidências, a "inverdade".

Por que "evidências" não convencem pessoas inteligentes? Talvez porque nossas "crenças" e "opiniões" estejam ligadas, mesmo inconscientemente, aos nossos interesses e, talvez, porque elas não são adequadamente "traduzidas" para a população pelo jornalismo honesto.

Quando o funcionário público, que conseguiu o "direito adquirido" de não ser atingido por qualquer consequência conjuntura, tem o seu salário garantido e é a única pessoa no mundo que receberá uma aposentadoria equivalente à sua remuneração na atividade (enquanto o trabalhador do setor privado perde o emprego, vê seu salário rebaixado e na aposentadoria receberá uma queda de remuneração de 30%), afirma que a Previdência Social não tem deficit com sofisticada falácia, é compreensível, mas não deveria ser crível.

Quando o líder sindical recusa qualquer forma de "terceirização", o mais provável é que apenas esteja defendendo seus "direitos adquiridos": a ineficiente unicidade sindical e o escandaloso imposto sindical!

Não tem nada a ver com a legítima e fundamental organização sindical livre e voluntária que é o instrumento de defesa do trabalhador que civiliza o capitalismo. De novo, é compreensível, mas não deveria ser crível...

Esses dois exemplos são apenas a ponta o iceberg dos "direitos mal adquiridos", que acentuam a iniquidade que alimenta uma sociedade de baixa produtividade, imensamente injusta e que separou o estamento estatal (o grande "rentista" apropriador do excedente produtivo) do setor privado cujo trabalho o sustenta.

O conhecimento objetivo desses fatos é antigo, mas, por falta de comunicação, está longe de ser apreendido pelos "explorados".

É ao jornalismo honesto que cabe a missão de esclarecer à sociedade que é possível continuar a construir uma sociedade realmente republicana, que é o objetivo do governo de Michel Temer. Fonte: Folha de São Paulo - 29/03/2017

quinta-feira, 27 de abril de 2017

Estudantes rebatem professores e defendem reforma da Previdência

Após uma série de escolas privadas de São Paulo cancelarem as aulas de sexta-feira (28) por causa da adesão de professores ao chamado de greve geral, um grupo de 14 alunos do colégio Santa Cruz, tradicional instituição da zona oeste de São Paulo, divulgou carta defendendo a reforma da Previdência.
A carta é endereçada aos professores da escola, que, ao expor a adesão à paralisação, haviam divulgado texto criticando as reformas do governo Michel Temer.
A carta foi divulgada pelas redes sociais. Nela, os estudantes dizem reconhecer "o direito à greve e à livre manifestação de ideias", mas questionam o posicionamento contra a reforma.

CARTA DOS ALUNOS E ALUNOS DO COLÉGIO SANTA CRUZ
Em primeiro lugar, é necessário dizer que temos um profundo respeito pelo corpo docente do Colégio Santa Cruz, que realiza seu dever de nos educar de forma exemplar, e com o qual possuímos muitas ideias em comum. Reconhecemos também que foram esses professores que nos possibilitaram desenvolver as competências necessárias para entrar no debate político e sempre nos deram o espaço para exercermos nossos questionamentos. Apesar disso, seria impossível não nos posicionarmos frente ao que consideramos uma visão equivocada, com prováveis consequências catastróficas para o País como um todo.

Após ler a Carta Aberta escrita pelos professores referente à decisão de paralisação no dia 28 de abril de 2017, sentimos a necessidade de redigir essa resposta explicitando nossa posição. Reconhecemos o direito à greve e à livre manifestação de ideias e entendemos que a Carta justifica a ação dos professores, porém acreditamos que o posicionamento contra a Reforma da Previdência seja profundamente equivocado. Além disso, a Carta passa ao largo das questões centrais envolvidas, apelando para noções generalistas de "justiça social". Pauta-se em um maniqueísmo exacerbado e parte, desde a 1ª linha, do pressuposto de que as reformas propostas pelo Governo Federal são ruins para o país e, especialmente, para os mais pobres. Essa forma de pensar apenas simplifica e empobrece o debate.

Com o objetivo de justificar a decisão dos professores, a argumentação esconde-se atrás de uma suposta "proteção de direitos", defende a manutenção do status quo e falha em criticar aspectos objetivos da proposta de reforma. Acontece que um direito ser garantido por lei não garante o orçamento necessário para cumpri-lo.

Sendo assim, a Carta defende que se mantenha o rombo crescente da Previdência. Esse rombo foi, segundo dados do próprio Governo Federal, de cerca de 300 bilhões de reais ano passado (5% do PIB), e tende a crescer conforme a população envelhece. Isso impede tanto a estabilidade fiscal como maiores investimentos em outros setores.

