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sexta-feira, 31 de março de 2017

Reino Unido oficializa o início da saída da União Europeia

O Reino Unido entregou na quarta-feira (29) a carta que oficializa o início de sua saída da União Europeia, conhecida como "brexit".

A primeira-ministra britânica, Theresa May, enviou o documento a Donald Tusk, presidente do Conselho Europeu, evocando o Artigo 50 do Tratado de Lisboa, o gatilho formal para a separação.

Uma vez disparado esse gatilho, o Reino Unido e a União Europeia têm agora dois anos para negociar os detalhes do que vem sendo tratado pela imprensa britânica como um divórcio, após 44 anos de integração.

May terá, até março de 2019, cumprido a tarefa histórica -e controversa- de retirar o país do bloco europeu, uma decisão à qual ela se opunha, antes de o plebiscito ser aprovado em junho de 2016 por 52% dos votos.
Os temas urgentes para as negociações serão o possível pagamento de uma multa, hoje estimada em R$ 200 bilhões, o futuro dos 3 milhões de cidadãos europeus que vivem no Reino Unido e sua fronteira com a Irlanda.

Mas também terá de ser debatida a saída do Reino Unido do mercado único europeu, já sinalizada por May em discursos, e seu futuro dentro da união aduaneira.
Quando o prazo de dois anos se encerrar, caso não seja estendido, o Reino Unido sairá da União Europeia sem nenhum acordo. Esse cenário é uma perspectiva desastrosa a ambos os lados.
"Chegou o momento de nos unirmos e de trabalharmos juntos para conseguir o melhor acordo", afirmou May.
A declaração foi feita minutos depois de Tusk ter recebido em Bruxelas a carta britânica notificando oficialmente a saída do Reino Unido do bloco europeu. "Não haverá volta", enfatizou May.  Folha de São Paulo - 29/03/2017  

domingo, 26 de março de 2017

Pelé: Sua majestade o Rei

Trecho da  primeira crônica de Nelson Rodrigues sobre Pelé - 25/02/1958

Reparem na data e nas palavras do Nelson Rodrigues, antes da Copa do Mundo de 1958.
Santos 5x3 América, 25/02/1958, no Maracanã, pelo Torneio Rio-São Paulo

Depois do jogo América x Santos, seria uma crime não fazer de Pelé o meu personagem da semana. Grande figura, que o meu confrade Albert Laurence chama de “o Domingos da Guia do ataque”. Examino a ficha de Pelé e tomo um susto: — dezessete anos! Há certas idades que são aberrantes, inverossímeis. Uma delas é a de Pelé. Eu, com mais de quarenta, custo a crer que alguém possa ter dezessete anos, jamais. Pois bem: — verdadeiro garoto, o meu personagem anda em campo com uma dessas autoridades irresistíveis e fatais. Dir-se-ia um rei, não sei se Lear, se imperador Jones, se etíope. Racionalmente perfeito, do seu peito parecem pender mantos invisíveis. Em suma: — Ponham-no em qualquer rancho e sua majestade dinástica há de ofuscar toda a corte em derredor.

O que nós chamamos de realeza é, acima de todo, um estado de alma. E Pelé leva sobre os demais jogadores uma vantagem considerável: — a de se sentir rei, da cabeça aos pés.

Quando ele apanha a bola e dribla um adversário, é como quem enxota, quem escorraça um plebeu ignaro e piolhento. E o meu personagem tem uma tal sensação de superioridade que não faz cerimônias. Já lhe perguntaram: — “Quem é o maior meia do mundo?”. Ele respondeu, com a ênfase das certeza eternas: — “Eu”. Insistiram: — “Qual é o maior ponta do mundo?”. E Pelé: — “Eu”. Em outro qualquer, esse desplante faria rir ou sorrir. Mas o fabuloso craque põe no que diz uma tal carga de convicção, que ninguém reage e todos passam a admitir que ele seja, realmente, o maior de todas as posições. Nas pontas, nas meias e no centro, há de ser o mesmo, isto é, o incomparável Pelé.
É preciso algo mais, ou seja, essa plenitude de confiança, certeza, de otimismo, que faz de Pelé o craque imbatível. Quero crer que a sua maior virtude é, justamente, a imodéstia absoluta. Põe-se por cima de tudo e de todos. E acaba intimidando a própria bola, que vem aos seus pés com uma lambida docilidade de cadelinha. Hoje, até uma cambaxirra sabe que Pelé é imprescindível em qualquer escrete. Na Suécia, ele não tremerá de ninguém. Há de olhar os húngaros, os ingleses, os russos de alto a baixo. Não se inferiorizará diante de ninguém. E é dessa atitude viril e mesmo insolente que precisamos. Sim, amigos: — aposto minha cabeça como Pelé vai achar todos os nossos adversários uns pernas-de-pau.


