A Venezuela registra hoje a maior inflação do mundo - em
2015, o índice oficial ficou em 180%.
Outros assuntos recorrentes são os cortes de eletricidade e
a falta d´água - que fazem com que muitos venezuelanos não possam lavar a louça
ou tomar banho, algumas vezes por vários dias.
Outro problema é o aumento da criminalidade. Com um a taxa
de 58 homicídios por 100 mil habitantes, hoje a Venezuela só perde para
Honduras no ranking dos países mais violentos do mundo.
FILA: FALTA DE ALIMENTOS.
Mas talvez o que cause mais revolta é mesmo o motivo da
fila: a falta de alimentos.
O problema vem sendo impulsionado por uma combinação de
fatores políticos e estruturais - do alto grau de dependência da Venezuela de
bens importados à queda nos preços do petróleo (cujas vendas geram divisas para
o país pagar por suas importações) e o controle estatal da produção e
distribuição de produtos básicos.
Segundo o presidente Nicolás Maduro, a escassez de alimentos
também é o resultado de uma guerra econômica e política travada contra o
governo por líderes e organizações empresariais de direita. Seja qual for a
explicação, o fato é que milhares de venezuelanos precisam hoje fazer uma
peregrinação diária por vendas e supermercados na esperança de conseguir o maior
número de produtos básicos possível - de leite a arroz, óleo de cozinha e
macarrão.
Além disso, a falta de produtos básicos e a alta dos preços
há algum tempo se tornaram as principais preocupações dos venezuelanos - na
frente, até mesmo, da questão da segurança.
Segundo uma pesquisa realizada em março pelo instituto
Keller e Associados, 90% da população estaria "muito preocupada" com
essas questões.
Para piorar, em alguns casos, a busca por alimentos e
produtos básicos também tem se tornado violenta.
Só nos três primeiros meses deste ano, pelo menos 170 lojas
foram saqueadas em todo o país - uma média de quase 2 saques por dia.
Mas quem está mais alinhado com o governo também sofre com a
escassez de alimentos.
Sem querer se identificar, uma funcionária de um ministério,
de classe média, conta que as privações marcam a rotina de sua família.
"Minha filha está muito magra. Ela não come mais
biscoitos ou doces. Falta leite, remédios. Meus pais não conseguem comprar
comida, são muito velhos. E só o que eu posso fazer é chorar", diz.
E não é difícil entender o porquê nas filas dos
supermercados. "Os venezuelanos estão passando fome - literalmente",
diz Angel Garcia, da consultoria Econometrica, com sede em Caracas.
"Muitas pessoas estão comendo menos de duas refeições por dia, sem
proteína, carne, frango ou feijão. Sua sobrevivência depende de farinha."
COLAPSO
Para um número cada vez maior de analistas, o país está à
beira de um colapso. Isso vem sendo dito há anos, mas há uma diferença agora: a
crise chegou a um nível tal que todos estão sendo afetados pelo problema da
falta de alimentos - independentemente de suas convicções políticas.
Por todos os lados, há mães tentando se adaptar à escassez,
chavistas radicais que não sabem a quem culpar por seus problemas cotidianos,
funcionários públicos sentindo que seu ganha-pão está ameaçado - todos travando
as mesmas lutas diárias para sobreviver. Fonte: BBC Brasil – sábado, 21 de maio
de 2016
Comentário: Como disse Roberto Campos: “Os socialistas sempre souberam chacoalhar as
árvores para apanhar no chão os frutos. O que não sabem é plantá-las…”
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