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terça-feira, 12 de junho de 2012

Sul-coreanos exportam mais produtos tecnológicos do que o Brasilasil

Sul-coreanos exportam mais que o dobro de produtos tecnológicos em relação ao Brasil

Os aumentos nos custos da mão de obra no Japão, na década de 1960, diz Marcos Troyjo, do Ibmec, empurraram muitos empreendimentos para os países que mais tarde formariam o bloco conhecido como tigres asiáticos. Segundo ele, esse processo tornou a indústria sul-coreana especialista em “adaptação criativa”. Com isso, os sul-coreanos têm um percentual de 29% de produtos de alta tecnologia (indústria aeroespacial, computadores, farmacêuticos, instrumentos científicos e maquinário elétrico) nas suas exportações, contra só 11% dos brasileiros.

— Essencialmente, eles começaram fazendo versões mais baratas e muitas vezes mais eficientes de tecnologias existentes, e alcançaram a excelência na exportação de produtos manufaturados. São os maiores exportadores de bens de capital para a China. Uma tonelada de produtos exportados do Brasil para a China tem custo de aproximadamente US$ 60. Já uma tonelada de produtos da Coreia para a China custa US$ 2 mil. Enquanto isso, o Brasil continua com saudade do século XIX, quando era possível ter desenvolvimento sustentado apenas por commodities — explica o especialista.

Após uma fase em que a indústria nascente teve a proteção de incentivos governamentais, diz a economista Mônica de Bolle, começou a ocorrer a transferência de tecnologias, outra deficiência brasileira.

— Isso só aconteceu, um pouco, no Brasil, na indústria automobilística nos anos 1970 — diz ela. — Uma lição importante, que não estamos aprendendo, é que, para ser competitivo, é preciso especializar. O Brasil produz um pouco de tudo.
Produção diversificada, mas com prioridades claras
Segundo ela, é natural que, pelo tamanho do mercado interno brasileiro, haja uma produção mais diversificada, mas é preciso definir prioridades.

— A indústria da Coreia do Sul se desenvolveu a partir de investimento em nichos como partes, eletrônicos, semicondutores para exportação. A indústria automobilística e eletrônica ter se fortalecido internamente foi consequência dessa especialização.
Lembrando a participação expressiva dos chaebol (grandes conglomerados) na economia sul-coreana, Troyjo contesta:

— A presença dos conglomerados multissetoriais é uma das principais características da economia sul-coreana. É outra coisa que eles aprenderam com os japoneses. Qual é o core business (principal ramo) da Samsung? Ela tem 86 áreas de negócios. A Hyundai tem supermercados espalhados pelo país, onde você pode entrar e comprar um frango Hyundai, enquanto aqui nós só os conhecemos como fabricantes de carros.
Segundo os especialistas consultados, o ponto negativo deste tipo de desenvolvimento é o enfraquecimento das pequenas e médias empresas, verificado em ambos os países. Fonte: O Globo - 09/06/12 

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