Vale a pena ver os vídeos




sábado, 25 de março de 2017

Solidão no Facebook

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As redes sociais mascaram a ausência de comunicação entre as pessoas, diz o sociólogo francês Dominique Wolton

Agora que o Facebook virou filme e as redes sociais parecem ter liberado o homem para toda forma possível de comunicação, vem um intelectual francês dizer que vivemos sob a ameaça da "solidão interativa".

Dominique Wolton esteve no Brasil e disse que a internet não serve para a constituição da democracia: "Só funciona para formar comunidades" -em que todos partilham interesses comuns-, "e não sociedades" -onde é preciso conviver com as diferenças.

Sociólogo da comunicação e diretor do Centro Nacional de Pesquisa Científica (Paris), ele defende na entrevista abaixo que, depois do ambiente, a "comunicação será a grande questão do século 21". Em tempo: "A Rede Social", de David Fincher, estreia nos cinemas brasileiros no início de dezembro.

Folha - Como vê a internet?

Dominique Wolton - Faço parte de uma minoria que não é fascinada por ela. Claro, é formidável para a comunicação entre pessoas e grupos que se interessam pela mesma coisa e, do ponto de vista pessoal, é melhor do que o rádio, a TV ou o jornal.

Mas, do ponto de vista da coesão social, é uma forma de comunicação muito frágil. A grandeza da imprensa, do rádio e da TV é justamente a de fazer a ligação entre meios sociais que são fundamentalmente diferentes. Nesse sentido, a internet não é uma mídia, mas um sistema de comunicação comunitário.

Mas e as redes sociais?

Elas retomam uma questão social muita antiga, que é a de procurar pessoas, amigos, amor. São um progresso técnico, sem dúvida, mas a comunicação humana não é algo tão simples.

Porque em algum momento será preciso que as pessoas se encontrem fisicamente -e aí reside toda a grandeza e dificuldade da comunicação para o ser humano.

Então a solidão é um risco nessas redes?

Sem dúvida: a "solidão interativa". Podemos passar horas, dias na internet e sermos incapazes de ter uma verdadeira relação humana com quer que seja.

Isso tem a ver com o conceito que criou -o de "sociedade individualista de massa"?

Sim, porque na comunicação ocidental procuramos duas coisas inteiramente contraditórias: a liberdade individual -modelo herdado do século 18- e a igualdade por meio da inserção na sociedade de massa -que é o modelo do socialismo.

Usamos a internet porque ela é a liberdade individual. Na internet, todo mundo tem o direito de dar sua opinião, mas emitir uma opinião não significa comunicar-se.

Porque, se a expressão é uma fase da comunicação, a outra é o retorno por parte de um receptor e a negociação que implica -e isso toma tempo!

Há um fascínio pela rapidez da internet e por sua falta de controle.

Mas essa falta de controle é demagógica, porque a democracia não é a ausência de leis, mas a existência de leis utilizadas por todos.

A internet foi decisiva para a eleição de Barack Obama?

Acho que se projetou um sonho que não correspondeu à realidade. Obama sempre foi ligado às questões sociais e sabia de sua importância. O que fez foi usar a internet para multiplicar a eficácia dessas relações. Usou a internet de modo bastante clássico.

O Google está nos tornando estúpidos?

Ele está se tornando a primeira indústria do conhecimento, concentrando de forma gigantesca a informação e o saber -o que é um perigo.