Em um país que, falando de Previdência, estão postas duas opções: a Reforma proposta pelo Governo ou o sistema atual, defender a segunda opção é usar o discurso da defesa de direitos para, na realidade, defender privilégios. Dentre estes privilégios, há por exemplo o fato de funcionários públicos se aposentarem fora do RGPS (recebendo o equivalente a seus salários anteriores, ignorando o teto de 5.300 reais que vale para todos os outros trabalhadores).

Ademais, o modelo atual permite que os mais ricos se aposentem mais cedo, já que têm muito mais facilidade para contribuir para a Previdência, criando casos absurdos e indefensáveis, como o fato de o presidente Michel Temer ter se aposentado como promotor público aos 55 anos de idade.

Não nos enganemos; ir contra a reforma da Previdência é também defender que um funcionário público continue recebendo em média três vezes mais do que um trabalhador regular (Consultoria de Orçamento da Câmara dos Deputados), e que a média de aposentadoria no Judiciário, de 25.700 reais, não seja alterada. Dinheiro esse que poderia ser revertido para outras áreas fundamentais, nas quais o investimento governamental é raquítico, como por exemplo saneamento básico, saúde e educação.

Além disso, o Brasil já gasta uma porcentagem maior do PIB em Previdência do que a média da OCDE, mesmo sendo um país relativamente jovem. Com o envelhecimento do país, que ocorre a passos largos, segundo o IBGE, os improcedentes 13% do PIB gastos pelo Brasil só tendem a aumentar. Não obstante, o número proporcional de pessoas economicamente ativas tende a diminuir. Ou seja, enquanto a expectativa de vida só aumenta e a população em geral só envelhece, parece razoável aos professores que as regras se mantenham as mesmas.

Ao dificultar a aposentadoria por tempo de contribuição, a Reforma Previdenciária contribui para a diminuição da desigualdade no Brasil, visto que, no geral, quem se aposenta antes dos 65 anos são os mais ricos, em decorrência da dificuldade dos mais pobres de serem empregados com carteira assinada de maneira regular. Segundo o DataPrev, o valor médio concedido por tempo de contribuição é de mais de 2 salários mínimos, enquanto o concedido por idade supera por pouco a faixa de 1 salário mínimo.

A posição defendida pelos professores falha em apresentar embasamento técnico e econômico. Defender políticas públicas pautadas em ideais de "justiça" e "defesa dos mais pobres" é meio caminho andado para a irresponsabilidade fiscal. Essa irresponsabilidade fiscal, muito presente nos governos da ex-presidente Dilma, gera inflação, que pune majoritariamente os menos favorecidos.

Em conclusão, parece evidente que, apesar das mudanças propostas apresentarem vários defeitos de origem, forma e conteúdo, as reformas em curso conduzidas pelo atual governo estão em geral no caminho correto de um arcabouço regulatório e legal mais moderno que reduz burocracias, fomenta crescimento e principalmente elimina privilégios construídos ao longo de décadas e que são, além de injustos, completamente insustentáveis do ponto de vista das finanças públicas. Fonte:  Folha de São Paulo - 26/04/2017

Comentário: As despesas do Brasil com a Previdência estão muito acima do que seria o esperado a partir da idade da população brasileira. De uma lista de 86 países, o Brasil está em 13.º com maior gasto com aposentadorias e pensões em relação às riquezas do País. Ao mesmo tempo figura na 56.ª posição entre os que têm a população mais idosa, com 60 anos ou mais.

Considerada a estrutura demográfica brasileira, o gasto previdenciário deveria se encontrar em torno de 4% do Produto Interno Bruto (PIB) – a projeção do governo federal é de que as despesas com o pagamento dos benefícios pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) alcancem 7,9% do PIB neste ano (2016).

Segundo o estudo feito pela equipe técnica do governo, o atual patamar de gastos do Brasil com Previdência só seria compatível se 25% da população fossem idosos. No entanto, segundo o IBGE, apenas 10,8% dos brasileiros têm 60 anos ou mais. Isso mostra uma distorção dos gastos previdenciários que já comprometem as contas públicas. Fonte: O Estado de São Paulo

segunda-feira, 24 de abril de 2017

Setor de propina da Odebrecht tinha sistemas secretos

Sistemas de controle financeiro e de comunicação secretos, quatro níveis de contas e até uma estratégia para evitar bebedeiras de carregadores de dinheiro fizeram parte dos nove anos de funcionamento do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht.

