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sábado, 30 de julho de 2016

Como a Dinamarca virou referência no combate ao desperdício alimentar

Copenhague está assumindo papel pioneiro num movimento que combina duas grandes preferências nacionais: fazer bem ao meio ambiente e poupar dinheiro. Em setembro próximo, o "reino verde" criará um fundo de incentivo a projetos contra o desperdício de alimentos, com uma verba de 5 milhões de coroas dinamarquesas (670 mil euros).

"Comida é amor. Quando jogamos comida fora, estamos jogando fora amor", afirma a ativista Selina Juul, de 36 anos. O trabalho da ONG Stop Wasting Food (Chega de desperdiçar comida), fundada por ela, contribuiu para que a Dinamarca alcançasse um marco histórico: reduzir seu desperdício de alimentos em um terço em relação a 2010.

BATATAS FEIAS E COMBATE AOS "UFOS"
Cada vez mais supermercados do país mantêm "stop food waste areas", onde são vendidos, a preços módicos, gêneros alimentícios cujo prazo de validade está prestes a se esgotar. Ou batatas "feias", mas que ainda servem perfeitamente para fazer uma salada.

E essa é apenas uma entre muitas abordagens eficazes. Com um app, a startup Too Good To Go a ativista antidesperdício Selina Juul é ícone na Dinamarca, mostra para a população o caminho das refeições que antes não poderiam mais ser vendidas. A partir de uma lista de restaurantes e padarias que estão prestes a fechar, os usuários têm a chance de passar pelos locais e, com sorte, sair com um recipiente cheio de alimentos a preços reduzidos.

Mas o combate ao lixo supérfluo começa na própria geladeira. Assim, Juul apela aos cidadãos que evitem os "UFOs" (unidentifiable frozen object: objeto congelado não identificável).
"Um de cada dois dinamarqueses tem um 'UFO' no congelador. Por isso iniciamos uma campanha incentivando os consumidores a, uma vez por mês, comerem os seus 'UFOs'", afirma.

INSTRUMENTO PARA A PAZ MUNDIAL
O fato de o país de 5,7 milhões de habitantes ter mais iniciativas contra o desperdício de gêneros alimentícios do que qualquer outro país europeu se deve, em grande parte, à organização Stop Wasting Food.

Sua fundadora, Selina Juul, já se tornou uma espécie de ícone nacional: em 2016 ela recebeu o Womenomics Influencer Award, dedicado a dinamarquesas cuja atividade no mundo dos negócios é considerada modelo. E foi incluída no Who's Who da Dinamarca e nomeada Dinamarquesa do Ano em 2014.
"Quando o assunto é desperdício de alimentos, todos estão de acordo, sejam ricos ou pobres, de esquerda ou de direita, não importando a cor da pele, nação ou religião. Comida é realmente algo que une os seres humanos." E Juul reforça: "Comida é amor."

Diante do esperado crescimento da população mundial para 9,6 bilhões, até 2050, coloca-se a questão de como alimentar todas essas bocas. A redução do desperdício alimentar é a conclusão lógica.
"Na verdade, lixo não é lixo", lembra Selina Juul. "Reduzi-lo é a chave para a sobrevivência futura da civilização humana." O trabalho dela conta com o apoio da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).

Segundo a agência da ONU, um terço dos alimentos produzidos em todo o planeta ou se estraga ou é jogado fora. Além de um prejuízo equivalente a 850 bilhões de euros, isso também representa 8% das emissões totais de gases responsáveis pelo efeito-estufa, o equivalente a um país de grande porte. A FAO condena esse "excesso numa época em que quase 1 bilhão de pessoas passam fome". Fonte: Deutsche Welle – 26.07.2016

Comentário: Interessante esse app que mostra uma lista de restaurantes e padarias em que os usuários podem comprar alimentos com preços reduzidos. No Brasil em  média é jogado fora 41 mil toneladas de comida por dia.

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