Se um grupo de mídia quisesse concentrar toda a distribuição de informação, alguém diria: "Atenção, monopólio!". Mas não se faz isso em relação à internet, tamanho é o fascínio pela técnica na sociedade atual.

O papel está condenado?

Ao contrário! Porque internet é rapidez, livros e jornais são lentidão e legitimidade -informação organizada. A abundância de informações não suprime a questão prévia de que educação é formação.

Fonte: Folha de São Paulo - São Paulo, 09 de novembro de 2010 

Comentário: Uma propaganda do jornal do Estado de São Paulo define bem  a diferença entre a internet e leitura. Informações passam, mas conhecimento fica. Informações envelhecem, mas o conhecimento enriquece.

sexta-feira, 24 de março de 2017

Se meu fusca falasse

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O livro "A Verdadeira História do Fusca" revela como Hitler tomou o projeto de um engenheiro judeu para construir um dos maiores sucessos da era nazista

Era feinho, desconfortável e barulhento. Tinha fama de não deixar ninguém na mão, mas, já em seus últimos suspiros no Brasil, em 1996, era carro de pobre, suburbano ou nostálgico.

E, no entanto, o Fusca representou a maior revolução da história da indústria automobilística. A novidade, agora revelada em livro que sai no Brasil, é que sua concepção, seu design e o próprio conceito de "Volkswagen" (ou, traduzindo, carro do povo) foram criados por um engenheiro judeu -Josef Ganz- e, posteriormente, apropriados por Adolf Hitler.

A narrativa rocambolesca sobre aquele que se tornaria o automóvel mais vendido do planeta está contada em "A Verdadeira História do Fusca", do jornalista holandês Paul Schilperoord.

Adaptado para a produção em série por Ferdinand Porsche em 1938, o "KdF-Wagen" (era esse seu batismo de fábrica) se tornaria, juntamente com as auto-estradas ("Autobahns"), um dos maiores orgulhos do regime nazista (1933-45).

Apaixonado pelo carro "desde criança", Schilperoord explica na entrevista a seguir como Ganz criou o conceito de carro pequeno, seguro, econômico e barato ("deveria custar o mesmo que uma motocicleta").

Mas também lamenta que Ferdinand Porsche tenha se imortalizado como o inventor do Fusca, enquanto Josef Ganz, perseguido pela Gestapo (a polícia secreta), tenha caído no esquecimento.

Folha - Qual a importância do Maikäfer, o primeiro protótipo de carro pequeno desenvolvido por Ganz, para a indústria automobilística?

Paul Schilperoord - Com esse projeto, de 1931, e o anterior (o Ardie-Ganz, de 1930), demonstrou ser possível construir um carro leve, pequeno e com estabilidade e dirigibilidade excelentes.

Antes dele, a maior parte dos engenheiros acreditava que um carro precisaria ser grande e pesado para apresentar boa estabilidade.

O Maikäfer também dispunha de suspensão totalmente independente -coisa de que nenhum carro dispunha até então, nem mesmo os maiores e mais luxuosos-, baixo centro de gravidade, linhas curvas etc.

Ganz iniciou uma revolução no design automotivo ao dar início a um novo modo de pensar carros -e o mais famoso a emergir desse novo conceito foi o Fusca.

Folha de São Paulo - São Paulo, sábado, 04 de dezembro de 2010

Fusca no Brasil

O primeiro Volkswagen brasileiro foi lançado em 1959, obedecendo, com poucas modificações, ao projeto de Ferdinand Porsche, lançado na Alemanha vinte anos antes.

A partir de 1950, o Fusca começou a ser vendido no Brasil. Chegando pelo porto de Santos, as trinta primeiras unidades foram logo vendidas (a família Matarazzo foi uma das primeiras a comprar). O carro vinha desmontado da Alemanha (ou em kits "CKD", "Completely Knocked Down"), e curiosamente não era montado pela Volkswagen, que ainda não havia se instalado no Brasil. A empresa responsável pela montagem era a Brasmotor (mesmo grupo dono da Brastemp, por exemplo). O modelo importado era o conhecido "Split Window", com vidro traseiro dividido em dois, modelo Export (havia o Standard, mais simples, nunca trazido para o Brasil).