Essa divisão da empresa especializada no pagamento de propinas, repasses de caixa dois e remuneração camuflada de seus executivos foi criada em 2006 para organizar o crescente fluxo de dinheiro sujo na companhia.
Encarregado de montar o setor, o executivo Hilberto Mascarenhas Alves da Silva Filho disse em sua delação que logo percebeu a necessidade de ter um sistema de registros exclusivo para a área.

"Quando começou a circular dinheiro demais, fiquei preocupado. Então fomos analisando o sistema da tesouraria oficial, conhecido como o "MyWebDay", e dizendo o que a gente precisava adaptar", afirmou.
Esse exame levou ao desenvolvimento da versão "B" do "MyWebDay", cujos dados foram armazenados em um servidor em Angola, país onde a Odebrecht tem obras.

Como o sistema de informática sempre caía e um funcionário da área de tecnologia no país africano chegou a bisbilhotar o "MyWebDay B", a empresa decidiu levar os registros para onde não houvesse operações da companhia.
Um data center na cidade de Genebra, na Suíça, então, foi escolhido para armazenar as informações.

Para as comunicações entre os membros do setor e operadores financeiros, foi usado um sistema de e-mails paralelo, o "Drousys", instalado no mesmo local na Suíça.
O fluxo do dinheiro também contou com um método de ocultação. Segundo o delator Luiz Eduardo Soares, o setor tinha quatro camadas de contas correntes.

As contas de nível um ficavam em nome de empresas do grupo no exterior, que pagavam companhias subcontratadas pela Odebrecht.
Essas subcontratadas, por sua vez, abasteciam as chamadas contas de nível dois, abertas por Soares em nome de terceiros no exterior. Em seguida, em uma terceira etapa, os recurso eram transferidos para contas de mesmo perfil, apenas para acrescentar uma camada à operação.

As contas de nível quatro tinham como titulares os operadores financeiros de confiança da empresa, e daí os recursos seguiam para os destinatários finais.
Soares diz que, a partir de 2009, o volume de operações cresceu de maneira "vertiginosa" e "o dinheiro ia direto do nível dois para o quatro".

O setor também tinha uma estratégia para evitar a eventual embriaguez de transportadores de valores.
"Tinha uma tentativa nossa de não pagar nada nem segunda e nem sexta. Essa era uma exigência dos operadores. Eles achavam que segunda muita gente faltava porque tinha tomado cachaça no fim de semana, e sexta o cara já estava na cachaça também", explicou Hilberto.

ENTENDA
O Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, responsável pelo pagamentos de propinas e repasses de caixa dois, possuía dois sistemas paralelos de acesso restrito

MyWebDay “B”
Sistema para requisição, processamento, pagamento e controle de todas as operações feitas pela área

Drousys
Sistema utilizado para comunicação, troca de e-mails, arquivo e solicitações com pessoas fora da Odebrecht, principalmente operadores e diretores de bancos

COMO FUNCIONAVA O MYWEBDAY “B” - Geração do crédito de propina ou caixa dois
Após acertarem os repasses para políticos ou agentes públicos, os executivos da Odebrecht criavam codinomes para os beneficiários e davam início a um “programa” no Setor de Operações Estruturadas

COMO FUNCIONAVA O MYWEBDAY “B” - Requisição e aprovação de pagamento
Os executivos solicitavam os pagamentos e tinham aprovação para realização do “programa”, que ganhava uma senha

COMO FUNCIONAVA O MYWEBDAY “B” - Ordem de pagamento
Secretárias do setor preparavam as ordens de pagamento no Brasil e no exterior e depois começava o fluxo de dinheiro por contas bancárias para obter os valores de propina ou caixa dois

COMO FUNCIONAVA O MYWEBDAY “B” - Geração do pagamento
Após todas as etapas de preparação internas, a programação de pagamento ia para o gerente do setor, que efetivamente gerava as ordens de pagamento

COMO FUNCIONAVA O MYWEBDAY “B” - Execução do pagamento
Doleiro ou operador era acionado pelo Drousys para realizar o pagamento no exterior ou entrega em local combinado no Brasil
A data era inserida no sistema e a requisição passava para “atendida”

COMO FUNCIONAVA O MYWEBDAY “B” - Execução do pagamento

1º semestre de 2006 - Início das operações no Brasil
2º semestre de 2006 - Migração do sistema para Angola
Jul.2007 - Migração do sistema para a Suíça
Final de 2014 - Desligamento do sistema, após fase da Lava Jato que prendeu empreiteiros
Fonte: Folha de São Paulo - 15/04/2017