Aeroporto. Estou sentado junto à porta de embarque, ainda
encerrada. O voo será daqui a 45 minutos. Mas, à minha frente, os passageiros
já estão em pé e começam a formar fila quilométrica para entrar. Mistério.
Eu entenderia esta extravagância se, por hipótese, voos
lotados deixassem metade dos passageiros em terra. Ou essa metade tivesse que
ir no porão.
Se assim fosse, eu próprio passaria a noite no aeroporto
para evitar o suplício. Ou subornaria alguém só para conseguir um lugar, como
acontece nos ônibus do Quênia ou nas viagens de trem pela Índia.
Mas como explicar esta paixão dos seres humanos por filas
idiotas quando os lugares já estão reservados? Será que eles pensam que existe
sempre a possibilidade do avião fugir antes da hora?
Conclusão: deixo todo mundo entrar e depois, vagarosamente,
levanto-me e entro eu.
Claro que, sendo o último a entrar, existem sérias hipóteses
de não ter espaço para arrumar a bagagem. Mas as aeromoças são sempre
prestáveis, esmagando as malas dos outros com a minha mala retardatária. Agora,
sim, prontos para a decolagem, comandante. Fonte: Folha de São Paulo - 07/10/2013 - João Pereira Coutinho,escritor
português.
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