Em 1954 passava a contar com janela traseira oval.Em 1953 o Fusca deixou de ser montado pela Brasmotor e a Volkswagen assumiu a montagem do carro no Brasil, com peças vindas da Alemanha. O modelo produzido já era o que tinha janela traseira única, oval. Em 1959 o Fusca passou a ser oficialmente produzido no país, embora parte das suas peças ainda fosse importada. A janela traseira aumentou de tamanho e passou a ser retangular neste modelo.

Em 1960 a fábrica alterou o volante. As maçanetas externas ganharam botão de acionamento e o estribo ganhou revestimento na cor do carro. (versão monocromática)

Em 1961 o carro passou a ter: caixa de marchas sincronizada, para resolver o problema das "arranhadas"; ganhou nova lanterna traseira de formato oval (versão que durou nos modelos standard até 1983) e o painel ganhou uma alça de segurança para o passageiro.

Em 1961, novas lanternas traseiras. A nova janela havia sido introduzida em 1959.

A dianteira tradicional dos anos 1960.Em 1962 o Fusca passou a ter chassi nacional, faróis com luzes assimétricas, gancho cabide e reservatório de fluido de freio de plástico. Em 1963 ganhou novo descanso de braço, lavador de para-brisas pneumático e janelas traseiras basculantes, além de amortecedor de direção. Em 1964 passou a vir com novo tanque de combustível.

Em 1966 houve mudanças na caixa de marcha e no distribuidor.

Em 1967, a Volkswagen adotou um motor de 1.300 cc e 46cv no lugar do antigo 1200, de 36cv. Nas propagandas, apareciam os carros com uma cauda de tigre saindo da traseira em alusão a maior potência. O vidro traseiro ficou 20% maior e o acionamento da seta foi para a coluna de direção. Foi também o fim do sistema elétrico de 6 volts para a chegada do de 12V.

Vale notar que foi durante esta época que o Fusca sedimentou a Volkswagen no mercado nacional, permitindo o lançamento de vários derivados no mercado nacional, tais como o Vw 1600, o TL, a Variant, o Karmann Ghia TC, o SP2, a Variant II, o Brasília e o Gol.

Em 1969, novos bancos e espelhos retrovisores foram adicionados à linha. Em retrospecto, embora muitos falem que o Fusca de 1954 a 1969 só tenha mudado o vigia traseiro e o para-brisa, neste período foram feitas mais de 2.500 mudanças no motor e em outras partes do automóvel.

Em 1970 o Fusca 1300 teve duas versões, uma igual ao do ano anterior e outra que chegou no meio do ano, com alterações nos pará-choques (lâmina simples). Chegou também uma versão com o novo motor 1500 de 52cv. Ocorreram mudanças na tampa do motor, tampa do porta-malas e para-choques.O Fusca 1500 durou de 1970 até 1975.

Em 1973 foi abandonado o modelo de farol de perfil abaulado, sendo adotado o farol de perfil reto, que durou até o fim da linha. As fendas de ventilação do capô traseiro deixaram de ser cinco de cada lado, e passaram a ser dois grupos com oito e seis fendas de cada lado do capô.

A partir de 1974 o carro passou a contar com uma entrada de ar no caput dianteiro, que chegava ao interior do carro através do painel e saía por aberturas atrás dos vidros laterais traseiros, as populares "orelhinhas". Muitos pensam que sua função é ventilar o interior do carro quando, na verdade, é o inverso. As janelas laterais traseiras passam a ser fixas. Também são apresentados novos faróis e distribuidor à vácuo.

Em 1975 foi introduzido o "Bizorrão" ou "Super-Fuscão": o Fusca 1600-S. Essa versão contava com carburação dupla, desenvolvendo 65 cv SAE, volante de direção esportiva de três raios, rodas aro 14 (idênticas às da Brasília), painel com conta-giros, marcador de temperatura, relógio e amperímetro. Também tinha uma cobertura plástica na cor preta sobre a tampa traseira, que lembrava as asas de um besouro.

Em 1976 é lançada a versão 1.300-L. O perfil entre o quebra-vento e o vidro dianteiro deixa de ser cromado.

