Você sabia que seu cabelo pode contar se você consumiu
maconha nos últimos meses? Pois é, se o fio for comprido o suficiente dá para
descobrir até se você fumou a droga no ano passado.
Raspou o cabelo? Sem problemas, as unhas, pelos e até o
tártaro no seu dente guardam indícios que podem confirmar o uso. A droga sai do
organismo com o tempo, mas alguns resquícios ficam no corpo e exames podem
encontrá-los.
"Fatores como a quantidade, o grau de pureza e o teor
ativo da droga influenciam os exames, tanto quanto o peso, a gordura e as
atividades hepática e renal, que aceleram a eliminação. Mas sempre há como
saber se houve uso ou não", afirma Fábio Alonso, farmacêutico toxicologista
e diretor do laboratório Contraprova, no Rio de Janeiro.
Os testes buscam pelo THC, princípio ativo da maconha, e
pelo THC-COOH, que é o composto metabolizado, que prova que a substância foi
realmente ingerida, passou pelo fígado e se transformou. Isso evita que alguém
que esteve em uma festa onde pessoas fumaram maconha, mas não fez uso, seja
erroneamente apontada como usuário.
ABRA A BOCA, POR FAVOR
Com a saliva é possível detectar se houve uso de maconha nas
últimas horas e no máximo no dia anterior. "O teste é usado quando
precisamos saber se naquele instante a pessoa está influenciada pela
droga", explica Maristela Andraus, diretora do ChromaTox laboratórios, em
São Paulo.
O exame é confiável e lembra um teste de gravidez: uma fita
é molhada na saliva e, dependendo da cor que aparece, é possível saber se houve consumo ou não.
"Depois desta triagem, confirmamos o resultado no laboratório com
equipamentos mais potentes", diz Andraus.
O teste é aplicado em momentos decisivos, como após um
acidente de carro ou antes de um piloto que parece drogado pilotar um avião. E
não adianta escovar os dentes ou passar enxaguante bucal, a substância
psicoativa continuará na saliva.
SE EXERCITOU? O SUOR VIRA PROVA
O suor também contém substâncias que entregam o uso de
maconha. "O teste determina o uso em curtíssimo prazo, se for feito em até
12 horas depois", afirma Alonso. Ele explica que o exame tem pouca
aplicabilidade, já que o suor é difícil de coletar e que no Brasil ainda não
existem laboratórios que analisem essa matriz.
A DROGA APARECE NO XIXI
Andraus diz que na urina é possível detectar o consumo até
três dias depois do consumo, em média. O exame é bastante eficaz e preciso e é
bem avaliado pelos laboratórios por ser um método não invasivo que garante uma grande
quantidade de amostrar e que pode ser congelado e conservado.
OBVIAMENTE, TAMBÉM ESTÁ NO SANGUE
O exame de sangue
detecta a maconha na janela de até 15 dias, segundo Alonso. O exame é confiável
e pode ser requisitado depois de um teste rápido, como o de saliva.
O farmacêutico afirma que o THC, princípio ativo da maconha,
tem afinidade pelo tecido adiposo e a gordura vira um "depósito". Com
o tempo, o THC se desprende e é liberado na corrente sanguínea. "É muito
comum quando testamos pacientes em reabilitação que a pessoa dê positivo por
até 20 dias, mesmo sem ter usado recentemente. É o corpo eliminando a
substância", diz Alonso.
O CABELO É UMA LINHA DO TEMPO
Quando a maconha entra no seu corpo ela fica na corrente
sanguínea e ao passar pela raiz do cabelo deixa ali depositado o THC. Conforme
o fio cresce, ele leva consigo pedacinhos da substância. "Depois de uns
cinco dias de ter fumado, a maconha começa a aparecer no cabelo. Avaliamos que
cada um centímetro do fio equivale a um mês de vida e conseguimos saber como
foi consumo no período", diz Andraus.
O último mês é o mais próximo do couro cabeludo e se o
cabelo for longo é possível analisar anos. Quanto maior a concentração de THC,
mais constante era o uso. Passar shampoo não muda nada, pois as substâncias
estão dentro do cabelo e não na superfície. "O que pode afetar, mas não é
certo, é clarear o cabelo, pois o procedimento mexe na estrutura do
cabelo".
Se o cabelo tiver menos de um centímetro ou se tiver passado
a máquina zero, os laboratórios testam em pelos, que funcionam da mesma forma.
UNHAS? DENTE? TÁRTARO?
Já deu para perceber que ao fumar maconha a substância não
deixa o corpo tão fácil assim, mas não paramos por ai. As unhas também
armazenam o THC, já que são tecidos queratinizados como os cabelos. Se a pessoa
não cortar as unhas, todo o histórico de uso de maconha pode ser descoberto na
unha.
"Existem muitos métodos novos sendo estudados.
Confirmar o uso pelo dente ainda é novidade. Mas fui num congresso recentemente
onde provavam o uso de maconha ao analisar o tártaro, uma vez que ele fica
embebido na saliva e fica impregnando pelo THC", diz Andraus. Fonte: UOL, em São Paulo 04/11/2016
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