O conceito de corrupção
Existem no Brasil muitas palavras para caracterizar a corrupção:
cervejinha, molhar a mão, lubrificar, lambileda, mata-bicho, jabaculê, jabá,
capilê, conto-do-paco, conto-do-vigário, jeitinho, mamata, negociata, por fora,
taxa de urgência, propina, rolo, esquema, peita, falcatrua, maracutaia, etc. A
quantidade de palavras disponíveis parece ser maior no Brasil e em países onde
a corrupção é visualizada cotidianamente. Originalmente, a palavra corrupção
provém do latim Corruptione e significa corrompimento, decomposição,
devassidão, depravação, suborno, perversão, peita.
A corrupção, entretanto, dependendo do contexto, nem sempre assume
uma conotação negativa. Ela constitui, por exemplo, a base para o
desenvolvimento da linguagem: a língua portuguesa resultou de um
“corrompimento”, da modificação do latim, cuja variante brasileira é ainda mais
dinâmica e viva (mais corrompida, portanto) do que o português de Portugal. Na
linguagem política contemporânea, no entanto, a corrupção sempre assume uma
conotação negativa, o que, visto numa perspectiva histórica, não foi sempre assim.
Historicamente, a corrupção esteve associada ao conceito de
legalidade, ou seja, corrupto era caracterizados aquele que não seguia as leis
existentes. Mesmo determinados termos extremamente negativos que atualmente são
usados para designar formas de corrupção, como a peita, o nepotismo e o
peculato, não tinham essa conotação até há poucas décadas atrás: a peita estava
instituída como um pacto entre os fidalgos e a plebe nos regimes monárquicos
para garantir o pagamento de tributos do povo aos nobres; o nepotismo era
reconhecido como um princípio de autoridade da Igreja na Idade Média, segundo o
qual os parentes mais próximos do Papa tinham privilégios sociais aceitos pela
sociedade da época; o termo peculato,
originalmente, indica que o gado constituía a base da riqueza de determinados
grupos sociais privilegiados e, posteriormente, a expressão “receber o boi”
passou a ser usada para designar “troca de favores”, pois o gado servia como
uma forma de moeda em certas regiões rurais.
O termo peculato, atualmente utilizado para caracterizar
favorecimento ilícito com o uso de dinheiro público, continua com essa referência
histórica de que para ter acesso a determinados privilégios é necessário um
favor em forma de contrapartida. Fonte: Revista Espaço Acadêmico - setembro de 2006
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