Em 1977, o Fusca apareceu com mudanças estruturais, comando do limpador de para-brisas na chave de seta e barra de direção retrátil, que protege o motorista em caso de choque frontal. Também ocorreu uma mudança no bocal do tanque, que passou para a lateral direita do carro.

Em 1978 O interruptor do pisca-alerta foi transferido para a coluna de direção e foi adotada uma chave única para portas, capô do motor e ignição.

No meio de 1979, houve uma alteração nos modelos 1300 L e 1600, as lanternas traseiras (capela) se tornam maiores e passam a ser chamadas "Fafá", em alusão aos grandes seios da cantora Fafá de Belém. O modelo de lanterna menor continuou a ser utilizado nas versões 1300.

Em 1982 chegou um painel com relógios retangulares e a nova versão 1300 GL com "luxos" como rádio AM/FM, acendedor de cigarros, apoios de cabeça dianteiros, desembaçador do vidro traseiro, janelas traseiras basculantes, protetor de borracha nos para-choques, aquecimento e novo logotipo 1300 em branco com o GL em vermelho.

Em 1983, a empresa resolveu rebatizar o modelo no Brasil, adotando finalmente o nome que se tornara popular, Fusca. Até então o automóvel era oficialmente denominado "VW Sedan" nos registros dos Detrans. A lanterna modelo Fafá passou a ser padrão para este modelo único, fabricado somente com o motor 1300.

Em 1984 o motor 1300 deixou de ser produzido. Agora passa a equipá-lo o novo motor 1600, mais moderno, e o carro passa a contar também com freios a disco na dianteira, mais eficientes.

Em 1986 a Volkswagen desistiu de fabricá-lo alegando que era um modelo muito obsoleto, apesar de ser ainda um dos doze carros mais vendidos daquela época. Um dos motivos era a necessidade de abrir espaço em linha de montagem da fábrica de São Bernardo do Campo para o Santana e para o VW Fox, a ser exportado para os EUA.

Em 1993, por sugestão do então presidente Itamar Franco a empresa voltou a fabricar o modelo. Itamar queria a fabricação de carros populares e sugeriu que o Brasil precisava de um carro como o Fusca. Foi aprovada então a Lei do carro popular, que previa isenções de impostos para os carros com motor 1.0 e também para os que tivessem com refrigeração a ar, sendo assim e o Fusca e a Kombi, embora tivessem motores de 1.6l, foram incluídos. O carro vendeu muito menos que da meta esperada pela Volkswagen.

A principal razão para que o Fusca não vendesse tão bem se deve ao fato de seu acabamento espartano demais diante dos concorrentes surgidos em meados da década de 1990, como o Fiat Uno Mille e Chevrolet Corsa de primeira geração, que tinham preços muito próximos do velho Besouro, porém, com acabamento e espaço interno melhores que os do Fusca.

Em 1996, a empresa deixou de produzir novamente o carro, com uma série especial denominada Série Ouro. A partir daí, ele só seria produzido no México. Nesse segundo período, foram produzidos no Brasil cerca de 47.000 exemplares.

Atualmente, o Fusca permanece com um dos carros usados mais vendidos no mercado nacional. Fonte: Wikipédia

quarta-feira, 22 de março de 2017

Países anunciam restrições à carne brasileira

Países importadores anunciaram terça-feira (21) restrições à carne brasileira, como consequência da operação Carne Fraca, deflagrada pela Polícia Federal na sexta-feira (17).

  Argentina: Anunciou que vai aumentar o controle sobre importações da carne brasileira.
  China: O Ministério da Agricultura confirmou que está suspensa a entrada de carne brasileira no país. A China pediu medidas de segurança mais severas no embarque de alimentos.
  Chile: Barrou a entrada de toda carne do Brasil. O governo brasileiro ainda não foi comunicado oficialmente.
  Coreia do Sul: Voltou atrás depois de proibir a venda de produtos de frango da BRF, das marcas Sadia e Perdigão. Agora, a venda está liberada e o país asiático vai apenas reforçar a fiscalização.
  Estados Unidos: Aumentou a fiscalização da carne brasileira que chega ao país. Além do procedimento padrão, todas as peças serão analisadas para verificar a possível presença de agentes patogênicos, como a salmonela. Essa verificação não costuma ser aplicada a toda a carga.
  Hong Kong: Suspendeu temporariamente a importação de carne bovina congelada e resfriada e de carne de aves.
  Jamaica: Suspendeu a importação de toda a carne brasileira, orientou a população a não consumir o produto e ordenou que supermercados o retirem das prateleiras.
  Japão: Suspendeu importações de frango e outros produtos das 21 empresas citadas na Operação.
  México: suspendeu importações de produtos pecuários brasileiros. O México não importa carne bovina ou de porco do Brasil, mas compra produtos avícolas como carne refrigerada, congelada e desidratada de frango e de peru, ovo fértil e aves domésticas.
  Suíça: Suspendeu a importação de carne brasileira proveniente de quatro frigoríficos.
  União Européia: Está monitorando as importações e vai impedir a entrada de produtos de empresas investigadas. Segundo a ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), o bloco já vetou a importação de uma unidade da BRF e outra da Peccin. O ministério da Agricultura ainda não foi comunicado oficialmente.

As restrições foram anunciadas pelos países após uma reunião do presidente Michel Temer, no domingo, com embaixadores de 33 países.
Temer apresentou números para mostrar que os casos investigados pela PF são pontuais e não comprometem o sistema brasileiro de fiscalização. Ele também anunciou a criação de uma força-tarefa do Ministério da Agricultura, que já colocou os 21 frigoríficos envolvidos na operação da PF sob "regime especial de fiscalização". Fonte: UOL, em São Paulo- 21/03/2017

Comentário:
A estimativa da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil) é que o Brasil tenha prejuízos de até US$ 2 bilhões este ano no mercado internacional, influenciado tanto pelas restrições como por uma provável queda do preço da carne brasileira.

Governo suspende licença para exportar de 21 frigoríficos sob suspeita



O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, afirmou nesta segunda-feira (20) que o Brasil suspendeu a licença de exportação de 21 plantas de frigoríficos sob investigação na Operação Carne Fraca, mas que continuará a permitir a venda dos produtos dessas fábricas no mercado interno.  Essas fábricas exportam para mais de 30 países.

Ele declarou que as vendas dessas plantas estão sob "regime especial de inspeção", ou seja, têm a presença de representantes do Ministério da Agricultura fiscalizando os produtos.

"A garantia [ao consumidor] é que nosso sistema é forte. Estão sob suspeição, mas não posso simplesmente acabar com o nosso sistema produtivo por uma suspeição. Nos documentos sobre porque estão sob suspeita, nenhum deles está na lista por adulteração de produtos", disse. "São problemas de relacionamento de fiscais com donos de frigoríficos, não dá pra dizer que a suspeição é sobre a qualidade de produtos".

Para o ministro, no caso do mercado externo o governo corre contra o tempo para evitar perder mercados duramente conquistados.

"No mercado interno a gente tem mais controle para proteção dos nossos consumidores. Mas no mercado externo temos que correr porque não podemos permitir o fechamento de mercados, ou para reabrir serão muitos anos de trabalho", afirmou o ministro. "Nossa preocupação é não deixar sem resposta todos os pedidos".

Confira a lista dos frigoríficos com licença suspensa
1. Frigorífico Oregon S/A - Apucarana (PR)
2. Frango D M Indústria e Comercio de Alimentos Ltda.- Arapongas (PR)
3. Seara Alimentos Ltda.- Lapa (PR)
4. Peccin Agro Industrial Ltda. – EPP - Jaraguá do Sul (SC)
5. BRF S/A -Mineiros (GO)
6. Frigorífico Argus Ltda.- São José dos Pinhais (PR)
7. Frigomax Frigorífico e Comércio de Carnes Ltda. - Arapongas (PR)
8. Indústria e Comercio de Carnes Frigosantos Ltda.- Campo Magro (PR)
9. Peccin Agro Industrial Ltda.- Curitiba (PR)
10. JJZ Alimentos S. A.- Goianira (GO)
11. Balsa Comércio de Alimentos EIRELI – ME - Balsa Nova (PR)
12. Madero Indústria e Comercios S. A. - Ponta Grossa (PR)
13. Frigorífico Rainha da Paz Ltda. – ME- Ibiporã (PR)
14. Indústria de Laticínios S. S. P. M. A. Ltda.- Sapopemba (PR)
15. Breyer & CIA Ltda.- União da Vitória (PR)
16. Frigorífico Larissa Ltda. -Iporã (PR)
17. Central de Carnes Paranaense Ltda. – ME -Colombo (PR)
18. Frigorífico Souza Ramos Ltda.- Colombo (PR)
19. E. H. Constantino & Constantino Ltda. -Londrina (PR)
20. Fábrica de Farinhas de Carne Castro Ltda.- Castro (PR)
21. Transmeat Logística, Transportes e Serviços Ltda. -Balsa Nova (PR)
Fonte: Folha de São Paulo - 20/03/2017  

terça-feira, 21 de março de 2017

Cuba vai finalmente entrar na era da internet?

Não importa o quanto você diga para quem viaja a Cuba que ele ou ela ficará offline durante sua estadia - eles costumam não acreditar até a chegada em Havana.

Quando chegam, descobrem que seus iPads e smartphones de repente só servem para tirar fotos e que estas, para seu desalento, não podem ser compartilhadas imediatamente em suas contas no Instagram ou no Facebook.

Tanto os millennials obcecados pelo Snapchat quanto os workaholics viciados em e-mail olham descrentes para os celulares, à espera do familiar sinal 4G, enquanto percebem que passarão por um detox digital forçado.

Por outro lado, muitos dos que viajam a Cuba apreciam a oportunidade de se desconectar.
Mas o que para um turista não passa de uma inconveniência temporária é, na verdade, uma realidade diferente para os cubanos.

ALGO DISTANTE
Por anos, a sensação de quem estava na ilha era que a internet era algo acontecendo em outro lugar, com outras pessoas.

Recentemente, porém, ficou mais fácil, e barato, ficar online em Cuba. Existem agora mais de 240 pontos de wi-fi públicos espalhados pelo país, e o preço por uma hora de acesso a internet - embora ainda seja caro para os padrões internacionais - caiu pela metade, para algo equivalente a R$ 4,70.

Agora, tornou-se comum ver pessoas sentadas com seus laptops ou seus celulares em praças e parques públicos, conversando com suas famílias no exterior por vídeo.
Na iniciativa mais recente, a estatal de telecomunicações do país, a Etecsa, instalou conexões em cerca de 2 mil casas no antigo bairro colonial Havana Velha, como parte de um programa piloto de dois meses de duração.

PREÇOS PROIBITIVOS
A conexão é gratuita durante o período de piloto, mas espera-se que o governo publique os preços do serviço quando o programa for concluído, para que usuários decidam se querem mantê-lo ou viver sem ele.

O valor ainda não foi confirmado, mas a expectativa é que deverá custar cerca de R$ 46 por 30 horas de conexão na velocidade mais baixa, de 128 kilobits por segundo, e até R$ 344 para a velocidade mais rápida, de 2 megabits por segundo.

Como o salário médio em Cuba a cerca de R$ 78 por mês, os preços deverão ser proibitivos para muitos cubanos.
Um dia, porém, essas necessidades podem mudar, de acordo com o jovem blogueiro Ariel Montenegro.
"A transformação digital de um país não é só dar internet às pessoas, mas levar a elas serviços na internet, serviços cubanos", explica ele em um ponto de acesso a wi-fi público em Vedado, bairro de Havana.

A POSIÇÃO DO GOVERNO CUBANO SOBRE A INTERNET, PORÉM, É AMBIVALENTE.
Ele culpa o embargo econômico dos EUA pela falta de tecnologia da informação em Cuba, argumentando que muitas das grandes empresas de TI ao redor do mundo temem entrar em conflito com as rígidas regras elaboradas por Washington para fazer comércio no país.

Desde que as relações bilaterais entre os países começaram a desgelar em 2014, esse ponto tem sido mais difícil de alegar, claro.

No ano passado, o Google chegou a um acordo com a Etecsa sobre armazenamento de conteúdo online de sites como YouTube e Gmail em servidores dentro de Cuba para melhorar o acesso local. Executivos da empresa estão, inclusive, interessados em fornecer mais produtos para a ilha. No entanto, ainda existe desconfiança das autoridades com o acesso sem restrições à internet. Fonte: BBC Brasil – sábado, 4 de março de 2017

segunda-feira, 20 de março de 2017

Operação carne fraca

Além da corrupção de agentes públicos ligados ao Ministério da Agricultura, a "Operação Carne Fraca" deflagrada na sexta-feira (17) também verificou irregularidades feitas por empresas para adulterar alimentos. Entre elas, estava a utilização de carnes estragadas na composição de salsichas e linguiças.

A operação, com foco na venda ilegal de carnes por frigoríficos, deverá cumprir 38 mandados de prisão. Cerca de 1.100 agentes da Polícia Federal participam das ações.

A operação visa desarticular uma organização criminosa liderada por fiscais agropecuários federais do Ministério da Agricultura e empresários do agronegócio. "Os agentes públicos, utilizando-se do poder fiscalizatório do cargo, mediante pagamento de propina, atuavam para facilitar a produção de alimentos adulterados, emitindo certificados sanitários sem qualquer fiscalização efetiva", diz a PF.

Entre as empresas investigadas estão a JBS (maior processadora de carne bovina do mundo), a BRF Foods (que surgiu da fusão da Sadia com a Perdigão) e Seara.
Em nota, a JBS negou irregularidades na produção e venda de carnes. Também em nota, a BRF diz que está colaborando com as autoridades e que cumpre as normas e regulamentos referentes à produção e comercialização de seus produtos.

CARNE COM ADITIVOS ELEVADOS
Segundo as investigações, a Peccin Agro Industrial, por exemplo, "maquiava" os produtos com ácido ascórbico, substância popularmente conhecida como vitamina C, mas que pode ser cancerígena quando consumida em excesso.
O delegado da Polícia Federal Maurício Moscardi Grillo disse que algumas das empresas investigadas usavam ácido e outros elementos químicos muito acima do permitido por lei para maquiar o aspecto físico de alimento vencidos e estragados. "Alguns são cancerígenos e usados para poder maquiar a característica física", afirmou.
Além disso, a Peccin utilizava notas fiscais falsas de produtos com SIF (Serviço de Inspeção Federal) para a compra de carne estragada. Um laboratório responsável por analisar as amostras de produtos alimentícios também estaria envolvido na fraude.

FRAUDE EM MERENDA ESCOLAR
De acordo com os investigadores, o frigorífico Souza Ramos estaria envolvido num esquema de fraude, junto a outras duas empresas, no fornecimento de merenda escolar no Estado do Paraná.
Os produtos oferecidos estariam em desacordo com as exigências contratuais, como salsichas contendo carne de frango quando deveriam ser compostas por carne de peru. O caso está já estava sendo investigado e resultou na suspensão da entrega da merenda escolar e na abertura de um processo administrativo.

CARNE ESTRAGADA
Outra empresa que teria vendido carne estragada é o frigorífico Larissa. De acordo com as investigações, a companhia também seria responsável por emitir notas fiscais falsas e transportar produtos fora da temperatura adequada.

JUIZ DIZ QUE PRÁTICA É MODUS OPERANDI
Referindo-se ao grupo criminoso composto por proprietários e representantes de frigoríficos, "incluindo grandes da indústria de alimentos, como Seara e BRF", o juiz federal Marcos Josegrei da Silva, 14ª Vara da Justiça Federal de Curitiba, afirmou que todos eles "têm como modus operandi a prática de irregularidades nas empresas nas quais trabalham".

"Algumas que foram observadas ao longo do tempo de investigação, com certas variações entre os envolvidos (nem todos cometem todas as irregularidades adiante): reembalagem de produtos vencidos; excesso de água; inobservância da temperatura adequada das câmaras frigoríficas; assinaturas de certificados para exportação fora da sede da empresa e do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), sem checagem in loco; venda de carne imprópria para o consumo humano; uso de produtos cancerígenos em doses altas para ocultar as características que impediriam o consumo pelo consumidor", resumiu. Fonte: UOL 17/03/2017